Agricultores atrasam preparativos para safra

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A agricultura está atrasada em até 45 dias para os preparativos da safra de verão, que começa a ser plantada na virada de setembro para outubro. As compras de fertilizantes, defensivos e sementes ainda são incipientes, se comparadas ao mesmo período de anos anteriores. O atraso já preocupa a indústria de insumos, que, apesar de ter travado as vendas por causa das dívidas da safra passada, vê risco de que ocorra um gargalo logístico na entrega de produtos, se houver uma concentração de compras nos próximos 60 dias. A cautela dos agricultores é resultado de uma conjuntura desfavorável para a atividade, que combina baixas cotações das commodities agrícolas no mercado internacional com endividamento elevado dos produtores e preços altos dos insumos, apesar da valorização do real em relação ao dólar.

Previsão - Isso não significa, porém, que a safra a ser colhida em 2006 será menor do que a deste ano, que foi afetada pela seca. Apesar do menor uso de tecnologia, se as condições climáticas forem normais, a perspectiva é de que a produção de grãos atinja 125,5 milhões de toneladas em 2006, com crescimento 9,5% ante a safra deste ano, segundo a MSConsult. Em visitas a cidades do interior do País, o presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas, constatou que os agricultores vão investir o estritamente necessário. A cautela se justifica, afinal a dívida atrasada dos produtores com bancos oficiais chega a R$ 12 bilhões, nas contas da entidade.

Fertilizantes - Um dos termômetros do receio dos agricultores é a venda de fertilizantes. Segundo o diretor da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda), Eduardo Daher, os volumes de adubos entregues ao produtor neste primeiro semestre somam 5,8 milhões de toneladas, 28% abaixo do registrado no mesmo período de 2004, e as vendas estão atrasadas em cerca de 30 dias na comparação com anos normais. A perspectiva inicial, que era de ter um recuo de 5% nos volumes vendidos neste ano comparados com os de 2004, foi ampliada agora para uma queda de 10%, diz o executivo. As maiores retrações nas entregas foram exatamente nas regiões mais afetadas por problemas climáticos na safra passada."No Rio Grande do Sul, que teve a produção prejudicada pela seca, as entregas de adubos no primeiro semestre deste ano estão 44% abaixo de igual período de 2004", conta Daher. (Folha de Londrina)

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