ABASTECIMENTO: Stephanes aponta fatores para a alta dos alimentos

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O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, informou ontem (14/05) que há quatro fatores que determinam o aumento de preço dos alimentos no mercado mundial. A primeira razão é o crescimento da demanda mundial. Ele explicou que, desde o século passado, esta é a primeira vez que há um crescimento mundial contínuo a uma taxa elevada, fenômeno que só havia sido registrado entre os anos de 1970 e 1974, mas o ciclo foi interrompido com a primeira crise do petróleo. ''Há um aumento da demanda mundial por alimentos. O mundo deixou de ser produtor para ser de demanda'', disse o ministro. Ainda sobre este ponto, ele lembrou que para cada quilo de proteína animal, principalmente carne bovina, é preciso sete quilos de proteína vegetal.

Audiência pública - Stephanes participou (na terça-feira) de audiência pública no Senado, cujo tema é a polêmica em torno da redução da oferta mundial de alimentos por causa do aumento da produção de etanol. Conforme o ministro, o segundo ponto em relação ao aumento dos preços dos alimentos é o uso de matéria-prima agrícola para a produção de etanol, competição que não existe no Brasil, segundo o ministro, mas é uma realidade nos Estados Unidos e na Europa. Segundo ele, os norte-americanos destinarão este ano 80 milhões de toneladas de milho para produzir álcool e, no ano que vem, a expectativa é destinação de 120 milhões de toneladas do cereal para produção do biocombustível. ''Esse é um fator secundário, mas também é responsável pelo aumento dos preços dos alimentos'', informou Stephanes, sempre enfatizando que a competição entre grãos e biocombustíveis é uma realidade apenas nos EUA e na Europa.

Expectativa de vida e clima - O terceiro fator, de acordo com Stephanes, é o aumento da expectativa de vida da população mundial. O quarto fator são as mudanças climáticas. O ministro citou o exemplo da Austrália, que é um grande produtor de arroz, mas que deixou de exportar por causa de problemas climáticos. O ministro também reconheceu que o Rio Grande do Sul tem tido problemas climáticos. Segundo ele, sete dos últimos 10 anos foram de baixa produtividade nas lavouras gaúchas, por causa do clima adverso.

Preços - Stephanes reafirmou, ainda, que os preços da maioria dos produtos agrícolas estão ''em um movimento de bastante alta'', com exceção do café e algodão. Segundo ele, esse novo nível de preços dos alimentos ''está ai possivelmente para ficar''. Mesmo assim, ele disse que pode haver recuo nos preços do arroz e do trigo. ''Mas, de qualquer forma, não retornaremos aos antigos níveis de preços'', comentou. Ele acrescentou que a expectativa é de novos impactos em termos de preço dos alimentos entre 2010 e 2012. (Caminhos do Campo - Gazeta do Povo)

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