TRIGO: Mudança de planos área com cereal deve aumentar 9,2%
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O Paraná deve plantar 9,2% mais trigo neste ano, mostra pesquisa realizada junto às cooperativas do estado pelo Caminhos do Campo na última semana. As oito cooperativas consultadas plantaram 45% dos 1,15 mil hectares dedicados à cultura no estado ano passado. E suas lavouras devem crescer de 510 mil para 557 mil hectares nesta safra. Se a tendência for seguida, o trigo cresce de 1,15 para 1,26 milhão de hectares no estado, o maior potencial produtivo da história. Mesmo que a produtividade caia à média dos últimos anos de 2,64 toneladas/ha - no ano passado o estado atingiu 2,82 t/ha conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab) - será possível colher 3,32 milhões de toneladas. São 20 mil a mais que o recorde de 1987/88.
Produtividade - O salto é garantido pela produtividade, que tem aumentado ano após ano - no Paraná, passou de 1,7 para 2,8 t/ha na última década. A área cultivada, na verdade, diminuiu, e o consumo aumentou. Assim, o avanço no Paraná, que é responsável por 53% da produção nacional, deve ajudar a reduzir a dependência externa, mas o país continuará vulnerável. A meta do governo é evitar desabastecimento e reduzir as importações. Diante de previsões de que o cultivo nacional e paranaense poderia inclusive cair, os preços mínimos foram reajustados entre 5% e 15%, para até R$ 555 a tonelada. Além disso, a União vai pagar 70% do seguro e o governo do estado outros 15%. O produtor fica responsável por 15% do custo para assegurar o pagamento dos financiamentos. Os incentivos tentaram levar o campo a uma mudança de planos, que acabou ocorrendo.
Importações - As importações esbarram neste ano na queda da produção na Argentina, que esperava colher 16 milhões de toneladas mas colheu a metade. O país fornece mais de 50% do trigo importando pelo Brasil. Por outro lado, os estoques internacionais cresceram 29% no último ano (para 158 milhões de toneladas), mas não podem ser considerados folgados, uma vez que estão 24% abaixo dos registrados no final da década de 90. Os moinhos já reivindicam suspensão da Tarifa Externa Comum (TEC) de 10% cobrada para compras de fora do Mercosul.
Estímulo - Este cenário estimulou o produtor a ampliar a área do trigo. "O incremento é justificado pelas incertezas do mercado de milho (que tem estoque interno elevado e tendência de queda de preços) e a ‘firmeza' do mercado do trigo", avalia agrônomo Vitor Hugo Zenella, da Cooperativa Agroindustrial Lar, com sede em Medianeira (Oeste). A Lar prevê expansão de 50% nas lavouras de trigo, a maior entre as oito cooperativas consultadas. A ampliação deve ser de 20 mil para 30 mil hectares. A região de Medianeira é tradicional produtora de milho safrinha e, normalmente, planta trigo dentro do sistema de rotação de culturas.
Coamo - A cooperativa que mais produz trigo no estado, a Coamo, com sede em Campo Mourão (Centro-Oeste), prevê aumento na área de trigo de 275 mil para 298 mil hectares (8,4%). Antonio Carlos Ostrowski, da Gerência Técnica, pondera que o número ainda pode ter variação. "Temos seis épocas de plantio dentro da área de ação da Coamo, de março a julho. Há regiões que ainda não definiram sua área, podendo ter algum aumento." O cereal tende a ocupar área da aveia preta, relata. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)