TRANSPORTE: Cooperativas criticam preço do pedágio

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A informação de que o pedágio do Paraná é o mais baixo por quilômetro de rodovia no Brasil - de acordo com dados das concessionárias que operam no estado - não alivia o bolso de quem vai pagar tarifas reajustadas em 4,13% a partir dos próximos dias. Segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), mesmo depois do aumento previsto para dezembro, o preço de R$ 0,074 por quilômetro será menor do que a média dos demais modelos de administração. Mas para a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), por exemplo, o menor preço praticado ainda é mais do que pode suportar a economia paranaense, fortemente calcada na produção agrícola, de mercadorias de pouco valor agregado. Com os valores atuais de tarifa, levar uma carga de milho de Foz do Iguaçu ao Porto de Paranaguá compromete 8,28% do custo de produção.

Custo-benefício não compensa - Para o gerente-técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra, as rodovias de São Paulo e Rio de Janeiro são muito melhores, com preços só um pouco maiores. Ele destaca ainda que as novas concessões em estradas federais, que devem vigorar a partir de 2008, mostram que é possível rodar pagando menos pelo serviço de conservação. "Não somos contra o pedágio, mas o valor é excessivamente elevado. E a relação de custo-benefício não está compensando. Se a situação já está insuportável, vai se complicar ainda mais", aponta. As estimativas da Ocepar apontam que 11% da receita das concessionárias no Paraná vem da circulação de caminhões com soja e milho. No caso desses grãos, o custo fica para quem produz, já que os preços da carga são fixados e não são influenciados pelos gastos com transporte.

Comparação - O presidente da Federação das Transportadoras do Paraná (Fetranspar), Luiz Anselmo Trombini, acredita que o pedágio estadual pode ser um dos mais baixos do país. Porém, compara: em São Paulo, o valor é alto, mas as obras feitas aparecem muito mais; no Rio Grande do Sul, parece mais barato, mas a presença das concessionárias não é tão notada. Para ele, a concessão paranaense estaria numa posição intermediária, com retorno mediano para um desembolso equivalente. Ele reforça que uma tarifa de R$ 1 pode ser cara se não existirem compensações na mesma medida. "Baixar preço e tirar obra não melhora a situação", exemplifica.

Diferencial - Trombini acredita que o grande diferencial do modelo de concessões federais que será implantado a partir do próximo ano é que os trechos permitem menos rotas de fuga. "Com mais gente pagando, a tarifa é menor", lembra. A Fetranspar defende que o ideal seria que as rodovias fossem conservadas com o dinheiro dos impostos, mas acrescenta que "pior do que pagar pedágio é ter estradas ruins". Trombini avalia que as discussões sobre as tarifas precisam ser baseadas em dados técnicos e que deveria se debater a melhor forma de aplicar os recursos arrecadados e como aumentar a base de pagantes.

Defesa - Para o diretor-regional da ABCR, João Chiminazzo Neto, o impasse inerente ao pedágio é o mesmo que acomete qualquer tarifa pública, como transporte público, luz e água. "Quando o valor não sobe é porque o poder público encontrou maneiras de subsidiar. Com o pedágio, que é administrado pela iniciativa privada, isso não acontece", explica. A defesa das concessionárias sobre o comprometimento da economia paranaense com a cobrança é de que estradas ruins também representam custos e prejuízos. O pedido judicial de reajuste já foi protocolado. (Gazeta do Povo)

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