TÉCNICO E ECONÔMICO: Consultor apresenta cenários macroeconômicos

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

Informações sobre os cenários macroeconômicos foram apresentadas aos participantes do Fórum Financeiro e de Mercado 2010, na tarde da última sexta-feira (21/05), no auditório do Sistema Ocepar, em Curitiba. O tema foi abordado por Juan Jensen, da Tendências Consultoria Integrada, empresa que tem como um dos principais sócios o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola. "Tanto Loyola, com o Maílson da Nóbrega, que foi ministro da Fazenda, contribuem imensamente com a elaboração dos nossos cenários", afirmou Jensen no início de sua explanação. Em sua apresentação, ele trouxe dados sobre a conjuntura mundial e traçou ainda um quadro do cenário doméstico com enfoque na atividade econômica brasileira. O consultor falou sobre a situação dos Estados Unidos, Europa e China. "Depois de um ano muito ruim para Estados Unidos, Europa e Japão, os países desenvolvidos vão continuar caminhando lentamente, principalmente no caso europeu. Entre os emergentes, destaque para a China, que, querendo ou não, é o país que está dando sustentação, principalmente para os preços internacionais. Já o Brasil apresentou um desempenho fraco no ano passado e forte nesse ano. E há boas perspectivas no campo das exportações para o país", considerou.

Política fiscal - Na avaliação de Jensen, a política fiscal é um dos grandes problemas para a economia brasileira. "Estamos longe ainda da situação grega, que é resultado de um grande problema fiscal. Mas, se continuarmos no ritmo que estamos nos últimos dois anos, poderemos chegar a ser a próxima Grécia, claro que num prazo de 15 a 20 anos, coisa que nenhum de nós quer, obviamente", afirmou. De acordo com ele, o crescimento industrial deve atingir 11% em 2010/11, que é o mesmo nível de produção que o país já alcançou em 2008, mas o país precisa reduzir a carga tributária e melhorar a infraestrutura para aumentar a competitividade. "Com a carga tributária que o país tem, principalmente em relação ao mercado de trabalho, que possui muitos impostos, fica difícil você competir de fato. Ou seja, reduzir a carga tributária é fundamental para aumentar a competitividade e o segundo ponto é a infraestrurura", afirmou "Um tonelada de soja produzida no interior do Mato Grosso chega ao porto custando o dobro do que saiu da porta da fazenda. É o custo Brasil. Temos como combater isso, melhorando significativamente a nossa infraestrutura. Mas o setor público não tem dinheiro para fazer investimento e também não quer fazer parceria com a iniciativa privada", disse ainda.

 

PAC - Nesse sentido, ele destacou o Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal. "O PAC diagnostica muito bem onde estão os problemas mas está muito longe de resolvê-los porque o programa tem a intenção de elevar o investimento público, que era de 1% do PIB (Produto Interno Bruto), para 1,5% do PIB. Quando a gente precisa sair de uma taxa de investimento de 18% para 23%, ou seja, você precisa fazer um ajuste brutal de contas públicas para gerar mais um, dois ou três pontos de  investimentos ou, além disso, fazer parcerias com o setor privado para, de fato, fazer esses investimentos e reduzir o custo Brasil. A gente acha que essa é a melhor forma de melhorar a competitividade das manufaturas brasileiras e de todo o setor exportador", ressaltou.  

 

Inflação, juros e câmbio - Segundo Jensen, a inflação deve subir um pouco, mas em índice ainda condizente com as metas; os juros estão subindo por conta da piora nas expectativas e o câmbio deve sofrer certa volatilidade devido às eleições, mas depois deve voltar aos patamares de R$ 1,80. O consultor também fez uma análise do cenário político, com foco nos principais candidatos ao cargo de presidente da República, José Serra e Dilma Roussef.

Autogestão - O Fórum prosseguiu com a apresentação do analista econômico e financeiro do Sescoop/PR, Devair Mem, que substituiu o gerente de Desenvolvimento e Autogestão, Gerson Lauermann. Ele fechou a programação do evento abordando o cenário econômico e financeiro das cooperativas agropecuárias paranaenses e apresentando os indicadores de gestão. Antes, o superintendente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, explicou como funciona a gerência de Desenvolvimento e Autogestão, que tem como atribuições prestar assessoria na constituição de novas cooperativas e na organização dos cooperados; fazer o acompanhamento econômico e financeiro das cooperativas; promover capacitação e treinamento, além de realizar trabalhos especiais e consultorias. "Os objetivos da Autogestão são: a assunção da gestão cooperativa pelos cooperados, líderes e dirigentes; ser, efetivamente, um instrumento de melhoria empresarial e agregação dos cooperados na cooperativa e tornar ainda mais transparente a administração da sociedade aos cooperados", afirmou Ricken.

Indicadores - Na seqüência, Devair apresentou os indicadores do cooperativismo paranaense entre os anos de 2001 e 2009 e a evolução ocorrida nesse período em termos de faturamento, número de cooperativas e de cooperados, exportações, impostos recolhidos, investimentos, geração de postos de trabalho, participação no PIB agropecuário do Estado, entre outros itens. Somente em 2009, por exemplo, as cooperativas do Paraná atingiram movimentação econômica de R$ 25 bilhões, apesar da crise financeira mundial iniciada no ano anterior. Devair tratou ainda sobre os ramos que fazem parte do cooperativismo e a representatividade de cada segmento no Estado. Também apresentou dados do ramo agropecuário; mostrou como o setor faz a distribuição da riqueza gerada e fez um comparativo entre as cooperativas e demais empresas mercantis. Devair ressaltou ainda a importância da parceria das instituições financeiras com o cooperativismo paranaense, com o objetivo de fortalecer o desenvolvimento do setor. Representantes de bancos públicos e privados também participaram do evento na segunda parte da programação.

Fórum - O Fórum Financeiro e de Mercado 2010 foi promovido pelo Sistema Ocepar, reunido cerca de 70 pessoas, entre diretores, gerentes e analistas da área comercial e financeira das cooperativas do estado do Paraná, além de representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Secretaria de Estado da Agricultura (Seab), Federação da Agricultura do Paraná (Faep), entre outros convidados. Na parte da manhã, o evento contou com a participação do consultor da empresa FCStone, Glauco Monte, que tratou sobre as perspectivas de mercado para a soja e as estratégias de gerenciamento de riscos em commodities agrícolas. Depois, do coordenador geral da área de cereais e culturas anuais da Secretaria de Política Agrícola do Mapa, Silvio Farnese, falou sobre as perspectivas de mercado de milho, diretrizes do Plano Agrícola e Pecuário 2010/11, novas normativas para os leilões de PEP (Prêmio de Escoamento da Produção) e programação de apoio governamental para o milho e trigo.

Conteúdos Relacionados