Stiglitz, Prêmio Nobel, quer nova economia para AL

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Depois do fracasso do Consenso de Washington, a América Latina está diante do desafio de criar novas políticas econômicas que se adaptem às suas necessidades, disse nesta segunda-feira em São Paulo o vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz. "Precisamos de uma nova estrutura que tenha em conta a importância da igualdade social e do emprego, que estabeleça um balanço entre o papel do Governo e o do mercado", disse o americano em uma conferência sobre os caminhos da América Latina após o Consenso de Washington. A conferência é organizada pelo Banco Latino-americano de Exportações (Bladex), multinacional com sede no Panamá e que funciona desde 1979.


Estagnação econômica - Em 1989, o economista americano John Williamson definiu como Consenso de Washington um conjunto de recomendações voltadas para países dispostos a reformar suas economias, com a idéia de que o mundo acreditava que estes passos eram necessários para passar da pobreza para a prosperidade. Entre as recomendações, estavam a disciplina fiscal, a mudança nas prioridades da despesa pública, a reforma tributária, a liberalização comercial e do sistema financeiro, a privatização das empresas estatais e a proteção dos direitos de propriedade. Segundo Stiglitz, o Consenso de Washington levou a maioria dos países da América Latina à estagnação econômica e à deterioração dos indicadores sociais, que muitos Governos passaram por alto.


Conseqüências econômicas
- "Os problemas sociais têm conseqüências econômicas que não podem ser ignoradas", disse o vencedor do Prêmio Nobel. "Não pode haver crescimento econômico com alto desemprego e elevados índices de miséria", ressaltou. O americano disse que, enquanto o crescimento da América Latina entre 1950 e 1980 foi de 6,8%, entre 1994 e 2004 - anos em que o Consenso de Washington teve forte influência nas políticas econômicas de muitos países -, as economias da região cresceram apenas 2,3% em média. Stiglitz lembrou que nesses anos aumentaram o desemprego e o emprego informal na América Latina, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) per capita diminuiu em conseqüência das políticas econômicas neoliberais. "As políticas do Consenso de Washington limitaram o crescimento, e quando houve crescimento, não foi eqüitativo", disse Stiglitz, que entre 1993 e 1995 foi membro do Conselho de Consultores do então presidente americano Bill Clinton, e de 1997 a 2000 foi economista-chefe do Banco Mundial (BM).


Pela educação e tecnologia - Stiglitz criticou principalmente a "acelerada" política de privatizações dos serviços públicos e dos sistemas de segurança, que em muitos países da região causou "conseqüências desastrosas". Para o economista, o Consenso de Washington "acreditou muito na eficiência dos mercados", e os promotores desta política "não entenderam o papel importante dos governos, principalmente nos países em desenvolvimento". "Esqueceram que os Governos podem promover o crescimento através da educação, da tecnologia e da justiça social", acrescentou o economista. Stiglitz concluiu que, após a experiência dos últimos anos, os países da região devem levar em conta fatores como a reforma agrária, as políticas industriais, de competitividade e de distribuição de renda para elaborar suas políticas econômicas. (UOL Economia).

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