SOJA I: Vazio sanitário tem o dobro de autuações

  • Artigos em destaque na home: Nenhum
A partir desta quinta-feira (17/09) a safra de verão 2009/10 está oficialmente aberta no Paraná. É que terminou ontem o Vazio Sanitário, período de 90 dias em que não é permitida a presença de soja no campo. Nos dois primeiros meses de vigência da medida, o De­­partamento de Fis­ca­lização e Defesa Agropecuária (Defis) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abaste­ cimento (Seab) encontrou plantas vivas em uma área de 4.720 hectares e fez 137 noticicações. Entre 15 de julho e 15 de agosto, os fiscais dos 20 núcleos regionais da Seab fizeram 54 autuações, em um total de 1.515 hectares.

Primeiro ano - Em 2008, primeiro ano de vigência do vazio sanitário no Paraná a Seab registrou neste mesmo perído 76 notificações e 23 autuações. Os números maiores que no ano passado não indicam, contudo, que o produtor deixou de fazer a sua parte, afirma a engenheira agrônoma do Defis, Maria Celeste Marcondes. Ela relata que não foram encontradas lavouras comerciais durante o trabalho de fiscalização e que maior parte dos casos de autuação ocorreu em áreas de soja guaxa, germinada voluntariamente no pós-colheita, principalmente à margem de ferrovias e rodovias. "Os produtores colaboraram e certamente atingiremos o objetivo que é o de retardar a incidência de focos da ferrugem asiática para a próxima safra", afirmou.

Estratégia adicional - O vazio sanitário é adotado em nove estados brasileiros como uma estratégia adicional no manejo da ferrugem asiática da soja. O objetivo da prática é reduzir a quantidade de esporos do fungo Phakopsora pachyrhizi no ambiente e, dessa forma, inibir o ataque precoce da doença durante a safra. Implantada em 2006 em Mato Grosso e em Goiás, a medida foi adotada nos anos seguintes por Mato Grosso do Sul, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Bahia e Paraná. A regra geral para todas as regiões é a proibição de cultivo da soja no período estabelecido, mas o calendário varia conforme o estado. Mato Grosso e Paraná encerram ontem a campanha.

Balanço - A Seab ainda está computando os dados referentes as fiscalizações feitas entre 15 de agosto e 15 de setembro, último mês de vigência da campanha. O balanço final será divulgado pela secretaria nas próximas semanas. No segundo ano de vazio sanitário no Paraná, a soja de entressafra ocupou extensão 25% maior que a de 2008. Conforme o Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, o plantio de 58,78 mil hectares rendeu 84,50 mil toneladas de soja na safrinha de 2009. No ano passado foram colhidas 77,6 mil toneladas em 47,2 mil hectares.

Safra de verão - Com o término do período do vazio sanitário, o plantio da soja de verão está liberado no estado e deve crescer 7% em relação ao ano anterior. Conforme levantamento do Deral, os produtores paranaenses devem destinar à oleaginosa 4,28 milhões de hectares no ciclo 2009/10, para um potencial produtivo de 13,01 milhões de toneladas. Confirmado, o resultado será 39% maior que o da safra passada, que foi frustrada pela estiagem e rendeu 9,37 milhões de toneladas. Já o milho terá o plantio reduzido em 20%, para pouco mais de um milhão de hectares, de acordo com o Deral. Até o início da semana, 13% da área prevista já havia sido semeada. Apesar da área menor, com clima favorável a produção pode ser 8% maior, de até 7,1 milhões de toneladas. No ano passado, prejudicada pela seca, a safra de verão paranaense somou apenas 6,56 milhões de toneladas.

Embrapa retoma sistema de alerta - O Consórcio Antiferrugem, coordenado pela Embrapa Soja, retomou ontem trabalho de monitoramento da doença. O objetivo é mapear as localidades que registram ocorrêrncias da ferrugem, alertando técnicos e produtores para a presença do fungo. "Os produtores devem ficar atentos, mesmo nos cultivos iniciais, realizando monitoramento a partir dos primeiros estágios de desenvolvimento da planta", alerta a pesquisadora Cláudia Godoy.

Inverno - Segundo ela, no inverno de 2009, o excesso de chuvas favoreceu o desenvolvimento da soja voluntária e os focos de ferrugem nas regiões Sul e Centro-Oeste do país. "Isso ressalta a importância de fazer o monitoramento das lavouras, mesmo nas semeaduras inciais, para que o controle seja feito na hora certa e se evite reduções de produtividade", alerta.

Ciclo passado - Ao longo do ciclo passado, o Consórcio identificou no Brasil 2.884 focos da doença, número 37% maior que o registrado na safra anterior. No Paraná, foram 1.582 casos, 52% mais que na temporada 2008/09. Conforme levantamento da Embrapa, o valor investido para o controle químico da doença na safra 2008/2009 foi de R$ 2,8 bilhões, ou US$1,5 bilhão, considerando o valor médio de US$ 30 por aplicação/hectare e média nacional de 2,4 aplicações/hectare. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

Conteúdos Relacionados