SETOR SUCROALCOOLEIRO II: Soja torna-se barreira ao avanço da cana

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A forte expansão da cana no país, que avançou nos últimos anos sobre as áreas de pastagens, e que também seduziu produtores de laranja e de algodão, encontra na soja seu mais forte oponente. Com a recuperação dos preços do grão no mercado internacional, depois de três anos de forte crise, boa parte dos produtores de soja não abre mão de sua área para a entrada da cana. Na ponta do lápis, os números comprovam que a briga promete ser boa entre as duas culturas, uma vez que a rentabilidade da soja está bem maior do que a da cana. Levantamento da consultoria MB Associados mostra que o lucro líquido da soja no Paraná está em R$ 582 por hectare. No Mato Grosso, R$ 185. A maior rentabilidade no Paraná reflete os custos mais baixos com insumos e logística privilegiada. Já o lucro com a cana fica em R$ 78 (média centro-sul).

Plantio - Com o boom do etanol, pequenos produtores acabaram cedendo suas áreas de grãos para cana. Mas a "rixa" entre as duas culturas impede o avanço da cana em tradicionais áreas de grãos. Em Rio Verde (GO), por exemplo, a prefeitura impôs restrição à expansão dos canaviais para evitar a monocultura. O Estado não fomenta a expansão da cana em áreas de grãos, segundo a Seagro (Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás). Em Dourados (MS), a cana só pode ocupar até 30% da área agrícola da região. "Há um preconceito de que a cana também provoca êxodo rural, uma vez que o produtor de grãos arrenda sua terra e migra para cidade", afirma José Carlos Hausknesht, analista da MB.

Produtor - Tradicional produtor de soja e milho em Campo Mourão (PR), Milton Munhoz, engrossa o coro para barrar a cana. "Tive dificuldade em arrendar terra para soja. Só consegui fechar negócio no município de Tapira", diz. Segundo Munhoz, o produtor de grãos do Paraná já vê a cana cercando a produção de grãos no Estado. "Desde 2004, a cana se expandiu em muitos Estados onde os produtores estavam em dificuldades devido à crise com a soja. Tudo leva a crer que o setor canavieiro vai encontrar limitações para se expandir, principalmente porque agora a cana rende menos que a soja", diz Fabio Turquino, analista da FNP. Hoje a cana ocupa 6 milhões de hectares e a soja, 20 milhões.

Opinião - No Paraná, observa Disonei Zampieri, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura, a disputa por terras ficará concentrada nas regiões norte e noroeste do Estado. "Nessas regiões há uma competição por áreas que são de pastagem, feijão e mandioca", diz. Segundo ele, a região também será disputada para plantio de soja e milho (Valor Econômico)

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