REUNIÃO DO G8: Alta do petróleo e crise dos alimentos é tema das discussões

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A alta dos preços internacionais do petróleo e dos alimentos consumirá, entre hoje (7/07) e quarta-feira, boa parte da agenda dos líderes do grupo dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia, o G-8. A reunião de cúpula anual do G-8, desta vez realizado em um resort na ilha de Hokkaido, no Norte do Japão, oficialmente será dedicada às questões climáticas - aquecimento global e definição de metas de redução de emissão de gases do efeito estufa até o fim do ano que vem (tarefa deixada pelos membros das Nações Unidas em dezembro passado, em Bali), para que possam ser aplicadas a partir de 2012.

 

Expectativas - A fome, entretanto, falará mais alto. A resposta do G-8 para as conseqüências imediatas e visíveis do aumento dos preços internacionais dos alimentos deverá mais uma vez ser paliativa - a ajuda alimentar dos países ricos aos pobres. Não há expectativas de que sejam adotadas medidas efetivas para reduzir a especulação nos mercados futuros agrícolas e de petróleo, como regras de controle sobre os capitais voláteis ou eliminar os subsídios discursivos concedidos pelas maiores economias do mundo a seus produtores rurais. A pressão dos países mais vulneráveis e dos organismos financeiros igualmente está posta na solução de curto prazo da ajuda alimentar.

 

Desnutrição - O Banco de Desenvolvimento Asiático (ADB, na sigla em inglês) alertou na semana passada que 1 bilhão de asiáticos gastam pelo menos 60% de seus salários com comida, e serão alvo de desnutrição por causa do aumento dos preços dos alimentos. A instituição planeja abrir uma linha de US$ 1 bilhão para financiar programas de reforma no setor agrícola este ano, dos quais US$ 500 milhões seriam desembolsados imediatamente para socorrer produtores mais pobres. A cifra deve dobrar em 2009. O Banco Mundial (Bird) deve destinar US$ 10 bilhões para programas para reduzir a fome e os custos de sementes e fertilizantes para produtores dos países mais pobres.

 

Medo da inflação - Além do plano emergencial, a alta dos preços internacionais do petróleo e dos alimentos tende a emergir nas discussões do G-8 pelo seu aspecto mais devastador para a economia e o bem-estar das sociedades - a inflação. Segundo o jornal britânico Financial Times, o presidente do ADB, Haruhiko Kuroda, advertiu que vários países asiáticos enfrentam o dilema de dosar a política monetária, de forma a controlar a inflação sem provocar excessiva redução da atividade econômica. Os índices de inflação em um ano, completou Kuroda, atingiram 7,7% na China, 7,8% na Índia, 8,9% na Tailândia e 27% no Vietnã. O primeiro clamor contra a alta dos preços dos alimentos e do risco de fome nos países mais pobres virá da África. O Japão, que preside o G-8 neste ano, convidou sete países africanos - África do Sul, Argélia, Senegal, Gana, Tanzânia, Nigéria e Etiópia - e a União Africana para uma reunião logo após a abertura do encontro anual, hoje. As conversas serão acompanhadas pelo presidente do Bird, Robert Zoellick, pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, e pelo presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso.

 

Receitas para o controle - A discussão sobre o receituário mais adequado de combate à inflação deverá alcançar temperaturas altas na quarta-feira, o último dia da cúpula de Hokkaido. Para esse momento, serão convidados os líderes do G-5 (África do Sul, Brasil, China, Índia e México) e as chamadas grandes economias da Ásia e Oceania, que igualmente são vizinhos estratégicos para o Japão - a Austrália, a Coréia do Sul e a Indonésia. Todos esses países vivem, nos últimos meses, a escalada inflacionária e o combatem com diferentes instrumentos de política econômica. O México optou pelo controle de preços, enquanto o Brasil manteve o ajuste por meio da taxa básica de juros. (O Estado de S. Paulo).

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