RELATÓRIO PARANÁ: COOPERATIVAS FAZEM A DIFERENÇA

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As 194 cooperativas agrícolas do Paraná fecharam 2001 com faturamento de R$ 7,8 bilhões, o que representa R$ 1 bilhão a mais que o registrado no ano anterior. Quatro fatores, segundo José Roberto Ricken, diretor executivo do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), contribuíram para esse resultado. Em primeiro lugar, a posição favorável do dólar, 'que abriu mercado e atraiu maior volume de investimento'; depois, o restabelecimento da paridade do ICMS principalmente com o estado de São Paulo, 'permitindo às empresas paranaenses competirem em igualdade de condições'.

Também foram listados por Ricken a conquista do certificado de sanidade animal (o Paraná é área livre da febre aftosa e peste suína clássica) e o equacionamento da dívida agrícola, com o alongamento do prazo para até 25 anos. 'As dívidas acumuladas pelos produtores junto às cooperativas inviabilizavam a produção', afirma o diretor do Ocepar.

Para os próximos três anos há planos de investir R$ 450 milhões, basicamente em infra-estrutura e agroindustrialização, segundo Ricken. Cerca de R$ 180 milhões do total a ser investido serão direcionados para o setor de carnes (suínos e aves).

A soja em grão ainda lidera as exportações do setor, com 4 milhões de toneladas e receita FOB de US$ 669,2 milhões em 2001. O milho em grão também teve bom desempenho, com o mesmo volume exportado e receita de US$ 361 milhões. Ainda no ano passado, foram exportadas 209 mil toneladas de carne de frango não cortada (US$ 180,5 milhões) e 11 mil toneladas de partes de frango (US$ 140,7 milhões).

Do total de exportação nacional, a região Sudeste foi responsável por um montante da ordem de US$ 26,52 bilhões (período de janeiro a outubro de 2001), enquanto a região Sul participou com US$ 12,56 bilhões, o que representou 25,44%. No conjunto das exportações do País, a participação do Paraná cresceu de 7,96% para 9,19% nos primeiros 10 meses de 2001.

De acordo com a Secretaria Nacional de Comércio Exterior (Secex), esse resultado é conseqüência do aumento de US$ 3,6 bilhões para US$ 4,5 bilhões nas vendas externas do Paraná - isso representou um crescimento de 23,85%, ante a média nacional de 7,26%. As exportações de soja em grão, farelo de soja, automóveis, milho, carne de frango e óleo de soja apresentaram uma variação percentual positiva de 23,85%. Mas, do total exportado, 62% vieram do agronegócio, o que mantém o setor em evidência na economia estadual.

Tais resultados colocam o Paraná entre os quatro maiores exportadores - junto com São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais - e as cooperativas têm papel fundamental nesse desempenho. Segundo a Secex, a Cooperativa Agropecuária Mourãoense (Coamo) , localizada em Campo Mourão (noroeste do estado), além de maior cooperativa agropecuária da América Latina, é a principal exportadora de produtos agrícolas. É também a segunda maior exportadora do estado, ficando atrás apenas da Volkswagen . O cooperativismo agropecuário chega a responder por metade da produção agrícola paranaense e conta com expressiva participação de pequenos e médios produtores. A primeira remessa de milho para o mercado externo foi feita no ano passado, com embarques para os países da União Européia.

Ricken destaca ainda o crescimento das cooperativas de crédito. Elas somam 29 - com 95 mil associados - e estão integradas a um banco cooperativo, o Bansicredi , com atuação no Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Somente no ano passado, movimentaram R$ 400 milhões, correspondendo a 80% de crescimento em relação a 2000, diz Ricken.

Alguns segmentos, porém, atravessam dificuldades. É o caso do leite, cuja redução de preço - 26,5% no período de junho a novembro - estaria prejudicando os negócios dos produtores. A chegada de grandes empresas ao setor também afetou a competitividade dos cooperados. 'Antes o leite representava 90% da produção deles, mas atualmente está em torno de 57%', diz Ricken, que prevê a retomada dos negócios somente com a melhor remuneração dos produtores. (Relatório Paraná, Silvia Simas, especial para Gazeta Mercantil)

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