PROJETO ARENITO PRECISA DE R$ 380 MILHÕES

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Para ter um grande impulso, o Projeto de Desenvolvimento do Noroeste Paranaense (Arenito Caiuá) precisa de um total de R$ 380 milhões para a safra 2001-02, entre investimentos e custeio, segundo estudos elaborados pela Cocamar, Ocepar e Seab, a ser apresentado aos órgão do governo. Desse total, R$ 232 milhões serão utilizados no custeio da safra e outros R$ 148 milhões para investimentos em solos e pastagens, modernização da frota e fruticultura. Esses recursos permitirão a utilização de 460 mil hectares de solos para a agricultura.

Recuperação da região Noroeste - O Projeto Arenito é a forma mais prática de devolver o dinamismo econômico à região Noroeste do Paraná, onde alguns municípios perderam até 80% de sua população por causa da degradação dos solos agrícolas. Foi o que ocorreu com Iporã, que perdeu 48 mil dos 60 mil habitantes. As primeiras tentativas de devolver a produtividade à região, há seis anos, fracassou, pois se baseou em modelo mineiro, onde o solo e o clima eram diferentes do Paraná. Com a entrada do Iapar no projeto, realizando pesquisas para desenvolvimento de práticas culturais adequadas, o projeto passou a ser viável.

Ganha-se 5 vezes mais - A Cocamar também aderiu ao projeto, com apoio financeiro da Zêneca (hoje Syngenta). Depois foi a vez da UEM, através do seu Departamento de Economia e Zootecnia, participar do projeto. Hoje, cinco anos após, os resultados são animadores. "Pode-se comprovar que é possível multiplicar o faturamento bruto anual entre 5 a 8 vezes em relação ao padrão anterior", afirma o agrônomo Antonio Sacoman, coordenador técnico de grãos da Cocamar e do projeto Arenito Caiuá. Para isso utiliza-se de tecnologia para recuperar os solos degradados. Entre março a abril (período que chove muito pouco) se faz a dissecação das pastagens, a sistematização dos solos (aração, proteção contra erosão, correção do solo e aplicação de micro-nutrientes se for o caso) e plantio de aveia. A aveia tem dois objetivos: alimentar os animais durante o inverno e formar a palhada que vai proteger o solo contra a erosão, reduz a temperatura e mantém a umidade, deixando o terreno pronto para o plantio direto das culturas de verão.

Dois processos - A exploração agrícola dos solos do Arenito pode ser feita de duas formas: integração agricultura e pecuária ou arrendamento puro. Na integração há uma parceria entre o pecuarista (dono da terra) e o agricultor (que arrenda a terra). A área arrendada é subdivida, de preferência em quatro partes, e se implanta o projeto agrícola numa parte por ano, permitindo a rotação. Nesse caso não há pagamento de renda, pois o pecuarista ganha com o aumento de peso dos animais no inverno (11 arrobas/hectare/ano), o que permite passar de uma remuneração de R$ 130,00 por hectare/ano para R$ 1.400,00 por hectare/ano. No sistema de arrendamento puro o pecuarista arrrenda a terra por um período mínimo de 5 anos e no sexto ano recebe a pastagem nova. Aqui, no primeiro ano o pagamento da renda é zero; no segundo, 4 sacas de soja/hectare; no 3º ano, idem; no quarto ano, 5 sacas/hectare; no quinto ano, seis sacas/ha. Esse sistema dá ao pecuarista, do primeiro ao 5º ano, renda semelhante ao que vem obtendo com carne em pastagem degradada. "Mas no sexto ano ele recebe a pastagem nova, com produção de 52 arrobas. Ele pula de um faturamenbto de R$ 130,00 ha/ano, para R$ 1.400,00/ha/ano", explica Sacoman.

Evolução positiva - Na safra 99/2000 havia, na região do Arenito, 87 mil hectares plantados com soja; em 2000-01, chegou a 100 mil hectares; na safra 2001-2002, pode chegar a 140 mil hectares de lavoura, prevê a Cocamar. Somando-se todas as culturas (milho, algodão, laranja, amora e outras) prevê-se a utilização de 400 mil hectares. Em 5 a 6 anos espera-se que cerca de 50% da área considerada degradada do Arenito Caiuá (2.300 mil ha) possa ser incorporada ao sistema de agricultura e pecuária.

Custos de sistematização - O custo de correção e sistematização do solo pode variar de R$ 640,00 até 906,00 por hectare, sendo que o custo de produção de lavouras de soja gira ao redor de R$ 500,00/ha; do milho custa R$ 570,00/ha, equivalente aos custos de outras áreas.

Atendendo aos agricultores - Atualmente, mais de 20% da produção de soja recebida pela Cocamar tem origem na região do Arenito Caiuá. Para atender aos agricultores instalados e que estão se instalando nessa região, a cooperativa está abrindo 8 novas unidades. Vai fornecer assistência técnica, insumos e receber a produção. Hoje, 25 técnicos da cooperativa já atuam na região e a Cocamar vai promover sua atualização técnica, através do Iapar. Toda a rede de assistência técnica, pública (Emater) e privada, será beneficiada por esse treinamento.

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