Poupança, caminho da riqueza

Volta e meia a imprensa destaca a recuperação da Saromcredi, de São Roque de Minas, que mudou a vida da pequena comunidade. Na semana passada a cooperativa foi novamente destaque na imprensa. “Uma cooperativa de crédito mudou a vida da população de São Roque de Minas, no interior de Minas Gerais, que em onze anos saiu da falência para a riqueza. Embora produza um dos melhores queijos canastra do mundo - classificação conferida por especialistas franceses -, a cidade quase foi à bancarrota. Mas tudo mudou quando um grupo, até hoje conhecido como"loucos", montou em 1991 uma cooperativa, subverteu o sistema bancário local, levantou a economia da cidade, fazendo-a manter um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) municipal da ordem de 8,74% ao ano, desde 1994, segundo tese de mestrado de Romeu Lima, funcionário do Banco Central”.

Poupança interna - "Aplicamos aqui um dos princípios básicos da teoria econômica: não se produz riqueza sem poupança interna", afirma o presidente da cooperativa de crédito Saromcredi, João Leite. "A cooperativa de crédito criou uma poupança local, cujos recursos foram reinvestidos em financiamento para a produção, isso gerou renda, empregos e no final das contas aconteceu o que todos queremos, uma economia ativa", conclui o presidente da Saromcredi desde que a cooperativa foi criada. Leite acrescenta que, ao contrário do sistema financeiro, concentrador de riquezas, a experiência da Saromcredi é uma prova da possibilidade de pulverizar a riqueza de uma comunidade para o bem comum. A distribuição desses benefícios se reflete no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Em 1991, ele era de 0,674 para São Roque de Minas. Em 2000 passou para 0,766. Com isso, a cidade passou do 249º lugar para o 186º lugar no ranking das cidades. No País, passou da posição 1.816 para 1.426. A cidade tem 6.327 habitantes, a metade associada à cooperativa.

Instituições financeiras das comunidades – No Paraná, o exemplo se repete em dezenas de pequenas comunidades, em 45 das quais não há nenhuma outra instituição financeira instalada além do Sicredi. Hoje, o Sicredi está presente em 228 municípios do Paraná, com mais de 270 postos de atendimento. A instituição financeira colocada em segundo lugar tem instalações em apenas 191 municípios. Conhecidas como “instituições financeiras das comunidades”, as cooperativas têm a preferência dos cidadãos, que as chamam de “nosso banco” ou “banquinho”, apesar de não serem bancos. O quadro seguinte mostra um resumo do crescimento das cooperativas de crédito no Paraná, em 2004, incluindo os três sistemas existentes (Sicredi, Sicoob e Unicred) e as cooperativas independentes. As cooperativas de crédito do Paraná são tema de reportagem da edição de abril da revista Paraná Cooperativo, que circula nesta semana.