Pesquisador aposta na recuperação do preço do café

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Contrariando o posicionamento de muitos cafeicultores, o engenheiro agrônomo Luiz Moricochi, pesqui-sador do Instituto de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, está suge-rindo que ao invés de erradicar lavouras inteiras de café, como vem ocorrendo em todo o País, o agricul-tor deve continuar apostando na cultura. A cotação desfavorável, com o preço em baixa, não deve ser motivo para que o produtor desanime e abandone a atividade, diz Moricochi. De acordo com o pesquisa-dor, a história do mercado mundial mostra que a cotação deve subir a partir de 2003, quando a produção deve estar ajustada ou até menor do que o consumo.

Histórico de mercado - Para justificar sua recomendação, Moricochi faz um breve relato sobre o comportamento da produção e do mercado desde o início da década de 90. O histórico começa em 1992, quando a saca do café estava cotada a US$ 40, período em que existia muito café no mercado. Porém, de 93 a 97, quando a saca chegou a US$ 200, a situação era outra, com a demanda aumentando e a produção diminuindo. Nesse período, o déficit anual na relação produção/consumo no mundo era de 6 a 7 milhões de sacas.

Euforia - Com o preço em alta e a falta do produto no mercado, houve uma euforia, inclusive por conta do aumento do consumo mundial que cresce entre 1,5% e 1,8% ao ano. Muita gente voltou a culti-var ou iniciou na cultura do café, colaborando para a situação registrada nos dias de hoje, onde a oferta maior que o consumo derrubou o preço do produto, que gira em torno de US$ 100 a saca. Estudos apre-sentados em 97, explica Moricochi, já alertavam para a situação de hoje, onde o mercado global está dei-xando a cultura do café por conta cotação em baixa. Na avaliação do pesquisador, essa situação, que teve início em 98, agravou-se ainda mais este ano, quando o mundo deve produzir 120 milhões de sacas, para um consumo de 108 milhões de sacas.

Aposta - Portando, coloca Moricochi, diante desse quadro a tendência do produtor realmente é erradicar o café. Porém, explica o pesquisador, já que o cafeicultor investiu na atividade quando não de-veria (97/98), agora ele precisa fazer de tudo para não sair, já que se vislumbra um bom cenário a partir de 2003. Moricochi fala em resultados positivos apostando na sazonalidade do mercado, que nos últimos 10 anos alternou em bons e maus momentos. Como estamos vivendo um período ruim, com muita oferta e pouca demanda, uma nova faze deve vir pela frente, com a redução da produção mundial e, conseqüen-temente, a recuperação dos preços.

Produção - Entre os maiores produtores de café estão o Brasil, Colômbia e Vietnã. Para se ter uma idéia da redução na oferta, somente o Vietnã deve diminuir a sua produção de 15 milhões de sacas em 2001 para 10 milhões de sacas em 2003. No Brasil, os cafeicultores produziram 28 milhões de sacas em 2001, contra 45 milhões em 2002. Para 2003 esse número ainda é uma incógnita, justamente por conta do temor dos agricultores em continuar apostando no café. Na avaliação do pesquisador paulista, para quem continuar na atividade, existe inclusive a expectativa de compensar perdas do passado.

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