PESQUISA I: Lavouras crescem 58,63% no Paraná em 11 anos

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O Paraná conseguiu ampliar suas lavouras em 58,63% entre 1995 e 2006, apesar da escassez de terras verificada desde a década de 80. Essa é a mudança mais expressiva que os dados preliminares do Censo Agropecuário 2007, divulgados na última sexta-feira (21/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram em relação ao estado.

 

Cana e novas tecnologias - As lavouras temporárias (plantadas todo ano) e as permanentes (de ciclo longo, incluindo a cana) ocupam 8,09 milhões de hectares. Essa área era de 5,10 milhões de hectares, de acordo com o Censo Agropecuário 1996. As razões para o aumento vão da expansão da cana sobre as pastagens - que tiveram área reduzida em 14,11%, para 5,73 milhões de hectares - à adoção de novas tecnologias como o plantio direto na palha, que permitiu o aproveitamento de áreas do Arenito Caiuá (Noroeste), consideradas pobres para a agricultura.

 

Preço - "Estamos no limite, mas o produtor conseguiu ampliar a lavoura aproveitando cada palmo de terra, em função dos bons preços dos produtos agrícolas", disse o coordenador do Censo Agropecuário no Paraná, Jorge Mryczka. Em sua avaliação, a partir de agora, o aumento das áreas dedicadas aos grãos vai depender necessariamente da redução de outras culturas.


Soja e milho - A avaliação é que soja e milho, as principais culturas do estado, ocupem cerca de 5,35 milhões de hectares. Além dos grãos e da cana, culturas como café, laranja, maçã e uva estão em expansão, observa o analista econômico do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra. "Esse aumento não nos surpreende, está dentro da linha da diversificação e segue a mudança do perfil da produção do Paraná. A tendência é crescer e intensificar o aproveitamento das terras", afirma o especialista.

 

 

PR supera médias - A expansão das lavouras paranaenses supera as médias verificadas nas regiões Sul (48,8%) e Sudeste (50%). Os maiores incrementos foram verificados nas regiões Norte (275%) e Nordeste (114,7%). Os dados divulgados confirmam o aumento no número de estabelecimentos agropecuários, que já tinha sido anunciado há três meses. Em âmbito nacional, o crescimento foi de 4,8 milhões para 5,2 milhões (8,33%). O Paraná passou de 369 mil para 373 mil (1%). No entanto, o número de pessoas ocupadas nessas áreas caiu. A redução nacional foi de 8,5% (de 17,9 milhões para 16,4 milhões) e a estadual chegou a 14,77% (de 1,28 milhão para 1,09 milhão).


Equilíbrio - A contradição põe em xeque a avaliação de que o êxodo rural chegou ao fim. "O Paraná quebrou o ciclo da saída do homem do campo e chegou a um certo equilíbrio. Temos menos pessoas trabalhando no campo pela adoção de tecnologias como o plantio direto", avalia o coordenador estadual do Censo. A atividade rural está mais estruturada, mas o aumento do número de estabelecimentos deve-se também a outros fatores, acrescenta Turra. "Muitas propriedades foram divididas no papel para que pudessem ser enquadradas nas linhas de crédito do Pronaf [Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar]."

 

Cooperativismo - De acordo com o secretário da Agricultura, Valter Bianchini, a redução no número de pessoas que se ocupam com a atividade agropecuária revela uma tendência de famílias menores no campo e na cidade. "Esses indicadores mostram a importância de fomento à produtividade das propriedades familiares como a mecanização, agroindustrialização dos produtos e cooperativismo", disse o secretário. Segundo ele, o agricultor familiar se ampara no associativismo para compra de tratores e para a agregação de valor a seus produtos.

 

Produtividade - A redução do contigente populacional no meio rural não impediu o aumento da produtividade que avançou muito em setores expressivos da economia rural. É o caso da bovinocultura leiteira, onde caiu o número de produtores mas eles se profissionalizaram mais. Com isso a produção avançou de 1,35 bilhões de litros produzidos em 1995 para 2,04 bilhões de litros produzidos em 2006.Os dados confirmam o Paraná com mais de 100 mil produtores de leite, que caracteriza a atividade leiteira que está presente na agricultura familiar.

 

Crescimento - O censo aponta ainda indicadores positivos no Paraná na área de matas e florestas. A área de matas no Estado cresceu de 2,79 milhões de hectares ocupados em 1995 para 3,17 milhões de hectares em 2006, um avanço de 380 mil hectares. Já as áreas de pastagens, que ocupavam área total de 6,67 milhões de hectares e estavam presentes em 261.934 propriedades agrícolas, caíram para 5,73 milhões de hectares com presença em 214.793 propriedades agrícolas. Segundo o secretário Bianchini, a queda na área de pastagens para bovinos reflete a diversificação e o avanço da área de cana-de-açúcar em áreas de pastagens degradadas.


Tecnificação - Os dados mostram ainda um decréscimo na utilização de tratores. O número de unidades passou de 121.827 em 1995 para 111.028 mil em 2006. Por outro lado, está crescendo a tecnificação nas propriedades da agricultura familiar, beneficiando as criações de animais de pequeno porte como aves e suínos. Na última década, o Estado desponta como primeiro produtor de aves, cujo plantel aumenta de 94,46 milhões de cabeças em 1996 para 280,64 milhões de cabeças. Na suinocultura, o plantel aumentou quase um milhão de cabeças na década, passando de 4,02 milhões de cabeças para 4,95 milhões de cabeças. (Com informações Gazeta do Povo e Agência Estadual de Notícias)

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