PERSPECTIVA I: Para analistas, campo ajuda país a se reerguer

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A proposta era discutir as "Perspectivas para o Agribusiness em 2009 e 2010", como foi batizado o seminário promovido nesta terça-feira (5/05) pela BM&FBovespa, em São Paulo. Mas o encontro serviu de base para o lançamento de previsões e projeções não apenas do agronegócio, como também sobre como a economia mundial vai se comportar durante o próximo ano-safra. Para os técnicos e analistas presentes no evento, 2009 é página virada, o estrago está consolidado e o crescimento do país e do mundo será próximo de zero ou negativo.

Boa notícia - A boa notícia é que o crédito está de volta, os juros estão caindo e a economia interna começa a dar sinais de aquecimento. Apesar das dificuldades, um cenário otimista, de acordo com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Responsável pela primeira palestra do dia, que reuniu perto de mil pessoas no auditório da Federação do Comércio, Stephanes reconhece que o agronegócio está vulnerável, mas acredita que, além de menos atingido, é o setor que consegue dar respostas mais rápidas às adversidades, sejam elas climáticas ou econômicas. "As projeções no longo prazo são as mesmas. O mundo continua comendo e o Brasil, produzindo", diz o ministro.

Agenda de desafios - Para enfrentar a crise e retomar o crescimento, ele conta que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) trabalha com uma agenda de desafios, que passa pela pesquisa, defesa sanitária, infraestrutura e redução de custos com o barateamento dos fertilizantes, além de questões mais crônicas como o endividamento dos produtores e o Código Florestal. "O grande desafio é fazer com que as decisões tomadas no governo cheguem na ponta." A referência do ministro diz respeito ao acesso às linhas de financiamento oferecidas com crédito oficial.

Mesma linha - A análise de Otávio de Barros, diretor de pesquisas econômicas do Bradesco, segundo banco em liberação de recursos para o agronegócio - atrás do Banco do Brasil -, vai na mesma linha. "Poucos países, e o Brasil é um deles, têm capacidade de sair mais rapidamente da crise", destaca o executivo, para quem o primeiro trimestre de 2009 já teria mostrado uma reação da economia. Para o agronegócio, sua previsão é mais otimista. Ele diz que, enquanto o crédito nominal cresce 12,7% neste ano, o volume ofertado ao setor rural aumenta em 13,8%.

Oportunidades - Barros avalia que há uma fadiga da crise e que o cenário abriu oportunidades aos países emergentes, como o Brasil. "A situação é desafiadora. Agora é que vamos ver quem é quem no comércio mundial. E não vamos pensar que a saída virá dos Estados Unidos, porque aí de nada terá valido a crise", alerta. Por fim, ele defendeu a tese das chamadas "novas locomotivas". Entre elas está a China, principal parceiro comercial do Brasil no mês passado e que continua a crescer em ritmo de 7% ano.

Dólar - Uma surpresa veio com a projeção para o dólar feita pelo executivo, com câmbio de R$ 2 no final do ano e de R$ 1,90 em 2010. O relatório Focus divulgado na última segunda-feira pelo Banco Central aponta que a moeda norte-americana chegará no fim do ano valendo R$ 2,20. Para dezembro de 2010, os analistas consultados pelo BC apostam em uma taxa de R$ 2,25. (Gazeta do Povo)

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