PARANÁ: Estado pode fechar ano com crescimento superior a 3%

Um dos setores que pesou negativamente para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescer apenas 0,2% no primeiro trimestre deste ano foi a agropecuária. No Paraná, ainda não há estimativas para os três primeiros meses do ano, mas a previsão do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) é que o Estado feche 2012 com um PIB superior a 3%. No último boletim Focus a previsão para o PIB brasileiro deste ano era de 2,99%. Em 2011, a estimativa de crescimento do PIB era de 4%, mas o País cresceu 2,7%.

Desempenho da indústria - O diretor de pesquisa do Ipardes, Julio Suzuki, acredita que o desempenho da indústria ao longo do ano pode compensar as perdas da agropecuária que puxaram o PIB para baixo. Segundo ele, o resultado do primeiro trimestre também foi muito influenciado pela indústria. O segmento industrial vem sofrendo com a desaceleração mundial, a competição com os importados e o real que estava sobrevalorizado perante o dólar nos primeiros meses do ano.

Estiagem - Ele destacou que a agropecuária sofreu muito com a estiagem. No Paraná, a agropecuária tem uma participação muito forte no PIB e atinge 7,7% do total. A indústria participa com 28,2% e serviços e comércio com 64%. Suzuki acredita que as medidas que o governo tomou como a redução de juros, a desoneração da produção e a redução do IPI podem surtir efeito e trazer o início de uma retomada econômica, com reflexos no PIB.

Soja - A economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Gilda Bozza, explicou que a soja teve reflexo direto no PIB agropecuário porque tem participação de 20% neste indicador. No Brasil, a perda na safra 2011/2012 de soja foi de 11,7% o que equivale a 8,6 milhões de toneladas. O principal motivo foi a estiagem. No Paraná, a quebra da soja já atingiu 35%, o equivalente a 3,8 milhões de toneladas. No Paraná, cerca de 85% da soja já está comercializada.

Cíclico - Ela prefere não fazer previsões que envolvam números para o PIB agropecuário do segundo trimestre do ano. Gilda acredita que o resultado vai depender do preço da soja, da demanda por produtos e da crise internacional. ''O Paraná já passou por situações como esta na agropecuária em 2007, por exemplo. Isso é cíclico'', afirmou.

Quebra - O superintendente da Ocepar, José Roberto Ricken, lembrou que a previsão do Paraná para a safra de grãos era de 22 milhões de toneladas, mas já houve quebra de 5 milhões de toneladas. Além disso, o Estado plantou uma área 25% menor de trigo, ou 270 mil hectares a menos.

Safra de inverno - O gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra, lembrou que a seca afetou o Sul, o Norte e o Nordeste do País. As culturas mais prejudicadas foram a soja e o arroz. Este último produto teve quebra de safra de 13,8%, o que correspondeu a 1,5 milhão de toneladas de perdas. Ele disse que o resultado do PIB agropecuário de 2012 vai depender muito da safra de inverno.

Incentivos - Ele defende que o governo federal deveria criar incentivos para a agroindústria como a redução tributária. O assessor técnico econômico da Ocepar, Robson Mafioletti, destacou que o setor de carnes utiliza muita mão de obra e poderia receber incentivos como a desoneração da folha de pagamento. (Folha de Londrina)