Paraná espera colher sua maior safra de soja

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Segundo informações do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), o plantio começou na semana passada nas regiões Oeste e Sudoeste, com destaque para Cascavel (5% já plantado), Toledo (12%), Pato Branco e Francisco Beltrão (2% a 3%). Nesta safra, a soja será cultivada em 4,095 milhões de hectares, área 4% maior que no ano passado. Já a produção deve ser a maior da história: 12,45 milhões de toneladas, ou seja, 25,3% a mais do que a safra passada. Desse total, menos de 1% deverá ser de soja transgênica, conforme previsão do governo do Estado.

Cautela - "O que atrapalhou a safra passada foi a estiagem", apontou Norberto Ortigara, economista de previsão de safras e custos do Deral, referindo-se à quebra da produção. A expectativa era fechar a safra 2003/2004 com 11,95 milhões de toneladas de soja colhidas, mas o resultado acabou sendo menor: 9,93 milhões de toneladas. Segundo o economista, nesta safra o produtor deve ficar ainda de olho no cenário econômico, para não ter decepções mais tarde. "O ambiente econômico está muito ruim. Depois de quase três safras com quadro de preços externos positivos e taxa de câmbio razoável, o quadro se inverteu: os preços externos estão em queda, o dólar está desvalorizado e o preço interno, ruim", lamentou. Na safra passada, por exemplo, a saca da soja custava R$ 43,00 em média. Na segunda-feira, a mesma saca era comercializada a R$ 31,84 - queda de 26%. Como se não bastassem as commodities em queda, o preço de insumos também aumentou. De acordo com Ortigara, em um ano o aumento de custos médios - incluindo mão-de-obra, insumos, custos operacionais - foi de 15% a 20% para todas as culturas, dependendo da combinação de insumos.

Crédito - Não bastasse a baixa cotação da soja no mercado internacional e o aumento de custos, o produtor está se deparando com outro revés: o acesso ao crédito. "Embora tenham anunciado o aumento de recursos para financiar a agricultura, o aumento foi de taxas livres de mercado e não de taxas controladas pelo governo", ponderou Ortigara. Em outras palavras, crédito existe, mas a juros de 22% a 23% ao ano - altos, na avaliação de Ortigara. A taxa de juros controlada pelo governo gira entre 8% e 9%.

Boa expectativa - Apesar de todos os contratempos, o economista Norberto Ortigara, do Deral, garante que a soja continua a dar lucro. "A soja tem mais mercado, tem maior liquidez, tem cotação na bolsa, enquanto o milho, por exemplo, depende de achar comprador. Além disso, nas regiões Oeste, Sudoeste e Norte, onde esfria mais tarde, é preferível plantar soja agora e milho em janeiro, fevereiro e março, na safrinha", ponderou.

Em queda - De olho justamente na prosperidade da soja registrada nas últimas safras, muitos produtores vão deixar de cultivar o milho este ano. "O tamanho da área caiu 7,3%. É a menor área dos últimos 30 ou 35 anos", apontou Ortigara, referindo-se a 1,255 milhão de hectares, área que o milho ocupará na safra atual. Até a semana passada, 29% do plantio já havia se concretizado no Paraná, com destaque para a região de Cascavel (95%), Francisco Beltrão (95%), Ponta Grossa (85%), Apucarana (70%). A produção é estimada em 7,06 milhões de toneladas: 7,8% a menos do que a safra passada. A migração de uma cultura para outra faz sentido: a receita da soja é estimada em R$ 1.655,00 por hectare, enquanto do milho, R$ 1,4 mil.Mas não foi só o milho que perdeu espaço. O feijão sofreu redução de 12,3% no tamanho da área. Serão 329,7 mil hectares a serem cultivadas nesta safra, com perspectiva de produção de 458 mil toneladas - 4,7% a menos do que a safra passada. "Em função do preço muito ruim do feijão durante o ano, uma parte preferiu plantar fumo, outra optou pela soja", afirmou Ortigara. Até a semana passada, 28,7% da cultura já havia sido plantada no Paraná. (LS) (Paraná on line)

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