OPINIÃO: MATA CILIAR SIM, RESERVA LEGAL NÃO

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Segundo informação do Laboratório de Inventário Florestal da Universidade Federal do Paraná, o Estado possui quase 21% de cobertura florestal, sendo 17,58% de floresta nativas e o restante de florestas plantadas, principalmente plantios comerciais de pinus e eucalyptus. Tal índice demonstra que o Paraná já possui uma cobertura florestal compatível com o que é requerido pela legislação em termos de reserva legal

 Para quem acha que o Paraná acabou com suas florestas, a informação de que o Estado possui ainda 20,92% de cobertura florestal não deixa de ser surpreendente. Ainda mais levando-se em conta que a origem dessa informação, datada de 2005, é o confiável Laboratório de Inventário Florestal (LIF) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), sediada em Curitiba.

 Desde quando assumiu em 1996, a coordenação desse levantamento, o engenheiro florestal Carlos Roberto Sanquetta se baseia em processamento de dados do satélite Landsat, que mapeia o globo terrestre continuamente, bem como outros satélites, como o sino-brasileiro CBERS e o francês SPOT.

Os números são indiscutíveis. Com área total de 19,971 milhões de hectares, o Estado do Paraná possui 15,946 milhões de hectares de terras agricultáveis (IBGE), das quais 3,509 milhões ocupadas por florestas em vários estágios e 668,7 mil hectares de florestas plantadas.

A informação faz cair por terra o rigor quanto à exigência de que o Paraná precisa ter, no mínimo, 20% de cobertura florestal em forma de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL).

Se o Estado já tem 20,92% de seu território com florestas, não faz sentido exigir, a ferro e fogo, que os produtores averbem mais 20% de suas terras para reserva legal. O prazo final para isto aconteça, inclusive, se esgota no dia 17 de dezembro.

Preservar florestas é uma necessidade e o proprietário rural não se recusa a formar APPs. O que ele não aceita é uma espécie de confisco que se tenta impor, goela abaixo, de destinar mais 20% de terras produtivas para esse fim. Se isto acontecer, o Paraná vai perder mais 4 milhões de hectares que poderiam estar sendo utilizados, como o são atualmente, para a produção de alimentos e movimentar a economia do Estado. 

Sobre a mata ciliar, se confirmada a informação de que o Paraná possui mais de 180 mil quilômetros de rios e riachos, e se forem implantados 30 metros de mata de cada lado das margens, teremos 1,080 milhão de hectares de mata ciliar. Somando isto aos 4,178 milhões de hectares de florestas naturais e plantadas já existentes, chegaremos a 5,258 milhões de hectares, o que corresponde, respectivamente, a 25% do total do território do Estado e a 30% da área agricultável paranaense.

Mais uma informação: em cada mina d'água, a proteção exigida é de 50 metros de raio, o que totaliza 7.850 m² de espaço. E tudo isso, ainda, sem contar a proteção dos canais que levam a água até os rios.

O Estado do Paraná tem mais de 350 mil propriedades rurais. Se considerarmos que 70% delas abriguem ao menos uma mina, teremos um adicional de 200 mil hectares de cobertura vegetal. 

(*)Editorial do Jornal da Cocamar, edição de Julho

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