Nota Oficial do Mapa: \"O Campo Produz Paz\"
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A sociedade brasileira foi surpreendida com declarações de representantes
de movimentos sociais no campo incitando à guerra contra os produtores
rurais. Trata-se de um absurdo inconcebível, um equívoco brutal,
e uma ameaçadora agressão ao Estado de Direito e à Democracia.
Defender uma solução violenta para a questão agrária
é não ter compromisso com o Império da Lei, com a Democracia
e com a Paz.
Tais declarações estão na contramão dos extraordinários
avanços econômicos alcançados pelo campo nos últimos
tempos. A ameaça feita contra os empresários rurais revela total
desconhecimento sobre a verdadeira revolução pacífica vivida
pelo agronegócio brasileiro. Basta ler o relatório divulgado pela
ONU há duas semanas, prevendo que o Brasil deverá ser o maior produtor
agrícola do mundo num prazo de 12 anos.
O agronegócio é o mais importante setor da economia nacional, responde
por 27% do PIB, gerando 37% do total dos empregos no Brasil e garantindo o saldo
da balança comercial: a extraordinária competitividade determinada
pela impressionante modernização do campo produziu um saldo comercial
nos últimos 12 meses superior a 24 bilhões de dólares. É,
na verdade, o setor que mais incorporou tecnologia nos últimos anos: a
área plantada desde 1990 cresceu 14%, enquanto a produção
em toneladas aumentou 107%. E tudo isto foi feito suportando o peso imenso de
ter que garantir a estabilização da economia e o combate à
inflação. Não é por outra razão que foi chamado
de "âncora verde" no Plano Real e, hoje, é considerado
o grande motor da economia.
Pois é este setor, que trabalha dia e noite rasgando a fronteira agrícola,
enfrentando o protecionismo externo dos países ricos, abastecendo o povo
brasileiro, abrindo mercados estrangeiros na base da eficiência e modernidade,
que vem sendo ameaçado por declarações que não podem
ter mais vez no mundo democrático que todos almejamos.
O campo é moderno e competitivo, mas é pacífico e solidário.
Sua guerra é contra a fome e a miséria, produzindo comida, empregos
e excedentes exportáveis que reduzem nossa dependência de dólares
de fora e contribuem para diminuir a vulnerabilidade externa de nossa economia.
O campo quer a Paz, sem o quê perde a confiança para investir e continuar
a ser a grande alavanca do desenvolvimento nacional, gerando poupança para
a promoção de outros setores da economia.
O campo precisa da Paz, até porque qualquer guerra não ficará
restrita a ele: terminará invadindo as cidades.
O campo quer a reforma agrária para promover a justiça social e
compensar os excluídos rurais, vítimas de erros passados, de décadas
de descaso para com o setor. Mas é absolutamente imprescindível
que esta reforma agrária seja feita dentro da legalidade, com o respeito
à Constituição, ao direito de propriedade e à intocabilidade
das terras produtivas.
O Estado de Direito é a única via para o país seguir avançando.
A alternativa a ele é a barbárie. Esta situação não
interessa à Democracia e muito menos ao cidadão comum, que acaba
sendo a grande vítima de uma eventual quebra do Contrato Social.
Não se pode continuar atribuindo atraso ao setor que mais se desenvolveu
no Brasil, pelo esforço hercúleo dos produtores rurais. O discurso
de que o campo é atrasado é muito mais atrasado: estacionou no século
passado, enquanto o setor rural avançou rumo ao terceiro milênio.
Paz no campo é a verdadeira saída para o desenvolvimento equilibrado. Preservá-la é uma garantia para atrair investimentos externos produtivos. Reforma agrária sim, mas dentro da Lei. Sem violência.
Roberto
Rodrigues Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento