No arenito do Paraná, uma nova realidade econômica
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A pastagem degradada e praguejada, onde só tinha “matogrosso”, samambaia e arranha gato, hoje está coberta com pastagens que brotam com tal vigor que o gado não dá conta de comer, chegando quase a cobrir um homem. E isto porque há 512 cabeças em 40 alqueires, contrastando com a população de 350 cabeças em quase 200 alqueires, e ainda assim o gado passava fome no inverno. “Antes morriam de 10 a 12 cabeças no inverno e não tinha o que fazer”, lembra o pecuarista Welington Vargas Zilhotto, que começou em 1998 a transformação de uma propriedade herdada no município de Umuarama. Ele lembra que a fazenda era inviável e mal suportava de 1,5 a 2 cabeças por alqueire. Depois de quatro anos de plantio de soja, de acordo com as recomendações técnicas, o pecuarista voltou com o capim no final de novembro do ano passado. Cerca de 70 dias depois, em meados de fevereiro, e bem antes do esperado, ele começou a colocar o gado no pasto.
Média
de 13 animais por alqueire - “Estamos com uma média de
quase 13 cabeças por alqueire, engordando 1,3 quilo por dia, só
a pasto, mas se tivesse mais gado, dava tranqüilamente para alimentar.
Creio que será possível manter essa média no ano, aumentando
no período de verão”, avalia Welington, que é presidente
do Núcleo de Criadores de Nelore de Umuarama e Região e secretário
da Sociedade Rural do município. O gado, que antes vivia doente, hoje
raramente apresenta algum problema. “Os meus gastos com medicamentos eram
altíssimos, especialmente vitaminas e antibióticos. Hoje só
uso preventivos, como vacinas e vermífugos”. O segredo é
simples: manter os animais bem nutridos.
Benefícios - “Os benefícios da integração
agricultura/pecuária são visíveis para o pecuarista. Se
tivesse mais área para reformar, eu arrendava de graça, desde
que fosse feito o mesmo trabalho de recuperação do solo”,
afirma o pecuarista. Ele diz que não se pode querer lucro imediato, cobrando
30 sacas de soja por alqueire de renda. “Isto é exploração
e não parceria”. Não vai sobrar nada para o agricultor,
que sem estímulo ou recursos, não terá condições
de fazer um trabalho bem feito e acabará desistindo. “Para nós,
o maior benefício é transformar o pasto degradado e cheio de erosões
em pastagens de verdade, praticamente sem custos, e não lucrar com a
soja”, ressalta.
Esquema de arrendamento - O arrendamento de 40 alqueires de Welington para o plantio de soja foi feito por quatro anos, de 2001 a 2004, com renda zero no primeiro ano e 10, 15 e 17 sacas por alqueire nos três anos seguintes. “Optei por fechar um acordo de parceria, mais racional, onde nenhum explora o outro e ambos têm condições de trabalhar e viabilizar seu negócio, apesar de que na época o arrendamento de terras já começava a inflacionar”. Para ele, tanto o pecuarista quanto o agricultor precisam ganhar para que a integração dê certo. Segundo o gerente da unidade da Cocamar em Umuarama, Osvaldo Mesti, o sistema recomendado pela cooperativa para a região do arenito é de parceria, que traga resultados para os pecuaristas e para os agricultores. “Isto é que vai transformar a região, aproveitando o real potencial de geração de renda e emprego no arenito. A exploração, em todos os sentidos, inviabiliza o projeto”, finaliza.