Negociação deve evitar tarifaço dos EUA, acredita secretário de Política Agrícola
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A decisão anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% todos os produtos importados do Brasil, a partir de 1º de agosto, deve se resolver por meio da negociação diplomática, na opinião do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz de Araújo. “Esperamos que se encontre um bom termo e que se resolva antes mesmo da data estabelecida para a vigência da taxação”, declarou Vaz na última sexta-feira (11/07), em Curitiba, onde participou do Fórum Financeiro, realizado pelo Sistema Ocepar, para debater tendências e o cenário macroeconômico brasileiro e mundial.
Vaz lembrou que o Ministério da Agricultura tem evoluído bastante no comércio internacional, conquistando novos parceiros econômicos. “Estamos ganhando novos mercados, buscando alternativas”, frisou. Apesar disso, ele reconhece que “os Estados Unidos são um parceiro histórico e relevante e continuarão sendo”. O secretário disse acreditar na diplomacia brasileira para resolver o impasse. “Nossa diplomacia, nosso Itamaraty, tem um histórico reconhecido de competência em processos de negociações em questões comerciais e relações internacionais. Esperamos que se encontre um bom termo e que não venha trazer danos para os nossos produtores e a nossa sociedade. A taxação é nociva dos dois lados. O consumidor e o produtor são prejudicados, tanto lá quanto aqui”, avaliou.
Plano Safra
No Fórum Financeiro, Vaz falou sobre o Plano Safra, lançado no início de julho pelo governo federal. Segundo ele, a portaria do Ministério da Fazenda, formalizando a participação do Tesouro Nacional nas linhas de financiamento, deve ser publicada nesta segunda-feira (14/07). “A partir dessa publicação, os agentes financeiros já terão condições de receber as propostas das cooperativas e dos produtores para os financiamentos, tanto para custeio quanto para investimentos”, informou.
Taxas de juros
Sobre as taxas de juros, consideradas elevadas pelo setor produtivo, o secretário esclareceu que “foram bastante negociadas”. E acrescentou: “Ninguém deseja taxa alta. O que conseguimos foi manter todas as taxas abaixo da Selic, embora a gente saiba que o juro real está relativamente elevado”. Vaz destacou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), onde foram preservadas taxas “bastante atrativas”, que varia de 0,5% até 8%.
“Nas demais linhas, o aumento foi de 1,5 a 2 pontos percentuais, enquanto a Selic nesse período, variou 4,5 pontos. Saiu de 10,5%, quando nós fizemos o Plano Safra 2024/2025 para 15% hoje. Então, embora tenha subido 4,5 pontos, nós conseguimos segurar a taxa do crédito rural com variação de 1,5 a 2 pontos percentuais, menos da metade do que cresceu a Selic. Não conseguimos mais que isso. Na agricultura empresarial, os juros variam de 8,5% a 14%, com grande concentração entre 10% e 12%”, argumentou.
Paraná
Wilson Vaz destacou a situação específica do Paraná. “Relativamente aos estados que têm produtores de maior porte – que vão ter que acessar muitos recursos a taxas livres, pagando um pouco mais caro, no Paraná, cerca de 75% dos produtores conseguem acessar o Pronaf e o Pronamp [Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural]. No Pronaf, a taxa máxima é de 8% ao ano, mas a grande concentração gira em torno de 3 a 5%. E no Pronamp, o juro é de 10% ao ano”, explicou. Segundo o secretário, por essas características – tanto o porte dos produtores quanto pelo fato de estarem organizados em cooperativas – o Paraná acessa muito mais o Plano Safra em termos de quantidade de beneficiários do que a região Centro-Oeste do país, por exemplo.
Seguro rural
Em relação ao Seguro Rural, Vaz lembrou que já havia sido anunciado anteriormente o valor de R$ 1,06 bilhão, sendo que R$ 36 milhões já foram usados para amparar operações que haviam sido contratadas no final do ano passado. Então, restaram cerca de R$ 970 milhões para o Plano Safra 2025/2026, a serem gastos em 2025.
“No meio do processo, teve um congestionamento de recursos de R$ 445 milhões. Mas, esse contingenciamento volta. É desejável que volte em agosto e setembro em tempo de fazer as operações da safra de verão”, disse. E acrescentou: “O que nós podemos contar é com este cerca de R$ 1 bilhão, que já foram anunciados. Claro que nós gostaríamos que fosse mais, como todo o setor gostaria que tivesse mais recurso para subvencionar o prêmio do Seguro Rural, mas, infelizmente, a gente não conseguiu ampliar esse volume”.
Zoneamento de risco climático
O secretário de Política Agrícola falou também da novidade desse ano, que é o Zoneamento Agrícola de Risco Climático - Nível de Manejo (Zarc). Ele explicou que é um projeto-piloto para contemplar produtores que, dependendo da característica do solo e do manejo, oferece menor risco e, portanto, terá um diferencial, pagando um prêmio menor. Ou seja, o custo do seguro nesse caso ficará mais baixo do que nos demais contratos. O projeto-piloto Zarc – Nível de Manejo - foi desenvolvido pelo Ministério da Agricultura, em conjunto com a Embrapa Soja, com sede em Londrina, e será desenvolvido no Paraná na atual safra.