Ministro defende o agronegócio
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O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, defendeu o agronegócio e atribuiu a "um problema de semântica" as declarações do presidente do Incra, Rolf Hackbart. "O governo tem clareza de que o agronegócio é tudo, é o conjunto de cadeias produtivas. Portanto, agricultura familiar, a pequena produção, o médio produtor, tudo faz parte do mesmo universo do agronegócio. Isso [as críticas de Hackbart] deve ser um problema de semântica menos importante", declarou. "Não vamos misturar as coisas. O agronegócio é o negócio mais importante do país. Representa 34% do PIB nacional, gera 37% dos empregos, é responsável por 42% das exportações brasileiras. É o setor superavitário na balança comercial, que garante o superávit nacional como um todo." Em Recife, onde participou de uma reunião com pecuaristas nordestinos, o ministro disse também que via "com naturalidade" a reação dos fazendeiros às invasões dos sem-terra. "Os fazendeiros reagem defendendo seu patrimônio, conforme autoriza e prega a Constituição", disse.
Críticas - Líderes de entidades ruralistas disseram ontem que as declarações do presidente do Incra têm potencial para acirrar ainda mais o clima de tensão do campo. Os representantes dos fazendeiros, além de sugerirem sua demissão, rotularam o presidente do Incra de "irresponsável" e "ideológico". Para o presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Antônio Ernesto de Salvo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem "consciência" do que deve fazer com o cargo de presidente do Incra. "Trata-se de uma declaração descabida e preconceituosa. Ele [Hackbart] foi de uma infelicidade que evidentemente espalha pólvora naqueles pontos do campo que estão sossegados", disse Ernesto de Salvo.
Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente nacional da UDR (União Democrática
Ruralista), afirmou que Hackbart "planta e colhe o ódio de classes".
"Ele planta ilusão e fabrica promessas. É um contraditório
que precisa parar num sanatório, um verdadeiro irresponsável."
Segundo o presidente da UDR, o clima de tensão no campo é causado
pela "conivência" do governo. "A violência não
gera nada de positivo para o país, mas é fruto de um governo com
atitudes unilaterais, coniventes e inertes com o vandalismo", disse Garcia.
A "generalização contra o agronegócio" não
pode partir de um representante do governo federal, de acordo com o presidente
da UDR. "O presidente Lula é inteligente o suficiente para corrigir
seus erros. Por isso não pode continuar com essa equipe de plantadores
de ódio de classes."
Demissão - João Bosco Leal, presidente do MNP (Movimento Nacional de Produtores), também defendeu a demissão imediata de Hackbart da presidência do Incra. "O Lula precisa lembrar que é presidente do país, e não mais do PT. Se ele [Lula] tiver essa visão, não vai permitir que seus subordinados tenham atitudes ideológicas e irresponsáveis como essa." Segundo Leal, o presidente do Incra, com tais declarações, está incentivando conflitos no campo. (Folha de São Paulo)