MILHO SAFRINHA: Paraná colhe o maior volume de todos os tempos

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milho safrinha 02 07 2012O Paraná está começando a colher o maior volume de milho safrinha já produzido no Estado desde a década de 70, quando se iniciou o plantio do grão na segunda safra. Dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento apontam que deverão ser colhidos 10,3 milhões de toneladas de milho, o que corresponde a um aumento de 62% sobre o volume de produção do mesmo período do ano passado.

Projeção - Com o desempenho da segunda safra de milho, o Departamento de Economia Rural (Deral) da secretaria estima que mais da metade da produção de grãos da safra 2011/12, que está em fase final, será de milho. A pesquisa de campo referente ao mês de junho, divulgada na sexta-feira (29/06), projeta uma safra de 31,5 milhões de toneladas de grãos, próxima à produção do ano passado, que atingiu 31,9 milhões de toneladas.

Desempenho bom - O secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, diz que o desempenho da safra paranaense foi bom, apesar da ocorrência de seca, seguida de geadas e chuvas. “Felizmente essas ocorrências foram regionalizadas e não provocaram impactos fortes na produção de milho da segunda safra e no trigo, principais produtos cultivados durante o inverno no Paraná”.

Compensação - O secretário lembrou que as perdas ocorridas com a soja foram compensadas pelo aumento na produção do milho safrinha. Para os produtores também está havendo uma compensação com o aumento nas cotações dos produtos. Ele chamou a atenção para o bom desempenho nos preços da soja, que subiram 45,2% este ano. Ortigara disse que o clima foi mais prejudicial para o feijão da segunda safra, que provoca sérios impactos de aumentos de preços aos consumidores.

Milho - Do total previsto para a safra de grãos no Paraná, cerca de 53,3%, que correspondem a um volume de 16,8 milhões de toneladas, serão de milho, informou o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni. A pesquisa mensal reavaliou a expectativa de safra do milho safrinha e constatou aumento na produtividade do grão, mesmo com ocorrências localizadas de frio e excesso de chuvas. A produtividade que estava estimada em 5.070 quilos por hectare evoluiu para 5.092 quilos, um aumento de 31% em relação ao ano passado.

Produção garantida - A maior parte da área plantada, com cerca de dois milhões de hectares plantados com milho na segunda safra, está com a produção garantida apesar da ocorrência de geadas leves em regiões localizadas nos meses de maio e junho. Porém, a produção em outras regiões compensou e aumentou a produtividade. Ainda assim, metade da área plantada está em fase final de frutificação, podendo ainda sofrer algum tipo de impacto caso ocorram geadas ou eventos climáticos adversos, lembrou Simioni.

Pressão - Segundo ele, apesar da boa produção, o agricultor está enfrentando pressão com a tendência de queda nos preços do milho. O aumento na oferta do grão no Paraná e nos estados produtores do Centro Oeste já provocou a queda de 11% nos preços que caíram de R$ 22,50 a saca no início do ano (janeiro) para R$ 19,96 a saca, atualmente.

Exportação - Porém, a expectativa é boa e o mercado está sinalizando para a possibilidade de exportação da ordem de 10 milhões a 12 milhões de toneladas de milho tendo como um dos principais destinos a China. E o Paraná certamente tem excedentes para contribuir com esse volume, lembrou Simioni. Também há expectativas de aumento das vendas de milho para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, que sofreram com a estiagem no início do ano e que precisam do grão para suprir as necessidades das fábricas de rações.

Trigo - O trigo, ao contrário, caiu mais ainda a área plantada e os preços estão sem muita expectativa de avanço. As cotações estão estabilizadas em R$ 25,00 a saca de 60 quilos. O levantamento do Deral aponta que a redução na área ocupada com a cultura, que era estimada em 791 mil hectares previstos no mês passado, caiu para 768 mil hectares previstos esse mês.

Menor dos últimos cinco anos - Segundo Simioni, esta é a menor área plantada de trigo no Paraná nos últimos cinco anos, o que retrata a insegurança e o descontentamento do produtor em relação à lavoura no Estado. Os preços de mercado estão abaixo dos custos de produção e a liquidez do produto é baixa. Existem ainda cerca de 400 mil toneladas de trigo remanescentes da safra passada que estão nos estoques do governo para serem comercializados.

Produção - O técnico destacou que a produção deve atingir 2,24 milhões de toneladas, uma queda de 9% em relação ao ano passado. Apesar da situação, os setores público e privado estão discutindo aspectos que envolvem a melhoria da qualidade e de variedades que atendam a demanda dos moinhos e das indústrias de massas e a busca por mecanismos que promovam a sustentação de preços e a liquidez do produto. A área perdida com trigo foi ocupada pelas culturas de inverno de aveia e cevada. A aveia será utilizada para forragem e alimentação humana.

Feijão - A segunda safra de feijão foi a que mais perdeu com o clima que atingiu em cheio a produção. A expectativa era colher 408,4 mil toneladas do grão e deverão ser colhidos 321,4 mil toneladas, uma queda de 21,3%. A produção mais afetada foi na região Sudoeste, onde o excesso de geadas e de chuvas foi mais intenso.

Preços - Com a queda na produção, os preços do feijão de cor subiram 43,4% e do feijão preto, 52,1% em relação aos preços praticados em dezembro de 2011. A saca de feijão de cor que era vendida ao redor de R$ 100,00 em dezembro do ano passado aumentou para R$ 140,00 atualmente. A saca do feijão preto que estava cotada em R$ 66,19 em dezembro passou para R$ 100,69 atualmente.

Soja - A safra de soja se consolidou em 10,8 milhões de toneladas, já incluída a redução de 30% registrada em função da seca que atingiu o Paraná entre os meses de novembro de 2011 a março deste ano. Nesse período, houve uma perda considerável de 3,4 milhões de toneladas, mas foi compensada pelo aumento nas cotações. O preço da saca de soja aumentou de R$ 40,14 em dezembro do ano passado para R$ 59,29 em junho deste ano. O aumento nas cotações de soja ocorreu em função na redução da área plantada nos Estados Unidos e por queda de produção na América do Sul inteiro por causa da seca.

Plano Safra 12/13 - O produtor paranaense será beneficiado com a redução nas taxas de juros que consta no Plano Safra 2012/13 da Agropecuária anunciado quinta-feira (28/06) pela presidente Dilma Rousseff. O plano destina R$ 115,2 bilhões para a agropecuária. Para Francisco Carlos Simioni, que assistiu a apresentação do plano em Brasília, o plano agradou e deverá beneficiar os produtores paranaenses que participaram ativamente da elaboração do Plano Safra, por meio de suas instituições como a Faep e Ocepar.

Juros - Entre as novidades, a principal delas é a redução da taxa de juros para os médios e grandes produtores. As taxas dos financiamentos de custeio anunciadas ficaram entre 5,0% para 5,5% ao ano.

Proagro - Outra novidade do plano para o produtor é a ampliação da adesão ao Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária), que avança de R$ 150 mil por produtor/safra para R$ 300 mil por produtor/safra. Além disso, há o compromisso do governo federal de ampliar em R$ 400 milhões a subvenção ao seguro rural, que embora ainda não esteja em níveis desejados avançou, disse Simioni. Isso permite ampliar a cobertura, que atualmente é de aproximadamente 10 milhões de hectares no País para cerca de 15 milhões de hectares durante os próximos 24 meses, avaliou Simioni.

Suinocultura - Para o Paraná, outro benefício do Plano Safra 2012/13 será a abertura de linha de crédito para a suinocultura que vem enfrentando momento difícil, afirmou Simioni. Segundo ele, os produtores terão à sua disposição financiamentos para retenção de matrizes com juros de 5% ao ano. Também foram anunciadas linhas de crédito em apoio à bovinocultura de corte e leite para aquisição de matrizes e reprodutores, segmentos em expansão no Estado e que poderão ser ainda mais fortalecidos com o aumento de crédito.

Cooperativas - Simioni ressaltou ainda o aumento no volume de recursos para as cooperativas de produção, uma vez que o Paraná é o estado em que esse setor é bem estruturado no apoio ao produtor rural. (AEN)

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