MILHO: Produção de etanol aumenta demanda por milho

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O aumento do número de destilarias para produção de etanol nos Estados Unidos - decorrente do maior consumo do combustível - eleva a demanda por milho no país e deve abrir espaço para o Brasil ampliar as exportações do grão no médio a longo prazo, o que hoje depende principalmente de um câmbio favorável para ocorrer. A demanda anual por etanol nos EUA para 2006 é estimada em 22,150 bilhões de litros, segundo a consultoria Datagro, mas a perspectiva do mercado é de que alcance 30 bilhões em quatro anos. O país produz atualmente 19,150 bilhões de litros de álcool à base de milho, mas terá de ampliar esse volume e para isso consumirá mais grão.

Crescimento - Só do ano passado para cá, a demanda por milho para produção de etanol nos EUA cresceu 50%, para 54 milhões de toneladas, conforme dados da Associação Nacional dos Produtores de Milho dos EUA, citados por Leonardo Sologuren, analista da Céleres. A estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para 2010 é de que o consumo de milho para produção de álcool será de 66 milhões de toneladas. Mas diante do avanço do último ano, reflexo da alta dos preços do petróleo no mercado internacional e da busca por combustíveis renováveis alternativos nos EUA, a previsão do USDA é conservadora, avalia Sologuren. Para o analista, se a demanda continuar crescendo no mesmo ritmo e a produção americana ficar na casa dos 270 milhões de toneladas, os Estados Unidos terão de reduzir suas exportações de milho - hoje estimadas em 54,6 milhões de toneladas - para atender à maior demanda doméstica. "Os EUA respondem por 70% das exportações mundiais de milho. Com a maior procura por causa do etanol, haverá um buraco na oferta", afirma Sologuren.

Oportunidade - André Pessôa, da Agroconsult, observa que a maior produção de etanol nos EUA desloca milho que seria destinado a outros fins, como para produção de açúcar para consumo industrial e para fabricação de ração animal. Ele concorda que esse quadro pode ampliar as oportunidades para o Brasil exportar milho, já que os EUA devem ter dificuldade de atender a demanda de seus importadores do grão. Segundo Pessôa, outro fator que pode favorecer o Brasil é que a Argentina - um grande exportador de milho - está ampliando a produção de soja em detrimento do cereal. Além disso, a China também está reduzindo as vendas externas devido à maior demanda interna. Com o consumo maior do grão para fabricação de etanol, a demanda doméstica total estimada nos EUA para a safra 2006/07 é de 241,183 milhões de toneladas ante 228,230 milhões em 2005/06. O USDA estima que chegará a 251 milhões de toneladas em quatro anos.

Perspectivas - André Pessôa acredita que o Brasil pode ser beneficiado por esse novo cenário no mercado internacional de milho em um ou dois anos. Para Sologuren, isso deve ocorrer no médio a longo prazo e fará o Brasil depender menos de momentos de câmbio favorável para exportar o produto. Ele vê como mercado potencial para o milho do Brasil a Ásia, uma região que recebe grandes volumes de produto dos EUA. O ano em que o Brasil mais exportou milho até hoje foi 2001, estimulado por preços internos baixos e dólar mais valorizado. Naquele período, os embarques 5,6 milhões de toneladas. Este ano, segundo analistas, deve ficar na casa das 2 milhões de toneladas. Até o primeiro semestre, foram 1,2 milhão de toneladas. (Jornal Valor Econômico).

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