MERCADO: Etanol reduz exportação do milho dos EUA

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Os EUA, maiores exportadores de milho do mundo, vão transformar em etanol uma quantidade do grão igual ou maior que a que venderá no exterior no próximo ano, segundo estimativas do Departamento de Agricultura. Especialistas dizem que com o aumento dos preços do petróleo os agricultores estão dirigindo uma parte maior de suas colheitas para a produção de combustível do que para alimentos ou rações animais. A nova estimativa salienta a crescente concorrência entre alimentos e combustível que poderá elevar o preço dos alimentos, colocando os ricos motoristas de carros do Ocidente contra os consumidores famintos nos países em desenvolvimento.

Expansão - O Departamento de Agricultura prevê que cerca de 55 milhões de toneladas de milho serão transformadas em etanol, comparadas com exportações de 40 milhões a 50 milhões de toneladas em média nos últimos 15 anos. No ano passado foram estimadas 41 milhões de toneladas de milho, um volume que poderia alimentar 131 milhões de pessoas durante um ano. Os EUA respondem por 70% das exportações mundiais do cereal. "Estamos embarcando em uma profunda mudança em nossa economia agrícola", disse Keith Collins, economista chefe do Departamento de Agricultura. "Este ano parece ser a primeira vez que a quantidade de milho transformada em etanol será igual ou maior que a exportada. Se os preços do petróleo continuarem altos, essa tendência irá aumentar."

Exigência legal - A legislação energética americana exige que a produção de etanol aumente para 7,5 bilhões de galões (28,3 bilhões de litros) até 2012, o que exigirá cerca de 68 milhões de toneladas de grãos a mais do que a colheita total do Canadá, Brasil ou Indonésia. A produção americana abastece até 3% dos carros americanos, um número que deverá aumentar significativamente. Os preços do milho aumentaram cerca de 20% nas últimas semanas, enquanto os estoques mundiais do cereal caíram a seu menor nível desde o início dos anos 70. Lester Brown, diretor do Instituto de Políticas da Terra, acredita que com os estoques tão baixos uma demanda crescente por etanol poderá começar a inclinar a balança.

Participação do açúcar e do álcool - Isso já aconteceu com os preços globais do açúcar, que duplicaram no último ano, atingindo um pico de 25 anos. Cerca de 10% da produção mundial de açúcar hoje são usados para produzir etanol. São apenas 3% do milho, mas a proporção vem aumentando depressa e alguns especialistas acreditam que em breve poderá atingir um ponto de virada. "O fato de que tivemos amplas colheitas mundiais nos últimos anos escondeu o impacto subjacente da crescente demanda por etanol", disse Christoph Berg, um diretor da F. O. Licht, uma companhia de análises de matérias-primas. Com o petróleo custando mais de US$ 60 o barril, os agricultores têm um incentivo para converter em combustível matérias-primas como milho, trigo, soja e cana-de-açúcar.(UOL Mídia/Financial Times)

 

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