LOGÍSTICA II: Briga trabalhista ameaça chegada de fertilizantes

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A instalação de uma trava eletrônica no Porto de Paranaguá por parte do Órgão Gestor de Mão de Obra Portuária (Ogmo), impedindo que Trabalhadores Portuários Avulsos (TPAs) dobrem a jornada de trabalho, está causando dificuldades no desembarque de fertilizante na autarquia paranaense, porta de entrada de 40% do produto consumido no país. A medida, que busca garantir o intervalo de descanso de 11 horas entre um turno e outro, pode resultar no atraso da entrega do adubo nos estados do Centro-Oeste.

Metade - De acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), apenas metade dos 30 milhões de toneladas de fertilizantes previstas para a safra de verão 2012/13, que começa na segunda quinzena de setembro, foi entregue. O restante está embarcado em navios que aguardam para atracar ou programado para chegar nos próximos meses. O Brasil importa mais de 70% do adubo necessário para preparar a terra para o plantio.

Escoamento - “Ainda não temos problema. Mas um grande volume está previsto para chegar. Pode ocorrer problemas no escoamento, pois temos menos de 30 dias para o início da safra”, aponta o presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira. Segundo a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), há navios levando o dobro de tempo para operar.

Mato Grosso - O Mato Grosso, maior produtor de soja do país e que deve alcançar novo recorde de produção de oleaginosa, é um dos estados que corre risco de ficar sem o produto. Cerca de 50% das quatro milhões de toneladas foram entregues. De acordo com estimativa do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), os agricultores matogrossenses devem colher 24,1 milhões de toneladas do produto, 13% mais que na última temporada.

Impasse - Com a obrigatoriedade do intervalo e a redução da carga horária, já começa a faltar trabalhador, segundo informações do Sindicato dos Operadores Portuários do Paraná (Sindop). Para Silveira, o problema está na rígida legislação trabalhista que, em alguns momentos, segue exemplos de países ricos e desenvolvidos. “Com a redução das horas trabalhadas vai cair a renda do trabalhador. A lei serve para proteger, mas até onde? É preciso ter equilíbrio”, afirma. “O Brasil não suporta sustentar pessoas que trabalhem pouco e ganhem muito”, complementa. Procurado pela reportagem, o Ogmo não quis comentar o assunto. (Gazeta do Povo)

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