Lideranças defendem mudanças no seguro rural

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As perdas na agricultura do Paraná, decorrentes das más condições climáticas recentes, e a necessidade de reformular a política de seguro rural foram os pontos centrais das discussões do I Fórum de Crédito e Seguro Rural, aberto na tarde dessa segunda-feira (17/11), em Curitiba. Realizado pelo Sistema Ocepar, o evento contou com as presenças dos secretários de Estado da Fazenda, Norberto Ortigara, e da Agricultura, Márcio Nunes; do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura (Mapa), Wilson Vaz de Araújo, de representantes da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), entre outras lideranças e profissionais do setor.

O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, abriu a programação, chamando a atenção para o fato de haver poucos contratos de seguro na atual safra. “Temos essa preocupação porque os produtores rurais não estão plenamente amparados pelo seguro”, disse, defendendo mudanças no modelo atual. “Temos que ter um seguro de fato. Junto com o anúncio do plano safra, é preciso divulgar também o volume de recursos do seguro rural. Se isso não ocorre, há uma grande insegurança. É o momento de trabalharmos nisso para termos uma estrutura de seguro que garanta que o produtor não tenha prejuízo”, frisou.

Para o secretário da Fazenda do Paraná, Norberto Ortigara, o seguro deve ser sempre a principal ferramenta de política agrícola.  “Ainda não é. É preciso fazer mudanças’’, defendeu. Segundo Ortigara, o cenário é hostil para quem produz e, por conta disso, o agricultor está economizando em insumos. “Tínhamos que ter uma política em que o seguro fosse algo corriqueiro”, pontuou.

O secretário estadual da Agricultura, Marcio Nunes, enfatizou que o seguro agrícola é um instrumento fundamental. “A agricultura é uma indústria a céu aberto”, disse, fazendo referência à vulnerabilidade da atividade.  Ele observou que, quando há quebra de safra, não é apenas o agricultor que perde. “Municípios e estados também perdem. A perda é em cadeia”, frisou.

Nunes defende que o momento atual vivido no Paraná é oportuno para que o estado lidere as discussões sobre as mudanças necessárias no seguro. “Temos que puxar essa discussão em nível nacional, buscar novas modalidades de seguro. E, o principal, o seguro tem que entrar na composição do custo de produção”, defende.

Desafios e Oportunidades

Após a abertura, o economista Juan Jensen apresentou a palestra magna com o tema Economia Mundial: Desafios e Oportunidades para o Agronegócio Brasileiro. Falando sobre o cenário econômico nacional, ele disse que a taxa de juro ainda deverá permanecer alta por um tempo, mas começa a cair a partir do início de 2026.

Jensen falou também sobre o impacto de algumas recentes medidas, como a isenção do imposto de renda para quem tem renda até R$ 5 mil e redução para quem recebe até R$ 7,35 mil, e o crédito consignado para trabalhadores do setor privado. “Essas duas medidas têm um efeito importante no consumo”, disse.

No cenário internacional, o economista analisou a política norte-americana, que impôs tarifas aos produtos importados. “No geral, o impacto no Brasil é relativamente pequeno, embora setorialmente haja prejuízos, especialmente naqueles que exportam muito para os Estados Unidos, como é o caso da indústria de madeira e móveis, em que 20% da receita vem das exportações e 98% das exportações têm como destino os Estados Unidos”, frisou.

Desaceleração global

Olhando para o mundo como um todo, o Jensen observa que o cenário é de desaceleração para os próximos anos. “É ruim para nós, mas não chega a ser nenhum grande problema”, pontuou. “Não é um quadro de recessão global, mas uma trajetória global de desaceleração”, esclareceu. “A Europa já vem há um tempo desacelerando e a China também e tende a desacelerar ainda mais no próximo ano”. Segundo o economista, a previsão é de que o mundo todo vai crescer menos e, portanto, vai demandar menos, o que pode impactar alguns setores da economia brasileira.

Painel técnico

A programação do primeiro dia do fórum seguiu com a realização de um painel técnico sobre seguro rural e gestão de risco, com a participação de representantes da OCB, do Ministério da Agricultura e da Secretaria da Agricultura do Paraná.

Continuidade

O Fórum de Crédito e Seguro Rural prossegue na manhã desta terça-feira (18/11), com palestra sobre a safra e as perspectivas de preços e painel sobre crédito rural e financiamento com participação do secretário nacional de Política Agrícola do Mapa, Wilson Vaz de Araújo. 

FOTOS: Samanta Machado / Sefa

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