LEITE: Produto tem maior alta em 15 anos

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

Em alta desde janeiro, os preços do leite ao produtor registraram, no primeiro quadrimestre de 2010, a maior elevação dos últimos 15 anos. Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), mostra que as cotações ao produtor acumularam valorização de 27% nos primeiros quatro meses do ano no Brasil. No Paraná, a variação foi de 24%. O preço médio do litro do leite em abril foi de R$ 0,75 no estado e de R$ 0,76 no país. A média nacional é ponderada com base nas cotações dos sete principais estados produtores brasileiros (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA).

Significativa - A valorização é significativa, mas não exagerada, garante Maria Silvia Digiovani, assessora da Comissão Técnica de Leite da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). "Não se trata de uma alta artificial porque o mercado está muito demandado em um período em que a oferta é mais curta", justifica.

Cotações internas - O avanço das cotações internas é comum neste período do ano, quando começa a entressafra de leite, concorda Fábio Mezzadri, veterinário da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). "Atravessamos neste momento um período de transição entre pastagens de verão e de inverno, embora as chuvas estejam contribuindo para um início de entressafra mais brando. Nesta época, as pastagens perdem massa foliar e qualidade nutricional e isso diminui a captação de leite não só no Paraná, mas em todo o país", relata.

Recuperação - Na avaliação de Maria Silvia, as cotações estão se recuperando das quedas do ano passado, causadas pela retração da demanda externa. "No ano passado os preços internacionais estavam muito baixos e por isso acabou entrando muito produto importado no Brasil, o que deprimiu ainda mais as cotações domésticas. O Brasil passou de exportador a importador de produtos lácteos", lembra.

Potencializada - Agora, à medida que os preços começam a se recuperar lá fora, as cotações internas acompanham a valorização, que no Brasil é potencializada pela entressafra, defende. Segundo ela, os preços do leite em pó integral no Norte da Europa, que servem de referência para mercado internacional, alcançam US$ 3,5 mil a tonelada, contra cerca de US$ 2,5 mil no ano passado. "Isso é bom para o Brasil, pois tende a estimular as nossas exportações. Podemos voltar a ser exportadores", afirma Maria Silvia. Segundo ela, os preços domésticos devem continuar valorizados até agosto, quando termina o período de entressafra no Brasil. "A expectativa até lá é de aumento das cotações ao produtor, ou, ao menos, de estabilidade", considera.

Sindileite - Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Leite (Sindileite) do Paraná, Wilson Thiessen, o potencial de alta das cotações deve ser limitado a partir de agora. Thiessen afirma que com as chuvas recentes as pastagens de inverno já começaram a brotar e que isso pode antecipar o final da entressafra. "Entre junho e julho já teremos pastos abundantes de azevém e aveia e a oferta deve começar a aumentar novamente", prevê.

Na gôndola, alta chega a quase 40% - No mês passado, ao lado do feijão, o leite foi um dos produtos que mais pressionou o custo da cesta básica no Paraná. Ao consumidor, a valorização acumulada nos quatro primeiros meses do ano chegou a 39%, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab. Nas prateleiras dos supermercados, o litro do leite longa vida, que no final do ano passado custava menos de R$ 1,5, hoje chega a quase R$ 2 na média estadual. Na comparação com igual período de 2009, quando o litro do produto custava a em média R$ 1,65, a valorização é de 21%.

Industrialização - A variação dos preços nas gôndolas é superior à registrada no campo porque o varejo absorve também o aumento dos custos da industrialização, observa o veterinário da Seab Fábio Mezzadri. Questões tributárias também influenciam nos preços do produto ao consumidor final. O leite longa vida, que até o início do ano era isento de ICMS no comércio, voltou a pagar o imposto no final de janeiro de 2010 por determinação da lei estadual 16.386. (Gazeta do Povo)

Conteúdos Relacionados