LEITE I: Cadeia produtiva cresce desigual e sem planejamento

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Às vésperas da entressafra, o pecuarista paranaense recebe pelo litro do leite valores que mal cobrem os custos de produção. Conforme levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o produtor tem recebido em média R$ 0,57 por litro, contra um custo em torno de R$ 0,65. Hoje, o agricultor gasta em média 10% mais com insumos, mas os preços são 15% menores que os verificados há um ano no estado. As margens ficam ainda mais apertadas se a base de comparação forem os picos de preço alcançados na metade de 2008, quando a cotação do produto ultrapassou os R$ 0,70.

Oscilações - As oscilações dos preços respondem à variação da oferta, como em qualquer outro mercado agrícola. Mas, no caso do leite, a volatilidade é potencializada pela estrutura do processo produtivo. "A organização da cadeia do leite é difícil porque ela é muito grande e heterogênea", explica Glauco Rodrigues Carvalho, economista da Embrapa Gado de Leite.

Ipardes - Estudo realizado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) mostra que o nível de desenvolvimento do setor ainda é muito desigual. Enquanto alguns pecuaristas chegam a produzir quase 20 litros/vaca/dia, outros têm índice de pouco mais de 7 litros. Os resultados variam conforme o tamanho da propriedade, a tecnologia empregada, a genética do rebanho e o manejo da produção. Segundo o diagnóstico do Ipardes, o Paraná tem hoje 100 mil produtores de leite - em todo o Brasil, são 1,3 milhão, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, que produzem anualmente cerca de 2,5 bilhões de litros. Ainda segundo o estudo, 42% da produção leiteira estadual está concentrada em apenas 5,9 mil pecuaristas com produção acima de 251 litros/dia. Outros 55 mil produtores que produzem até 50 litros/dia são responsáveis por somente 15% da produção paranaense.

Produtividade - A produtividade média diária das vacas paranaenses é de 10,9 litros, mas existem grandes variações regionais. Entre as principais bacias leiteiras do estado, destacam-se os Campos Gerais (Centro-Oriental), que tem produção média de 15 litros/vaca/dia, com pecuaristas mais tecnificados alcançando 22,6 litros. Com produtividade média de 10,4 litros, o Oeste é onde está a maior produção de leite no Paraná. Menos desenvolvida, mas em franca expansão, essa região produz em média 9,4 litros, três vezes mais que há 10 anos.

Diferenças - A desuniformidade regional da produção é, em parte, explicada pela composição genética do rebanho. Enquanto quase 80% da bacia Centro-Oriental são de raça pura (holandesa e jersey), o índice de animais mestiços é de quase 40% no Sudoeste e chega a 50% na região Oeste. Geralmente, vacas mestiças têm produtividade mais baixa. De acordo com o Ipardes, os rebanhos em que a proporção de animais de raças leiteiras é superior a 50% alcançam rendimento médio de 13,5 litros, enquanto para os demais esse índice é de somente 8,4 litros. (Caminhos do Campo/ Gazeta do Povo)

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