LÁCTEOS: Brasil dobra renda com exportação de leite

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As exportações de produtos lácteos dispararam no primeiro semestre do ano e devem fechar 2008 em níveis recordes. Entre janeiro e junho, as exportações renderam ao país US$ 238,2 milhões, ante US$ 299,6 milhões em todo o ano de 2007. Na comparação com a receita do mesmo semestre do ano passado (US$ 92 milhões), o crescimento é de 159%. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A expectativa é que, até o final do ano, as exportações de leite e derivados rendam ao Brasil US$ 550 milhões.

Consumo mundial - O avanço do consumo mundial, que cresce em ritmo mais acelerado que a oferta internacional, sustenta as exportações de lácteos do Brasil. Nos primeiros seis meses do ano, 67,4 mil toneladas desses produtos deixaram os portos do país, volume 63% superior ao registrado em igual período de 2007 (41,5 mil toneladas). No acumulado do ano, o saldo na balança comercial é de US$ 128,95 milhões, 5% maior em relação a todo o ano de 2007 (R$ 139,8 milhões).

Diversificação - No Paraná, a balança comercial do agronegócio também vive um momento de diversificação. No primeiro semestre do ano, a venda de produtos lácteos foi um dos destaques, embora ainda não tenha o mesmo peso de produtos tradicionalmente exportados, como a soja. Até junho, o estado enviou ao exterior 3 mil toneladas desses produtos, que renderam ao setor US$ 11,8 milhões. Em volume, equivale a pouco mais da metade do total exportado em todo o ano passado, mas representa quase 65% da receita obtida nos 12 meses de 2007. Na comparação com o primeiro semestre do ano anterior, quando a venda de 2,1 mil toneladas rendeu ao setor R$ 6 milhões, houve aumento de 45% no volume exportado e incremento de 96% na receita.

Vendas externas do Paraná - Apesar de ser o segundo maior produtor de leite do país, atrás apenas de Minas Gerais, o Paraná ainda tem uma participação pequena nas vendas externas de produtos lácteos. No ano passado, apenas 5% do volume exportado pelo Brasil saiu de território paranaense. No primeiro semestre de 2008, esse porcentual caiu para 4%, mas, ao mesmo tempo, o estado registrou, depois de dois anos, superávit comercial no setor de lácteos. Entre janeiro e junho, o saldo foi pequeno, de apenas US$ 4,7 mil, mas positivo. No ano passado, a diferença entre as importações e exportações paranaenses desses produtos foi negativa, de US$ 1,9 milhão. Em 2006, o déficit chegou a US$ 15,9 milhões.

Destaque no semestre - Entre os 12 produtos derivados de leite que compõe a pauta de exportação do país, o leite em pó foi o destaque no semestre: participou com 61% nas vendas do segmento no Brasil e com 55% no Paraná. Em todo o país, foram US$ 181,3 milhões entre janeiro e junho de 2008, faturamento 310% superior ao obtido em igual período do ano anterior. Em volume, as exportações nacionais cresceram 120% na mesma base de comparação, para 45,8 mil toneladas.  No estado, o volume de leite em pó vendido ao exterior aumentou 31% e atingiu 1,6 mil toneladas. Com os preços internacionais elevados, o faturamento paranaense cresceu 90% ante o primeiro semestre de 2007, para US$ 6,5 milhões.

Venezuela fica com 38% do leite em pó - O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo, Gustavo Beduschi, explica que o principal mercado consumidor do leite em pó integral brasileiro é a Venezuela, país que vive escassez do produto e tenta driblar a inflação. No primeiro semestre do ano, abocanhou 38% do total vendido pelo Brasil ao exterior. Argélia, Angola e outros países da América Latina e África também têm participação expressiva nas vendas externas nacionais de lácteos. "São mercados menos exigentes, que demandam um produto menos acabado, com menor valor agregado, como é o caso do leite em pó", afirma Maria Silvia Digiovani, engenheira agrônoma da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).

Maior importador não compra do Brasil - O México, o maior importador mundial de leite, não figura na lista dos principais clientes brasileiros. "Os mexicanos compram o leite em pó desnatado, que nós não produzimos em quantidade. A demanda deles é suprida principalmente pela Nova Zelândia, que é um grande fornecedor internacional de leite", explica Beduschi. Para Silvia, a conquista de mercados mais nobres, como o do leite condensado, é difícil porque enfrenta a concorrência de outros países que já têm posição consolidada nesse nicho, como os Estados Unidos, beneficiados pela contínua desvalorização do dólar face a outras divisas, em especial, em relação ao euro. "Além disso, esses derivados mais nobres do leite encontram boa procura e bons preços no mercado interno", completa Beduschi. (Gazeta do Povo/Caminhos do Campo)

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