Juros altos e recessão
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A decisão do Copom de manter os juros inalterados em 26,5% ao ano vai adiar ainda mais a volta do crescimento da economia e deve aprofundar a queda nas vendas de bens duráveis. A expectativa de economistas é que o crescimento do PIB fique limitado a 2%, na melhor das hipóteses. Para o presidente da Fiesp, Horácio Piva, a manutenção dos juros no nível atual compromete o crescimento da indústria também no início de 2004. Os fabricantes de bens duráveis já vivem "praticamente uma recessão", segundo Paulo Saab, presidente da Eletros, entidade setorial. Além dos juros altos, que inibem a tomada de crédito, o segmento enfrenta as conseqüências do aumento do desemprego - que atingiu 12,4% em abril - e principalmente da queda dos rendimentos dos trabalhadores. A renda média real recebida em março foi 6,3% inferior à do mesmo mês de 2002. No caso dos trabalhadores por conta própria, a queda chegou a 16,8%. A redução do poder aquisitivo, o aumento do desemprego e os juros altos também explicam a queda de 0,13% na receita dos supermercados nos primeiros quatro meses do ano. Em Brasília, depois de três horas de conversa com o presidente Lula, o presidente do grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes, resumiu em uma frase a preocupação dos industriais com os juros: "Mas nem mesmo um viés de baixa?" (Fonte: Valor Econômico).