Integração lavoura-pecuária pode reduzir desmatamentos

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

O avanço da fronteira agrícola sobre a Amazônia esquentou o debate no 12º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (Sober). O tema surgiu no painel sobre integração lavoura-pecuária. O professor da Faculdade de Economia da USP (FEA-USP) e ex-secretário de política agrícola no primeiro mandato de Fernando Henrique, Guilherme Dias, defendeu que o governo crie estímulos para incentivar a expansão do sistema integrado, com a agricultura de grãos e soja em rotação com a pecuária. Dias destaca que esse sistema permite um aumento de produtividade da pecuária, que poderia crescer sem abrir novas áreas. Da mesma forma, também a área agrícola, especialmente para a soja, aumentaria, com a liberação de áreas já desmatadas pela pecuária.

Aumento da produção - Pelos cálculos do economista, seria possível aumentar a produção pecuária brasileira em 30% em 10 anos usando 21 milhões de hectares, menos da metade do total de pastos degradados do País (em torno de 50 milhões de hectares). No sistema de rotação, ficariam disponíveis cerca de 4 milhões de hectares para lavoura, o que permitiria atender a demanda de terras para a ampliação da produção de soja nesse período. "Seria um processo para frear a ocupação na fronteira agrícola e para melhorar o uso do solo no Brasil". Segundo Dias, com essa liberação de terras, diminuiriam os incentivos ao desmatamento que hoje ocorre na região Amazônica. "O sistema de ocupação na fronteira agrícola vem se mantendo no País nos últimos 100 anos, com agentes na região sendo estimulados a desmatar a floresta para ocupar a terra. A pecuária entra nas áreas amazônicas como forma de garantir a posse da terra, sem uma preocupação com produtividade. O invasor explora a terra sem nenhum cuidado e depois revende para agentes mais organizados, como pecuaristas tecnificados ou agricultores".

Conteúdos Relacionados