INFRAESTRUTURA IV: Pacote mostra mudança de rumo

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Um dos pontos mais polêmicos do pacote bilionário de concessões em rodovias e ferrovias está no compromisso do governo de assumir o risco da demanda por transporte. Na prática, se a demanda for menor que a capacidade, a União arcará com os prejuízos. Nesta quinta-feira (16/08), o próprio governo admitiu que assumiu o risco. Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo concordam que essa é a saída mais viável para não espantar os investidores. Eles alertam, porém, que será necessário acompanhar de perto as concessões para coibir eventuais irregularidades.

Lógica - O doutor em Economia José Guilherme Vieira, professor da Universidade Federal do Paraná, diz que a lógica do setor privado estabelece que é preciso ter uma lucratividade alta para compensar o risco. Nas concessões em questão, como os vencedores serão os que oferecerem menor preço de pedágios e tarifas, o governo precisava estimular os investidores de alguma forma. “Nessas concessões, o ganhador será quem estiver disposto a lucrar o menos possível. Mas o investimento em melhorias deve ser alto, o que desestimula a participação”, afirma.

Mudança - Secretário-geral da ONG Contas Abertas, especializada em fiscalizar gastos públicos, o economista Gil Castelo Branco avalia que o pacote caracteriza de forma clara uma mudança de rumo, na medida em que o governo assume as dificuldades que sempre teve para investir em infraestrutura. Ele ressalta que, entre privatizar o sistema ou não realizar os investimentos, a União optou por dividir a obrigação com a iniciativa privada. “O governo vinha tentando tapar o sol com a peneira, centrando tudo na questão do consumo, sem atacar a raiz do problema. Agora, a sinalização é de que avançaremos em infraestrutura e logística, para tornar o país mais competitivo”, afirma. (Gazeta do Povo)

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