INFORME PECUÁRIO: Boletim traz informações sobre o mercado de carnes e leite

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O Informe Pecuário, elaborado pela Gerência Técnica e Econômica da Ocepar (Getec), traz na edição número 7, publicada nesta segunda-feira (15/06), dados sobre o comportamento do mercado externo e interno, além da produção, das carnes bovina, suína e de frango e também do leite. São informações referentes aos meses de maio e abril, com base em levantamentos do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio, Ministério da Agricultura, Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, Embrapa, entre outras instituições.

1. Mercado - Carne Bovina

1.1. Mercado Externo          

            As receitas com exportações de carnes, que sinalizavam uma recuperação, voltaram a recuar em maio, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC). O quadro sugere que a demanda dos países importadores ainda não retomou aos níveis normais. A receita obtida com as exportações brasileiras de carne bovina in natura recuou 5,4% em maio de 2009 na comparação com o mês de abril, para US$ 234 milhões. Já em relação ao mesmo mês de 2008, em valor, as vendas externas despencaram 37,6%. Segundo relatório do MDIC, os embarques totalizaram 75,1 mil toneladas no mês passado, volume 11,8% inferior ao exportado em abril e 23,2% menor em relação a maio de 2008.

            Apesar do recuo, o preço médio da carne bovina in natura brasileira vendida no mercado internacional melhorou em relação ao mês de abril, com um aumento de 7,2%, o valor médio pago por tonelada foi de US$ 3.121/tonelada. Apesar da recuperação o preço médio atual ainda é menor do que os US$ 3.841 atingidos em maio de 2008, a desvalorização pode ser atribuída aos reflexos da crise mundial e também à diminuição das vendas a clientes tradicionais como a UE, que pagam melhor pela carne bovina exportada.

1.2. Mercado Interno

            No mercado interno as negociações entre o setor produtivo e a indústria continuam conflitantes. Na maioria das regiões produtoras o clima vem reduzindo o volume das pastagens e, com isso, os compradores tentam forçar recuos nos preços da arroba. Os frigoríficos estão na expectativa de que pecuaristas aumentem a oferta por conta dos impactos das temperaturas mais baixas, e por outro lado estão cautelosos devido às incertezas quanto à demanda por carne. Devido a esta retração compradora, as cotações da arroba foram fortemente pressionadas, mesmo com a oferta de animais para abate baixa e as escalas curtas nos frigoríficos. 

            No final de maio, o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a 80,22 R$/arroba, registrando queda de 1,7%. O indicador a prazo apresentou recuo de 1,6%, sendo cotado a 81,03 R$/arroba. Em relação ao mesmo período do ano passado o preço da arroba está cerca de 7,9% menor. No Paraná, segundo dados do Sindicarne - Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados, a média do boi gordo no mês de maio foi entorno de 74,85 R$/arroba, representando uma queda de 0,8% em relação ao mês anterior.

1.3. Produção

            Dados preliminares do Ministério da Agricultura (MAPA) apontam que no mês de abril deste ano, foram abatidos 1,6 milhões de animais, um valor 23% menor que o mesmo período de 2008, reforçando a queda do volume do abate com a redução de oferta de animais. O Paraná segue ao contrário, no mesmo mês foram abatidos 64 mil cabeças, um aumento de 20% em relação ao número registrado no mês anterior (53 mil cabeças).

2. Mercado - Carne Suína

2.1. Mercado Externo

             Maio foi um mês negativo para as exportações de carne suína brasileira. Um resultado da combinação entre a sistemática queda nos valores pagos pela carne vendida no comércio internacional e os reflexos negativos junto aos consumidores das notícias envolvendo a Gripe A (H1N1), desde a última semana de abril. Os dados do MDIC mostram que as exportações de carne suína in natura totalizaram 46,4 mil toneladas em maio. O volume foi 15% menor do exportado em igual período de 2008. Já a receita obtida com as exportações caiu 40% no mesmo período, para US$ 94,2 milhões. Em relação ao resultado de abril de 2009, as vendas externas no mês passado recuaram 3,5% em volume e apenas 1,2% em valor.

            Neste ano, os volumes de carnes embarcadas para o exterior vinham tendo um desempenho razoável diante da força da crise internacional sobre os mercados tradicionais, e chegaram até a surpreender no mês de abril, mas os resultados permanecem negativos.           

2.2. Mercado Interno 

            Com os resultados negativos nas exportações o mercado interno passa a ter maior atenção do produtor e da indústria de carne suína, na expectativa de obter bons resultados com o consumidor brasileiro. Porém, os preços da carne suína e do animal vivo vêm recuando no mercado interno. A queda pode estar atrelada às especulações do mercado com a notícia da gripe A (H1N1).

            Por enquanto, não houve uma redução significativa na demanda por suíno vivo ou carne, mas as incertezas quanto ao comportamento do consumidor podem afetar os preços. No mês de maio, nas cotações do Sindicarne, o preço médio do Suíno Tipo Carne foi de 1,56 R$/kg, sofrendo pouca variação em relação ao mês anterior.            

2.3. Produção

            O MAPA registrou no mês de abril um abate nacional de 2,1 milhões de cabeças, valor 7% menor que o resultado registrado em março. Com relação ao mesmo período em 2008, a variação foi negativa de aproximadamente 3%. No Paraná o abate teve um acréscimo de 11% com 412 mil animais abatidos.

3. Mercado - Carne de Frango

3.1. Mercado Externo

            Dados da ABEF - Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos indicam que em maio passado as exportações brasileiras de carne de frango somaram 303.767 toneladas, recuando 15,9% e 7,9% em relação, respectivamente, a maio de 2008 e a abril de 2009. Em função do último resultado, o volume acumulado no ano de 1,4 milhões de toneladas, ficou negativo em 2,2% comparativamente ao mesmo período de 2008. Em abril o setor havia registrado expansão de 2% sobre o mesmo quadrimestre do ano anterior. De acordo com o MDIC, a receita obtida com as exportações de carne de frango in natura caiu 34% no mesmo período, para US$ 381 milhões. Em relação ao resultado de abril deste ano, as vendas externas recuaram 14% em volume e 10% em receita.

            O setor pode ter na abertura de novos mercados, a possibilidade de melhoria nos resultados das exportações. Há uma ex­pec­ta­ti­va do se­tor com as com­pras da Chi­na, que abriu as im­por­ta­ções ao fran­go bra­si­lei­ro e de­ve emi­tir as pri­mei­ras licenças. Mas há ou­tros mer­ca­dos aber­tos re­cen­te­men­te, co­mo os da Ín­dia e da Ar­gé­lia, e ­boas pers­pec­ti­vas de o ­País ini­ciar ne­gó­cios com a In­do­né­sia, Ma­lá­sia, Mé­xi­co e Ni­gé­ria.

            Dados da ABEF indicam que pouco mais de um terço (33,84%) do volume de carne de frango embarcado pelo Brasil no primeiro quadrimestre de 2009 teve por destino apenas três países - Hong Kong, Arábia Saudita e Japão, pela ordem. Outro terço (33,50%) foi destinado aos sete países que completam a relação dos "10 mais" - Holanda, Emirados Árabes, Venezuela, Kuwait, África do Sul, Iraque e Iêmen. E o terço final (ou quase: 32,66%) foi direcionado aos demais importadores da carne de frango brasileira, mais de uma centena de países. O que, em suma, também significa que apenas 10 países receberam mais de dois terços (67,34%) da carne de frango exportada pelo Brasil entre janeiro e abril deste ano.                       

3.2. Mercado Interno 

            Os preços da carne de frango estão relativamente estáveis no mercado brasileiro. Os preços da carne de frango subiram em maio no mercado interno, sendo a única entre as concorrentes (suína e bovina) que apresentou alta, segundo análises do Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Esse resultado é proporcionado pela baixa disponibilidade interna do produto em abril, que registrou o menor nível dos últimos 32 meses, com apenas 522,2 mil toneladas, segundo cálculos da Apinco (Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte). O volume de abril foi 10,4% menor que o de março deste ano e 18,4% inferior ao de abril de 2008.

            Segundo a Secretária da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB), no mês de maio, o preço médio recebido pelos produtores no Paraná, para frango vivo foi de 1,61 R$/kg, uma redução de 3% em relação a abril.

3.3. Produção  

            Os dados do MAPA mostram que no mês de abril foram abatidas 334 milhões de aves, um resultado 11,6% menor que o mesmo período em 2008. Ainda em abril, no Estado do Paraná foram abatidas 91 milhões de aves, uma redução de 7% em relação a 2008.           

4. Mercado - Leite

4.1. Mercado Externo

            Segundo levantamento da Embrapa Gado de Leite, o saldo da balança comercial de lácteos nos primeiros quatro meses de 2009 foi negativo em US$ 17,2 mil (20,2 mil toneladas) e no mesmo período do ano passado o saldo foi positivo em US$ 88,2 mil (19,0 mil toneladas). Os principais itens comercializados que contribuíram para o saldo negativo, em 2009, foi o leite em pó e soro de leite. O leite em pó é o principal produto da balança comercial, nos quatro primeiros meses do ano, foram importados 33,5 mil toneladas, e exportados 10,6 mil toneladas, gerando um saldo negativo de 23,0 mil toneladas com valor de US$ 29,5 mil.

            Em 2008 o saldo da balança comercial de lácteos foi positivo em US$ 327,7 mil e aproximadamente 70 mil toneladas, segundo os dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O leite em pó e leite condensado foram os dois derivados mais vendidos no mercado internacional. Por outro lado, o soro de leite foi o produto que o Brasil mais importou, cerca de 36 mil toneladas, com valor de US$ 43 milhões.

            O principal produto exportado, nos primeiros quatro meses de 2009, foi o leite condensado, que somou 10,8 mil toneladas. Esse volume foi semelhante ao volume de comercializado no mesmo período de 2008, que foi de 11,8 mil toneladas. As exportações de leite condensado representaram 77% do volume total vendido em 2009 e geraram uma receita de US$ 16,8 milhões.            

4.2. Mercado Interno 

            Os preços do leite recebidos pelo produtor em maio (pelo leite entregue em abril) subiram com mais força que no mês anterior em todos os estados pesquisados pelo Cepea. O valor médio bruto dos sete estados considerados para a média nacional (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) foi de 0,66 R$/litro em maio, aumento de 5,86%, ou de 3,7 centavos por litro, frente ao pagamento anterior.

            Dentre os estados pesquisados, o maior aumento ocorreu em Goiás, com o litro ao produtor sendo reajustado em 7,58% ou em 4,7 centavos. Já o menor aumento, de 2,44% ou 1,27 centavo por litro, foi registrado para os baianos. Minas e São Paulo, em valores, tiveram aumentos iguais, de 3,3 centavos por litro.

            Para o Paraná, os preços de referência projetados para o mês de maio de 2009, segundo a metodologia definida pelo Conseleite-Paraná (Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Paraná), foram de 0,71 R$/litro para leite acima do padrão entregue na plataforma e de 0,56 R$/litro para leite abaixo do padrão. No caso do leite acima do padrão houve um reajuste de 11%.

4.3. Produção  

            O menor volume de leite captado pelas empresas nos últimos meses é o principal motivo para os atuais reajustes, de acordo com o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea, o volume de abril foi 2,9% menor que o de março. Se comparado abril deste ano com o mesmo período do ano passado, a diminuição é de 6,2%. De janeiro a abril deste ano, o ICAP-L do Cepea mostra diminuição de 7% em relação ao mesmo período do ano passado.

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