INDÚSTRIA: Setor planeja o maior investimento desde o Plano Real

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O Brasil já entrou em um novo ciclo de investimentos. Passado o trauma da crise, empresários de setores voltados para o mercado interno, como o automobilístico e o de eletrodomésticos, planejam aumentos de capacidade produtiva que não se viam desde o Plano Real. Levantamento do Bradesco aponta que, em outubro e novembro, 167 empresas anunciaram investimentos. O ano de 2010 ainda deve ser de ''recuperação'' do investimento, por causa do desempenho mais fraco dos exportadores, mas 2011 promete ser de ''febre'' graças aos eventos esportivos que ocorrerão no País -Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada de 2016 -, à exploração do petróleo do pré-sal e às grandes obras de infraestrutura. Os empresários já falam de ''anos mágicos'' para o Brasil.

Intenção - Um índice de intenção de investimentos da consultoria Tendências, elaborado com base nos anúncios de 21 setores da economia, chegou a 105,6 pontos em novembro, depois de cair para 39,5 em maio. Para o analista Bruno Resende, o indicador reflete o bom momento dos investimentos, mas também um ''represamento'' na crise. Entre os anúncios recentes, estão os planos bilionários de grandes empresas como Petrobras, Vale, Coca-Cola ou Gerdau, mas também investimentos pontuais como o R$ 1 bilhão da CPFL em distribuição de energia ou os R$ 443 milhões da Riachuelo na abertura de 12 lojas. Os analistas estimam uma taxa de investimento entre 18% e 18,5% do PIB em 2010, acima dos 16,9% previstos para 2009.

Recuperação - Se isso ocorrer, o País vai recuperar o nível de antes da crise, mas será um resultado bem inferior aos 21% prometidos na Política de Desenvolvimento Produtivo como meta para 2010. O governo espera que o País invista entre 23% e 25% do PIB nos próximos anos, taxa que garantiria crescimento sustentável de 6% ao ano e tiraria o Brasil do grupo dos países que investem pouco. Uma série de indicadores demonstra a retomada do ''espírito animal''- termo usado pelo economista John Maynard Keynes para descrever o ânimo dos empresários. No terceiro trimestre, o investimento cresceu 6,5% em relação ao segundo e puxou a alta do PIB. A demanda por financiamentos do Finame/BNDES ultrapassou o recorde de setembro de 2008. O resultado das condições camaradas de crédito foi um aumento nas vendas de máquinas e caminhões. ''O Brasil está entrando em um novo ciclo de investimentos'', diz o presidente da Romi, Livaldo Aguiar dos Santos.

Fábricas - Outro termômetro importante é o ritmo de funcionamento das fábricas. Sondagem da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que, em novembro, a indústria de bens de consumo utilizava 86,5% de sua capacidade produtiva, nível levemente acima dos 86,3% de agosto de 2008, antes da crise, e muito acima dos 78,4% de janeiro.

Mercado interno - Para o chefe do departamento de pesquisa do BNDES, Fernando Puga, esse novo ciclo de investimentos é diferente do que ocorria antes da crise, quando todos os setores planejavam expansão. ''Hoje os investimentos estão concentrados nos setores voltados ao mercado interno.'' O presidente da Braskem, Bernardo Gradin, disse que ''anos mágicos se aproximam para o Brasil''. O setor químico elevou os investimentos anuais da média de R$ 1 bilhão dos últimos anos para R$ 3,66 bilhões em 2009 e deve atingir R$ 4,5 bilhões em 2010 e R$ 4,7 bilhões em 2011. (Agência Estado)

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