IMERSÃO: Diplomatas conhecem cooperativismo paranaense

  • Artigos em destaque na home: Nenhum
Cerca de 30 profissionais que atuam em embaixadas brasileiras conheceram o cooperativismo paranaense na manhã desta quarta-feira (15/07) durante visita realizada à sede do Sistema Ocepar, em Curitiba. São diplomatas que atuam em países da América, Europa, Ásia e África que estão participando, desde o último dia 6 de julho, da primeira edição do Programa de Imersão no Agronegócio Brasileiro promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Ministério das Relações Exteriores. "O principal objetivo dessa iniciativa é mostrar as garantias sanitárias públicas e privadas dos produtos agropecuários brasileiros", afirmou o diretor do Departamento de Promoção Internacional do Agronegócio do Mapa, Eduardo Sampaio Marques, que está acompanhando o grupo.

Divulgação - Na Ocepar, os diplomatas foram recebidos pelo presidente do Sistema, João Paulo Koslovski. "Gostaria de agradecer imensamente a presença de vocês. Em todas as ocasiões que tivemos o apoio de embaixadas em missões no exterior, nós conseguimos fechar negócios", afirmou Koslovski. "Acredito que vocês poderão nos ajudar a divulgar os nossos produtos, cuja qualidade nós garantimos pois nunca tivemos problemas mais sérios com os itens exportados pelas cooperativas do Paraná". Dessa forma, o presidente da Ocepar acredita que os diplomatas poderão contribuir para aumentar o potencial de exportação do país. "Temos produtos excepcionais em condições de atender o mercado internacional e, por traz desse trabalho, há 500 mil cooperados. Se nós conseguirmos avançar na colocação desses produtos, estaremos beneficiando não somente esse público. Podemos extrapolar isso a dois milhões e duzentas mil pessoas que dependem direta ou indiretamente das ações promovidas pelas cooperativas do Paraná", ressaltou.

Números - Koslovski apresentou os números do cooperativismo paranaense, lembrando que a maioria dos 120 mil cooperados filiados às cooperativas agropecuárias são proprietários de áreas inferiores a 50 hectares. "Setenta e cinco por cento dos cooperados são médios ou pequenos agricultores. No Oeste do Estado, onde é grande a produção de aves e suínos, a média das propriedades é abaixo de 20 hectares. Esses agricultores tem condições de sobreviver em função da agregação de valor existente nessas propriedades". Além disso, o presidente da Ocepar destacou o alto nível de tecnologia adotado pelos agricultores paranaenses. "O Paraná se destaca por ter o melhor nível de adoção de tecnologia do país. As nossas cooperativas dispõem de 1300 profissionais atuando no campo, diretamente com o agricultor. Além disso, existem outros 800 profissionais da extensão rural, além de pesquisadores de várias instituições, como a Coodetec, que promovem o acesso rápido e eficiente das informações tecnológicas. Nós aglutinamos esse pessoal por meio de eventos que promovem a difusão de tecnologias", frisou.

Sescoop - Além disso, ele ressaltou os trabalhos realizados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/PR). "O nosso braço de treinamento é o Sescoop. Em dez anos de existência, já deu uma contribuição significativa no sentido de profissionalizar o cooperativismo do Paraná. De acordo com Koslovski, em 2008, o Sescoop/PR promoveu, com apoio das cooperativas, mais de três mil eventos, capacitando cerca de 100 mil pessoas, entre dirigentes de cooperativas, colaboradores, cooperados e seus familiares. "Atualmente estamos promovendo 11 cursos de aperfeiçoamento profissional e MBA. Isso mostra o tamanho da nossa preocupação em ter cada vez mais pessoas preparadas para os desafios que apresentam o comércio interno e externo", acrescentou.

Agroindustrialização - De acordo com Koslovski, as cooperativas agropecuárias do Paraná estão trabalhando com a meta de atingir, em 2015, 50% de produtos industrializados. "Atualmente o índice atinge 38% o que é bastante significativo, já que na maioria dos demais estados brasileiros esse percentual não chega a 20%. Dessa forma, isso representa um avanço no processo de agroindustrialização", disse. Para este ano, as cooperativas estão prevendo investimentos na ordem de R$ 1 bilhão e o setor das agroindústrias deverá absorver 58% desse montante, de acordo com planejamento para os anos de 2009/10. O presidente da Ocepar lembrou ainda que as cooperativas paranaenses são responsáveis por 18,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná e 56% do PIB agropecuário. "Isso dá a dimensão da grandeza das cooperativas do Paraná". Ressaltou ainda que, nos primeiros cinco meses do ano, as exportações realizadas diretamente pelo cooperativismo paranaense cresceram 7% e que o maior exportador do país nesse período foi a cooperativa Coamo. Atualmente são 80 as linhas de produtos exportados pelo setor cooperativista paranaense. "Já exportamos para 79 países. Isso é importante para nós pois pulveriza até o risco de mercado, o que é fundamental", afirmou Koslovski.

Outras frentes - Ele lembrou ainda que as cooperativas são empresas diferenciadas porque também promovem ações com responsabilidade e comprometimento social. "As cooperativas são sociedades mercantis diferenciadas, onde os cooperados são donos e usuários. Além de todo o serviço que presta a seus cooperados pode ainda dividir as sobras. Somente no ano passado, R$ 700 milhões de sobra voltaram para os cooperados, promovendo uma distribuição de renda". Koslovski também ressaltou o trabalho desenvolvido por outros ramos do cooperativismo, como saúde, que atualmente atende 1.250.000 pessoas no Paraná, e crédito. "As cooperativas de crédito estão se estruturando e crescendo de forma geométrica. No futuro, vão ser o suporte das ações desenvolvidas pelos demais ramos do cooperativismo", acrescentou.

Enriquecedora - O chefe do setor econômico e comercial da Embaixada do Brasil em Tóquio, no Japão, Eduardo Teixeira, avaliou o Programa de Imersão no Agronégócio como uma experiência enriquecedora. "Em nossa rotina, nós lidamos mais com papéis e agora nós estamos conferindo in loco como é a realidade do setor. Fiquei impressionado com a dimensão das cooperativas no estado do Paraná. Aqui, as cooperativas tem um papel muito forte na economia paranaense. Com essas informações que estamos obtendo teremos condições de atuar melhor na embaixada e isso pode facilitar o nosso trabalho pois agora sabemos os contatos existentes no Brasil com os quais podemos tratar para divulgar os produtos que os japoneses tem interesse",afirmou.

Novidade - Para Daniel Ferreira, que irá atuar na Embaixada do Brasil no México a partir do mês de agosto, as informações obtidas por meio do Programa representaram uma grande novidade. "Estivemos em São Paulo, Minas Gerais, entre outros estados, e aqui pudemos observar que o trabalho realizado pelas cooperativas paranaenses, além de ser sustentável, tem uma dimensão social. Elas são empresas orientadas pelo lucro, mas com a preocupação em dividir os benefícios. O presidente Koslovski também destacou o atendimento à saúde e a área de crédito e, assim, pudemos ter uma visão mais global do setor", disse. "São informações que vão contribuir para o nosso trabalho. É diferente quando você conhece o produto e lá no México o mercado ainda é fechado para os brasileiros, devido à concorrência com os norte-americanos. Mas há um grande potencial, principalmente para os produtos como frangos e suínos", completou.

Úteis - "As informações que estão sendo repassadas são bastante úteis, pois vai facilitar o diálogo com as embaixadas e o atendimento às demandas dos próprios postos", afirmou Carolina Costellini, que atua na Divisão de Agricultura e Produtos do Ministério das Relações Exteriores. "O papel da divisão é levar para fora as informações sobre o Brasil e agora nós vamos conseguir rebater as críticas de que a agricultura brasileira é um setor bastante concentrado e que atende aos interesses de grandes agricultores. Verificamos aqui que os pequenos agricultores fazem um grande trabalho em áreas menores. Mostrou uma outra faceta que vai contribuir para as exportações. Agora temos exemplos de uma outra realidade", acrescentou.

Potencial - A visita ao Sistema Ocepar propiciou a Majid Abaiian, técnico de promoção econômica e social da Embaixada do Brasil no Canadá, uma oportunidade de ter acesso a informações totalmente desconhecidas. "Fiquei impressionado. A gente nem imaginava que existiam cooperativas com um trabalho tão grande e eficiente. Nós vamos sair daqui com outra visão sobre o potencial do Brasil. Foi uma iniciativa essencial e iluminante para todos nós", acrescentou. De acordo com ele, o comércio entre o Brasil e o Canadá movimenta cerca de U$ 5 bilhões por ano. "Isso deve aumentar. O Canadá já importa U$70 milhões por ano de frango do Brasil e esperamos incluir a carne bovina. O café, o suco de laranja, a castanha de caju e frutas como manga, papaia e laranja in natura são outros itens brasileiros exportados para o Canadá", acrescentou.

Programação - A visita dos diplomatas à Ocepar também foi acompanhada pelo superintendente adjunto, Nelson Costa, e pelo diretor executivo do Coonagro (Consórcio Nacional Cooperativo Agropecuário), Daniel Dias. Depois de conhecer o sistema cooperativista do Paraná, o grupo se deslocou até o Porto de Paranaguá. Nesta quinta-feira (16/07), eles visitam as cooperativas Batavo e Castrolanda. O Programa de Imersão no Agronegócio encerra na sexta-feira (17/07), em Brasília.

Conteúdos Relacionados