GRÃOS I: Esperança está na reação das cotações
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Prejuízo real - Mas o prejuízo financeiro real não será tão grande, considera o secretário de Agricultura, Valter Bianchini. Na sua avaliação, o mercado respondeu à quebra com alta nos preços, o que compensa parte das perdas. Em janeiro, os preços do milho e da soja chegaram a subir 23% e os do feijão aumentaram 26% no estado. Em fevereiro, contudo, com a quebra precificada, as cotações voltaram a recuar, relata Margoteth Demarchi, agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab. Desde o pico de janeiro, o cereal caiu 6%, a oleaginosa 3% e a leguminosa 25%.
Pior caso é o do feijão - De uma forma ou de outra, a quebra da atual safra de verão não irá ter grande impacto negativo na renda agrícola do ano que passou, afirma o diretor do Deral, Francisco Siminoni. "O VBP (Valor Bruto da Produção) de 2008 considera a comercialização da safra 2007/08, que foi excelente tanto em preços quanto em produção", esclarece. Para o secretário Bianchini, o VBP da agropecuária paranaense vai crescer 19% ante 2007, para R$ 38,8 bilhões. "Mas esta quebra compromete a renda agrícola de 2009. Estimamos que o impacto será de R$ 1 bilhão", diz Bianchini. No caso do feijão de verão, esta é a maior quebra de safra já registrada no estado, mas não deve comprometer o abastecimento nacional. A produção recuou no Paraná e em Santa Catarina, mas a queda na produção sulista foi compensada pelos ganhos expressivos em São Paulo (+73%), Minas Gerais (+19%), Goiás (+34%) e Piauí (+82%).
"Vamos precisar muito da safrinha" - Entre as culturas de verão, o milho é a que tem situação mais incerta. No ano passado, a elevação dos custos de produção encolheu em 3% a área plantada no Brasil. No Paraná, a queda foi de 7,5%. Com a estiagem, a primeira safra nacional, que tinha potencial para 38,2 milhões de toneladas, vai render 32,9 milhões (14%), ainda segundo a Conab. No ano passado, o país colheu safra recorde, de quase 40 milhões de toneladas. Mais uma vez, o Paraná foi o estado que mais sofreu com a falta de umidade, e teve a maior quebra da história. "O baque no quadro de suprimento será grande", alerta a agrônoma do Deral Margoreth Demarchi, acrescentando que Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, boa parte do Centro-Oeste do país e alguns estados do Norte e Nordeste também tiveram a produção frustrada neste ano. "Vamos precisar muito da safrinha", completa a técnica.
Segunda safra - Em seu levantamento mais recente, divulgado na semana passada, a Conab ainda não apresentou projeções para a segunda safra brasileira de milho. Por enquanto, mantendo a área plantada do ano passado e reajustando a produtividade conforme a linha de tendência histórica, a estatal espera produção 6,8% menor em 2009. Para o mercado, a área plantada, de fato, não irá cair tanto como se imaginava inicialmente, já que houve melhora no cenário de custos e preços.
Estimativa oficial - A primeira estimativa oficial de intenção de plantio de milho na safrinha do Deral indica redução de 3% no plantio, para 1,55 milhão de hectares, mas aumento de 10% no rendimento médio estadual. Em 2008, o estado cultivou área recorde, mas o resultado da segunda safra foi frustrado por geadas e a produção cresceu apenas 2% ante o ano anterior, chegando a 5,7 milhões de toneladas. Agora em 2009, sob condições normais de clima, o estado tem, segundo o Deral, potencial para colher 6,4 milhões de toneladas. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)