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COOPERATIVAS DO PR UNEM FORÇAS PARA CONQUISTAR MERCADO

Depois de mais de 30 anos, as cooperativas agropecuárias do Paraná voltam a traçar um plano conjunto de crescimento a longo prazo. A meta das 62 instituições ligadas à agricultura e pecuária, que reúnem cerca de 100 mil associados e faturaram R$ 6,9 bilhões no ano passado, será a intensificação de parcerias estratégicas entre si, principalmente para a industrialização do que produzem, visando a exportação. "Precisamos aproveitar as potencialidades do sistema para sobreviver num mercado cada vez mais competitivo", afirma João Paulo Koslovski, presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), que congrega todas as cooperativas agropecuárias e demais ramos no Estado. "Se transformarmos nossa produção agrícola em carne e em produtos industrializados, ganharemos valor agregado e aumentaremos a escala". No ano passado, as cooperativas paranaenses exportaram o equivalente a US$ 600 milhões, metade do movimento total do setor no País. O faturamento de R$ 6,9 bilhões das cooperativas representa o equivalente a 50% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola do Paraná, que no ano passado foi de R$ 11,8 bilhões.

Fórum - A nova estratégia foi traçada na semana passada, durante um fórum, em Curitiba, do qual participaram os presidentes das 41 maiores cooperativas paranaenses. Agora, o projeto será detalhado em reuniões regionais (nos cinco núcleos em que é dividido o sistema: Centro-Sul, Norte, Noroeste, Oeste e Sudoeste). A cada três meses, os grupos se reunirão em Curitiba. Na década de 70, as cooperativas decidiram investir na profissionalização de seus quadros e na agroindustrialização. Segundo Koslovski, o plano estará concluído em dois anos. As parcerias deverão ser formadas por área de afinidade entre cooperativas. Poderão resultar, por exemplo, na construção de uma fábrica conjunta de iogurtes e bebidas lácteas, por várias unidades que já industrializam o leite. Outra possibilidade é a associação logística, para a compra de insumos agrícolas, embalagens para produtos industrializados, transporte e até assistência técnica, em convênio com órgãos estatais. Em todos os casos, o objetivo é reduzir custos e melhorar a rentabilidade. "Podemos até aproveitar o retorno dos navios que exportam nossa produção para importar matéria-prima para fertilizantes", diz Koslovski.

Parcerias - Se vier a se consolidar, o plano estratégico da Ocepar tornará comum uma situação que já ocorre na prática, mas em pequena escala. Muitas cooperativas do Estado - de pequeno, médio e grande porte - já descobriram na parceria uma forma de ampliar negócios e reduzir custos. A associação estratégica já uniu os dois gigantes do setor - a Cooperativa Agropecuário Mourãoense (Coamo), a maior da América Latina, que faturou R$ 1,6 milhão no ano passado, e a Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá (Cocamar), a segunda maior do Paraná, com faturamento de R$ 603 milhões em 2001. A Cocamar ocupa parte da capacidade ociosa de sua indústria moendo, a cada safra, cerca de 150 mil toneladas de soja pertencente à Coamo. A Cocamar também refina mensalmente para a Coamo cerca de 100 mil caixas de óleo resultante dessa moagem. Em troca, a Coamo vende a Cocamar sementes de soja e cede seu terminal graneleiro no Porto de Paranaguá, que tem capacidade para estocar 100 mil toneladas e embarcar 3 mil toneladas por hora. Com a cooperativa Agrária, sediada em Guarapuava (centro do Estado), a Coamo tem um convênio de moagem que resulta em 150 mil toneladas de farelo de soja a cada safra. Para o presidente da Coamo, Aroldo Galassini, a primeira etapa a vencer na construção de parcerias é a quebra de bairrismos".

Frango - Na opinião de Valdir Aparecido D'Alécio, vice-presidente da Cooperativa Agropecuária União (Coagru), de Ubiratã (Oeste do Paraná), as parcerias são a essência do cooperativismo. No último dia 25, a Coagru firmou acordo na área avícola com a Cooperativa Agropecuária Consolata (Copacol), de Cafelândia do Oeste. Cooperados da Coagru receberão pintinhos, insumos e assistência técnica da Copacol. Depois de 45 dias, eles entregarão os frangos para a cooperativa de Cafelândia, que cuidará do abate e da venda da carne. O acordo prevê, num primeiro momento, a entrada de 300 mil aves a cada 45 dias. Para a Copacol, dona de um dos dez maiores abatedouros de frango do País, que atua no setor há 20 anos, a parceria significa mais oferta de matéria-prima. Para a Coagru, é um aprendizado numa atividade em que ela se lançará a partir de 2004, quando concluirá seu frigorífico, que terá capacidade para abater 40 mil aves por dia. Serão investidos cerca de R$ 10 milhões na obra. Coagru também desenvolve uma parceria-piloto com a Sudcoop, de Marechal Cândido Rondon e Medianeira (Oeste do estado). Quatorze produtores rurais entregam 5 mil litros de leite por mês à indústria da Sudcoop. Segundo D'Alécio, a cooperação será ampliada. "O objetivo é, com a industrialização, aumentar nosso faturamento e a renda dos cooperados", diz o vice-presidente. A Coagru faturou R$ 92 milhões em 2001. (Jornalista Valmir Denardin - Caderno Sul)

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