GASTOS NA LAVOURA: Internet favorece redução de custos para produtor rural

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A Internet se transformou em uma excelente ferramenta para o produtor rural reduzir gastos na lavoura. É o que serviços eletrônicos de previsão de tempo têm feito: além de fornecer, rotineiramente, dados meteorológicos, agora, de olho na demanda dessas informações pela agricultura, esses serviços estão se especializando para oferecer boletins personalizados, conforme as necessidades do produtor. "Consulto, todos os dias, pelo menos três sites de meteorologia", diz o produtor Hans Scholten, da Fazenda Faxinal, em Paranapanema (SP). Scholten produz, com o pai e os dois irmãos, feijão, milho, soja, trigo e algodão. "Hoje, esses serviços de previsão de tempo são ferramenta imprescindível para o agricultor, sobretudo no que diz respeito a um melhor planejamento e à condução da lavoura." Conforme o produtor, a agrometeorologia está crescendo no País e, prova disso, é a confiabilidade dos dados e a porcentagem de acertos. "Consultando sites especializados é possível ter uma boa noção de como o clima irá se comportar", diz Scholten, que, com um laptop, consegue navegar pelos sites agrometeorológicos em qualquer lugar e a qualquer hora.

Lavoura programada - Conforme o pesquisador Eduardo Delgado Assad, da Embrapa Informática Agropecuária, os serviços de meteorologia avançaram muito nos últimos anos e, dada a importância da atividade agropecuária, criou-se a agrometeorologia. A Embrapa mantém, junto com o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o site Agritempo. Em 2002, quando o serviço começou a funcionar, o número de acessos variava de 20 a 30 por dia. "Hoje são cerca de 6 mil." Desse total, calcula-se que 60% sejam de agricultores. Segundo Assad, o produtor, sabendo ou pelo menos tendo idéia do clima, pode se programar, isto é, ele consegue planejar desde o plantio, passando pelos tratos culturais, até a colheita e a comercialização. "A agrometeorologia permite ao produtor saber qual a melhor época para plantar e, ainda, como conduzir a lavoura de forma eficiente", afirma o pesquisador. O serviço da Embrapa, conforme Assad, tem uma proporção de acertos de oito safras em dez. "Produtores nos relataram que, antes de consultarem algum tipo de serviço de previsão de tempo, as perdas médias eram de uma safra em três e que as chuvas a seca eram responsáveis por 30% a 40% das perdas em uma única safra", conta. "Hoje, desde que não haja nenhum fenômeno climático, é possível programar-se e diminuir o índice de perdas." Assad calcula que o plantio na hora certa, auxiliado pela agrometeorologia, resulte em ganhos de até 400 quilos/hectare em produtividade. "A idéia é minimizar o efeito São Pedro", brinca.

Insumos - Para o agrônomo e consultor Paulo de Araújo Barros Filho, que presta serviços na região de Guaratinguetá (SP) para produtores de milho e cana-de-açúcar, com a previsão é possível programar, por exemplo, a compra de insumos, como adubo e sementes. "Se o produtor, por exemplo, acessar o site e ver que o clima será mais seco, ele comprará sementes mais resistentes à falta de chuva", diz. "Com o adubo é a mesma coisa: se houver previsão de chuva, o produtor pode atrasar a adubação, para não perder na chuva o adubo aplicado." "O acerto não é de 100%, mas os dados são bastante confiáveis. O índice de acerto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) é de 90%", acredita, acrescentando que, monitorando o plantio desde o início, os riscos de perdas diminuem. O coordenador da Área de Agrometeorologia do Instituto Agronômico (IAC), Orivaldo Brunini, diz que, hoje, qualquer produtor com um nível mínimo de informação, obrigatoriamente, deve buscar dados meteorológicos. "É uma ferramenta essencial." Por mês, o site do IAC recebe cerca de 100 mil acessos, inclusive do exterior. O IAC abre também a oportunidade para que produtores que tenham estação meteorológica na propriedade possam se cadastrar e inserir dados no site. Segundo Brunini, o site tem dois tipos de usuários: os interessados em informações gerais, obtidas na navegação simples pelo site; e os que querem informações mais específicas. "Neste caso, eles devem preencher um cadastro no próprio site e solicitar a informação desejada", explica. "Nós a forneceremos gratuitamente." (Agência Estado)

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