FÓRUM III: O futuro do agronegócio foi um dos temas do evento

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Outro tema abordado durante o Fórum de Mercado, promovido pelo Sistema Ocepar, nessa quarta-feira (22/11), em Curitiba, foi sobre o “futuro do agronegócio”. Foram convidados para participar do painel, o sócio da Consultoria norte-americana McKinsey, Mikael Djanian, Edenilson Carlos de Oliveira, diretor de logística da Coamo, e Alexandre Tomen, gerente comercial da C.Vale, que, durante uma hora, abordaram tecnologia, infraestrutura e descarbonização. 

McKinsey - Na abertura, o moderador do painel, Mikael Djanian, fez uma rápida apresentação sobre as principais oportunidades para o agronegócio brasileiro. Ele destacou a necessidade de se desenvolver uma plataforma de bioenergia e descarbonização a partir da utilização da biomassa, através o uso de matérias-primas, como a cana, bagaço, CO - gás carbônico e biomassas oleaginosas. 

Forças - Segundo Djanian, três forças irão moldar o futuro do agro: tecnologia, sustentabilidade e resiliência. “Essas três forças irão criar oportunidades e desafios para agricultores e cooperativas. Cada vez mais adoção de insumos biológicos (bioinsumos), reutilização de áreas degradas, monetização de soluções baseadas na natureza, aumento massivo do uso de tecnologia, por exemplo a inteligência artificial e superar os desafios logísticos que temos”. 

Agricultura Regenerativa - O Brasil se tornou referência no combate a pragas e doenças usando bioinsumos e que detém os melhores indicadores da chamada agricultura regenerativa. Agricultura regenerativa é aquela que utiliza processos que impactam positivamente a biodiversidade, melhorando a qualidade do solo, da água e do ar. Segundo Alexandre Tomen, gerente comercial da C.Vale, “este é um tema que precisamos levar tecnicamente, com conhecimento e não de forma ideológica como está sendo discutido com a sociedade”, lembrou. 

Potenciais - Durante o painel foram deixadas algumas indagações sobre esta liderança do agro: Como essas tendências mudam nossas perspectivas sobre o potencial e oportunidades a longo prazo? Que “grandes apostas” podemos implementar hoje, por exemplo, novas tecnologias, novos negócios para nos beneficiarmos dessas tendências? Como descarbonizar as operações sem perder competitividade? Como podemos nos organizar para evitar futuros apagões logísticos? Como podemos monitorar, diagnosticar e nos preparar para reduzir os riscos das volatividades  futuras em tempo real e como a digitalização e novas tecnologias podem tornar-se fontes de vantagem competitivas? Edenilson Carlos de Oliveira, diretor de logística da Coamo, ressaltou que “é mais do que necessário investimentos cada vez mais significativos em infraestrutura, especialmente em rodovias, ferrovias e portos, para evitar os apagões logísticos”, lembrou. 

Pesquisa - Recentemente, profissionais da McKinsey foram a campo e ouviram 5,5 mil agricultores da Europa, Ásia, América do Norte e América do Sul. O objetivo foi sondar o quão presentes as práticas sustentáveis estão no dia a dia do cultivo de milhões de hectares de lavouras mundo afora. Os resultados foram publicados no jornal Gazeta do Povo. Eles apontam que ao contrário do que insistem em atacar o agronegócio e colocá-lo em oposição ao meio ambiente. Quando se adotam métricas objetivas de avaliação, fica mais difícil – tanto os críticos internos quanto para os concorrentes internacionais – desqualificar o agro brasileiro, segundo o jornal. 

Plantio direto - Segundo a pesquisa McKinsey, o cultivo agrícola sem reviramento da terra (direto na palha) é prática declarada, ou está no radar de curto prazo, de 83% dos produtores comerciais brasileiros, contra 69% dos canadenses, 67% dos europeus, 60% dos americanos, 11% dos indianos e 9% dos chineses. Em relação às culturas de cobertura (para evitar que o solo fique descoberto nas entressafras), apenas os europeus estão à frente dos brasileiros, com 82% de adesão contra 59%, enquanto 50% dos americanos e 53% dos chineses declararam adotar a prática. Na aplicação direcionada de fertilizantes e com taxas variáveis, os brasileiros são os únicos a adotarem a prática acima de 50%. 

Transição de gerações - Para entender o processo de modernização e inovação na agricultura brasileira, é preciso olhar para a transição de gerações. Segundo Mikael Djanian, sócio da McKinsey em São Paulo, a primeira pesquisa, há três anos, já havia detectado "uma força" que empurrava o movimento tecnológico no campo. "Tem uma geração mais nova assumindo a propriedade dos pais, e eles carregam muito isso de tecnologia, ambição de crescer, abertura a tomar riscos. O que antes era uma das hipóteses, a transição geracional, se confirmou com os dados desta última pesquisa", observa. 

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