FÓRUM FINANCEIRO I: Os projetos que vão levar o cooperativismo a atingir a meta de R$ 200 bilhões em faturamento

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Em 2021, ainda sob a sombra da pandemia da Covid-19, o cooperativismo do Paraná avançou em números e ações, ultrapassando a meta traçada em seu planejamento estratégico de dobrar o faturamento, passando de R$ 50 bilhões para R$ 100 bilhões. Para manter a trajetória de crescimento, o setor debruçou-se na construção de um novo planejamento estratégico, o PRC200, que também tem como meta dobrar a movimentação financeira, atingindo R$ 200 bilhões de faturamento. O detalhamento de como o setor pretende atingir as metas do seu novo planejamento estratégico, que incluem, ainda, atingir R$ 10 bilhões de sobras líquidas, 4 milhões de cooperados e 200 mil empregos diretos, foi apresentado na tarde da última sexta-feira (29/05), em Curitiba, durante o Fórum Financeiro do Sistema Ocepar. 

Visão - O evento reuniu 87 participantes, entre profissionais que atuam na área financeira das cooperativas do Paraná, agentes financeiros e parceiros econômicos desse setor que, no ano passado, mesmo enfrentando os reflexos da pandemia, movimentou R$ 153,6 bilhões e finalizou o período com 127 mil pessoas empregadas nas 216 cooperativas registradas no Sistema Ocepar. “O objetivo aqui é apresentar uma visão de onde estamos e onde queremos chegar, inclusive com as demandas por investimentos na ordem de R$ 30,3 bilhões até 2026. Temos uma expectativa enorme em relação ao novo Plano Safra, porque estamos diante de uma Selic com mais de dois dígitos, então, vamos ver como o Banco Central vai resolver essa equação”, disse o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken.  

Rural e urbano - O dirigente contou ainda que nesta segunda-feira, dia 2, será realizada uma audiência com o novo ministro da Agricultura, Marcos Montes. “Vamos falar sobre os ramos agro e crédito, e ouvir do ministro as estratégias para o novo plano safra. Temos que ter um respaldo para que o cooperativismo se mantenha firme em seus propósitos, não apenas de expansão das atividades, mas de manutenção daquilo que já foi conquistado. As cooperativas hoje movimentam a economia”, frisou.

Desenvolvimento - Além disso, completou o dirigente o cooperativismo vem contribuindo para aproximar o urbano e o rural. “Se tem uma palavra que vem caindo em desuso é ‘diferença’. Hoje já não faz mais sentido diferenciar o rural e o urbano. O que interessa ao cooperativismo é o desenvolvimento regional, organizar economicamente as pessoas para que elas conquistem uma condição social melhor e não dependam de ninguém”, afirmou.

Projetos - Em sua fala, Ricken detalhou o mapa estratégico do PRC200, que inclui 20 projetos estruturantes que, por sua vez, são sustentados por cinco pilares: representação e defesa, comunicação e relacionamento, cooperação, inovação e socioambiental.  Os projetos abrangem áreas como representação institucional, infraestrutura e logística, inovação, alianças estratégicas, comunicação, mercado, governança e gestão. “O objetivo é o desenvolvimento sustentável do cooperativismo paranaense. Existe potencial para atingir as metas planejadas, inclusive, antes do prazo previsto. Estamos bastante otimistas.”

ESG+Coop - Depois da apresentação global do PRC200, o foco do Fórum Financeiro voltou-se para um dos projetos que compõem o plano: o projeto 14 que trata do Programa de Certificação de Cooperativas ESG+Coop. “Este é um assunto que vem sendo muito discutido. Nas entrevistas com os presidentes de cooperativas realizadas para estruturar o PRC200, este tema foi citado por 52% dos dirigentes do ramo agropecuário e por 50% do ramo crédito”, explicou o superintendente do Sescoop/PR, Leonardo Boesche.  

Objetivo - O objetivo do projeto 14 é criar um programa de monitoramento, avaliação e certificação das cooperativas do Estado do Paraná, com foco no atendimento a requisitos ambientais, sociais de governança e desempenho. “É uma proposta ambiciosa, mas a gente pensa, realmente, em desenvolver uma certificação. E toda essa jornada que estamos construindo vai nos levar para essa certificação dos indicadores econômicos, ambientais, sociais e governança, que é o ESG”, disse Boesche. “O objetivo é fornecer um documento para que a cooperativa, dentro da sua necessidade, possa apresentar ao mercado, comprovando que há um monitoramento de fora para dentro”, completou.

Programação - Na programação do Fórum Financeiro também houve apresentação dos indicadores econômicos do cooperativismo paranaense, com o coordenador de Monitoramento do Sescoop/PR, João Gogola, e palestra com o chefe do Departamento de Regulação, Supervisão e Controle das Operações do Crédito Rural e do Proagro (Derpo) do Banco Central do Brasil, Cláudio Filgueiras. 

Cenário - Após um intervalo dedicado ao esclarecimento de dúvidas, o professor da Makenzie, Ulisses Monteiro Ruiz de Gamboa, falou sobre as tendências e cenários econômicos para 2022/2023, com foco nos impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia. “As questões colocadas envolvem as reações das principais potências e o reflexo do conflito sobre a economia mundial a curto, médio e logo prazo”, afirmou.

Incerteza - Depois de apresentar um panorama geral sobre o conflito, o professor disse que ainda há muita incerteza em relação a intensidade da guerra, duração e sanções impostas à Rússia.  “É um desfecho difícil de prever e que, a curto prazo, está provocando um aumento das pressões inflacionárias, num mundo que já está vivendo uma inflação muito alta, reduzindo o ritmo de crescimento da economia”, contou.

Brasil - Em relação ao Brasil, segundo Ruiz de Gamboa, o cenário também é de muita incerteza, sendo que os impactos podem ser avaliados a partir de: inflação, juros e crédito, taxa de câmbio, exportações e importações, medidas populistas de enfrentamento queda no nível de atividade. “Estamos entrando no segundo ano consecutivo em que a inflação fica fora da meta. Os aumentos ocorrem praticamente a toda semana e já há instituições trabalhando com previsão da inflação chegar aos 9%. Diante disso, o Banco Central é obrigado a manter uma política monetária restritiva”, contou.

Perspectivas setoriais - Após falar sobre o cenário econômico nacional e internacional, o professor apresentou algumas perspectivas setoriais, entre as quais, o crédito mais escasso e mais caro nos canais tradicionais, e o agronegócio com menor crescimento estimado pela estiagem no Sul, mas com boa perspectiva na produção de bovinos e na segunda safra de milho, além da melhora nos preços internacionais, apesar do aumento dos custos de produção.

Saúde - No setor de saúde, a perspectiva é de aumento da demanda por serviços e procedimentos não emergenciais, e o setor pressionado por aumentos de custos, com previsões de muitas fusões e aquisições. “Os planos de saúde ainda se veem com problemas de repasses de aumentos de custos, o que tende a impactar relativamente mais a solvência dos contratados individuais”, disse.

Questões para reflexão - A palestra encerrou com a colocação de algumas questões para reflexão, entre as quais, se o boicote da China às sanções aumentará a desconfiança do Ocidente com o país, ampliando o entendimento de que é preciso tomar cuidado com as cadeias de produção dependentes desse país. Risco de recessão mundial, nova relação entre economia e geopolítica, e eleições presidenciais no Brasil, também são temas que precisam de uma atenção mais reflexiva, na avaliação do palestrante.

Clique aquii - O professor da Makenzie, Ulisses Monteiro Ruiz de Gamboa, disponibizou a apresentação utilizada em sua palestra "Tendências e Cenários para 2022/2023". Clique aqui para conferir. 

 

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