FÓRUM DOS PRESIDENTES I: BNDES libera R$ 26 milhões para industria da Corol

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Durante o Fórum dos Presidentes das Cooperativas do Paraná, realizado nesta terça-feira (12/09) na sede do Sistema Ocepar, em Curitiba, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Demian Fiocca anunciou a liberação de um financiamento de R$ 26 milhões à Corol, cooperativa com sede em Rolândia (PR). Participaram do evento 92 presidentes de cooperativas de diversos ramos. Um dos palestrantes do evento foi o próprio presidente do BNDES, que falou sobre os principais programas que o banco disponibiliza para o setor. Durante a palestra e também antes, durante uma coletiva à imprensa, Fiocca anunciou a liberação dos R$ 26 milhões para a indústria de moagem de trigo da Corol. Ele atendeu a imprensa acompanhado do presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, que falou aos jornalistas sobre a importância dos investimentos das cooperativas paranaenses na geração de emprego e renda, que devem totalizar quase R$ 800 milhões neste ano. O presidente do BNDES, por sua vez, afirmou que as cooperativas realizam um trabalho muito importante em apoio à agricultura familiar, setor que o banco está beneficiando com esse e outros financiamentos às cooperativas.

Pronaf – Segundo Fiocca, o BNDES tem reconhecido a importância da agricultura familiar, tanto que os financiamentos nesse setor cresceu de aproximadamente R$ 2 bilhões no ano de 2000 para R$ 9 bilhões em 2006. Enfatizou que o investimento da Corol, que totaliza mais de R$ 40 milhões, gerará 126 empregos diretos e indiretos, mas terá grande impacto social no campo com a ampliação da produção de trigo pelos associados da Corol. Atualmente a Corol tem 7.500 associados e gera 1.400 empregos diretos.

Investimentos – A Corol está investindo um total de R$ 40,9 milhões na indústria de moagem de trigo, que deve processar 128 mil toneladas do produto ao ano. O projeto será implantado em Rolândia, em terreno cedido pela prefeitura e o início das obras aguardando a conclusão das negociações com outro agente financeiro, que deverá complementar o financiamento. O novo projeto da cooperativa faz parte de uma política de industrialização iniciada em 1980, com a implantação da destilaria para produção de álcool e açúcar. Depois veio a produção de café, ração, concentrados e suco de laranja. O presidente da cooperativa, Eliseu de Paula, afirmou que “Num projeto como esse, o associado não é apenas um produtor de trigo, mas passa a ser o proprietário do moinho, ganhando também com os resultados industriais”. Com a indústria de farinha a cooperativa trabalha com a tranqüilidade do fornecimento de matéria-prima por cerca de 2 mil produtores de trigo.Também está em análise, no BNDES, o projeto de produção de carnes, no valor de R$ 115 milhões.

ALL e Klabin - Além de anunciar o financiamento para a Corol, de 26 milhões dos 41 milhões do total do projeto, Fiocca destacou dois empreendimentos importantes no Paraná, que ele vai visitar: a América Latina Logística (ALL), empresa responsável por ferrovias o Estado, e a Klabin, fabricante de papel e celulose. A Klabin receberá um financiamento de R$ 1,7 bilhão do BNDES, que faz parte de um projeto de R$ 2,6 bilhões. Fiocca veio a Curitiba acompanhado do diretor do BNDES para a área de crédito e social, Elvio Lima Gaspar. O presidente do BNDES ouviu algumas reivindicações de presidentes de cooperativas em relação ao acesso ao crédito e comprometeu-se a colaborar. Entre as reivindicações estão a redução na burocracia para acesso aos empréstimos, demora por parte dos bancos repassadores dos recursos e acesso direto aos recursos do FAT.

Palestra - Em sua palestra no Fórum dos Presidentes, o presidente do BNDES falou sobre a economia em 2006 e o papel do banco, abordando o papel da instituição no desenvolvimento nacional. O BNDES responde atualmente por 19% do total de crédito no País. O prazo médio dos financiamentos, em 2005, foi de 81 meses no BNDES, enquanto que no setor privado ficou em sete meses. Fiocca destacou o novo ciclo de desenvolvimento, com inflação baixa, geração de empregos e responsabilidade fiscal. Segundo ele, o saldo médio em transações correntes foi positivo em 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano, de 2003 a 2005. Ele falou ainda que a política de apoio regional foi reformulada, classificando os municípios pelos critérios de renda e dinamismo econômico e flexibilizando as exigências de garantias para regiões de baixa renda. O presidente do BNDES abordou o Prodecoop, que beneficia as cooperativas, garantindo maior competitividade, além de outras linhas disponíveis. De acordo com ele, os desembolsos para o Paraná cresceram mais de 20% desde o ano passado.

Trabalho conjunto - Ao final da apresentação de Fiocca, o presidente João Paulo Koslovski sugeriu a criação de um grupo de trabalho para afinar a sintonia com as cooperativas, que podem ser beneficiadas também por outras formas de crédito do BNDES. Fiocca mostrou-se aberto ao debate, dizendo que será dado encaminhamento ao assunto.

O fórum - Na opinião dos participantes, o evento é de extrema importância para avaliar a situação atual e fazer projeções para o futuro. Élio César Maruch, presidente do Sicredi Norte do Paraná, disse que na região Norte está havendo uma procura grande pelo plantio da cana-de-açúcar. “Tivemos anos difíceis, frustrações em função do clima e do mercado. O Sicredi tenta ajudar o produtor da melhor forma possível. Aguardamos agora que pelo menos os problemas climáticos normalizem”, comentou Maruch. Ele destacou a importância do fórum para trocar opiniões e ouvir palestras que permitem aos presidentes avaliarem melhor o cenário, fazer projeções e assim tomar as decisões mais acertadas.

Tradição - Já Luiz Roberto Baggio, presidente da Bom Jesus (Lapa), destacou o papel da Ocepar para agilizar as medidas de apoio ao agronegócio, além do envolvimento direto do Ministério da Fazenda no debate das ações. Ele destacou que medidas como o alongamento dos financiamentos foram importantes, mas ainda são pontuais, elas servem para dar oxigênio para o produtor rural durante a crise, segundo ele. “Falta uma política agrícola estruturada para o Brasil”, analisou. Baggio lembrou que a realização do fórum de presidentes é uma tradição da Ocepar. “É um momento de discussão e de amadurecimento de idéias. É o momento que o cooperativismo tem para discutir temas macroeconômicos, cenários, além do posicionamento do cooperativismo perante a evolução do País e como serão posicionados os investimentos das cooperativas”, afirmou. “Quem planeja precisa olhar cenário, até porque ele muda rapidamente”, resumiu.

Oportunidade - O presidente da Coamo, José Aroldo Galassini, reivindicou atenção ao caso da Credicoamo, que não é filiada aos bancos cooperativos. Ele pediu acesso direto ao BNDES para repassar recursos aos cooperados, como para aquisição de máquinas, por exemplo. “Foi uma oportunidade muito boa essa de o BNDE vir até aqui e nos apresentar os programas, inclusive alguns programas que não conhecíamos”.

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