Fórum de Crédito e Seguro Rural debate instrumentos de financiamento da atividade agropecuária
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Os instrumentos de financiamento da atividade agrícola foram destaque nesta terça-feira (18/11), no segundo e último dia do I Fórum de Crédito e Seguro Rural, realizado pelo Sistema Ocepar, em Curitiba.
O secretário nacional de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Wilson Vaz de Araújo, fez um balanço dos cinco primeiros meses de execução do Plano Safra 2025/2026.
“Esse ano, especificamente, enfrentamos uma dificuldade por conta da questão orçamentária. O Banco Central querendo reduzir o direcionamento de recurso, o que faz sentido do ponto de vista de política monetária. Mas, não faz sentido do ponto de vista de política pública, que é o que nós defendemos com o Plano Safra”, pontuou. Vaz disse também que houve uma limitação de fontes de recursos, citando a LCA (Letras de Câmbio do Agronegócio) como a principal fonte de financiamento do setor atualmente.
Em relação ao Plano Safra, o secretário destacou que é uma das políticas públicas mais longevas do Brasil. Ele observou que a viabilização do plano é sempre difícil porque depende de orçamento e esbarra nas incertezas da economia como inflação, taxa de juro e câmbio. “Mas, o produtor sabe que pode contar. A Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPR), o crédito rural e o seguro agrícola compõem a espinha dorsal da atividade”, ressaltou.
Ainda sobre o Plano Safra, Vaz elogiou a postura do Paraná, onde as entidades todas se reúnem e consolidam uma única proposta ao governo federal. “Isso nos ajuda muito na solução”, observou o secretário. Falando sobre o crédito rural, Vaz disse que “é o instrumento da vez”. E acrescentou: “é onde temos que concentrar nossos esforços porque está cada vez mais difícil refinanciar dívidas”.
FIDC Agro
A diretora administrativa e financeira da Fomento Paraná, Mayara Puchalski, falou sobre o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios nas Cadeias Produtivas do Agro (FIDC Agro Paraná). Ela lembrou que o lançamento do fundo veio em resposta ao setor produtivo que, em 2023, preocupado com as limitações do Plano Safra, solicitou ao governo do Estado que avaliasse ferramentas complementares para financiar a atividade. ‘’Estamos agora trabalhando no FIDC Agro 2”, informou. Segundo ela, a partir da segunda chamada pública, devem surgir 13 novos fundos, dos quais seis deles devem ser de cooperativas.
O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, presente ao evento reforçou a necessidade de se direcionar o fundo para as cooperativas. “No FIDC I, o beneficiário era o produtor rural, mas é importante olhar para as cooperativas. Estamos defendendo isso. Temos déficit de armazenagem no Paraná e o Fundo pode direcionar recursos para as cooperativas para financiar essas estruturas”, analisou. Ricken acrescentou ainda que o Fundo pode também financiar agroindústrias do setor cooperativista.
Mudanças no crédito rural
O consultor e palestrante especialista em crédito rural, Ademiro Vian, falou sobre as resoluções do Banco Central e as mudanças no Manual de Crédito Rural. Ele chamou a atenção para a alteração na metodologia para o cálculo das exigibilidades. “Antes, esse cálculo era feito mensalmente e agora passou a ser anual, o que acabou reduzindo a disponibilidade de recursos para o crédito rural”.
Para o especialista, o que está se vendo no momento é uma transição do sistema nacional de crédito rural para o sistema de financiamento privado da atividade agropecuária. Ele citou como exemplo a LCA (Letra de Câmbio do Agronegócio), que foi criada para financiar o crédito rural e hoje é direcionada para outros fins. “É preciso revisitar os instrumentos, como a LCA. E, se for o caso, mudar a legislação”, defendeu.
Safra e perspectivas de preços
Bruno Fonseca e Wagner Hiroshi Yanaguizawa, do Rabobank, apresentaram a palestra técnica sobre o tema Safra e Perspectivas de Preços Agrícolas e de Proteína Animal. Fonseca explicou a relação entre oferta e preço dos produtos agrícolas e falou sobre a perspectiva de investimentos em insumos por parte dos produtores. Para o especialista, em 2026 deve haver uma recuperação levemente positiva para os segmentos de fertilizantes e sementes, com recuperação melhor somente a partir de 2027. Já o setor de máquinas agrícolas, que já teve desempenho negativo em 2025, deve se manter assim nos próximos dois anos.
Em relação à proteína animal, Yanaguizawa destacou as boas perspectivas para o segmento de carnes, especialmente a suína. Em relação à carne de frango, segundo o especialista, o Brasil deve se consolidar como maior exportador do mundo e para a carne bovina também o cenário é bom, com recuperação de preço e margem positiva. Em relação à carne bovina, há perspectiva de desaceleração na produção global, apenas com o Brasil e a Austrália com previsão de aumento. Além disso, o especialista citou dois fatores que devem aquecer o consumo de carnes em 2026: a copa do mundo de futebol e as eleições presidenciais no Brasil. Mesmo com as perspectivas favoráveis, o representante do Rabobank chamou a atenção para os aspectos relacionados à questão sanitária e ao atendimento às questões de sustentabilidade, que devem ser seguidos para garantir a participação no mercado mundial.
O Fórum de Crédito e Seguro Rural é uma ação do Planejamento Estratégico do Cooperativismo Paranaense (PRC300), dentro do Projeto 6, que trata sobre Formas de Financiamento do Cooperativismo.