FERTILIZANTES: Ocesc defende interferência estatal para regular preços

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Depois de dois anos difíceis, 2005 e 2006, marcados pela perda de mercados externos, desajustes cambiais, estiagens, quedas nos preços do commodities e encarecimento dos insumos, o setor agropecuário brasileiro iniciava uma fase de recuperação em 2007, com bom nível de produção e de preços. Esse movimento, entretanto, está sendo anulado pelo abusivo aumento de preços dos fertilizantes e outros insumos da agricultura. Ao fazer esta avaliação, o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Neivor Canton, condenou o oportunismo das indústrias que elevaram seus preços entre 40% a 70% e tornaram inacessíveis os principais insumos.

Dólar em queda, mas preços altos – O presidente da Ocesc observa que 95% dos componentes dos fertilizantes são importados e, mesmo com o dólar em queda constante há mais de um ano, o preço final ao produtor rural não pára de aumentar. O dirigente asseverou que os produtores esperarão até o prazo-limite (junho/julho) para a aquisição de fertilizantes destinados ao preparo das lavouras e, se os preços não retornarem à normalidade, haverá redução desse insumo no plantio da safra 2007/2008. Além da interferência estatal para normalizar o mercado, o presidente da Ocesc defende o aumento da produção da indústria de fertilizantes da Fecoagro, pertencente às cooperativas agropecuárias de Santa Catarina.

Desestímulo - A Ocesc previa para 2007 um ciclo de recuperação do setor primário, com continuidade do crescimento das culturas que tiveram bom desempenho em 2006 e na recuperação do setor de grãos. Mesmo assim, o comprometimento financeiro dos produtores rurais intimida novos investimentos, mesmo que as expectativas do mercado de commodities sejam positivas. Canton mostra que o emprego de fertilizantes afeta diretamente o desempenho da agricultura. Lembra que o volume de fertilizantes empregados nas lavouras em 2006 atingiu os mesmos patamares de 2005, ou seja, 16,3 milhões de toneladas. A produção de calcário, em 2006, registrou queda de 14%. O mercado de defensivos foi o que mais sentiu a retração da agricultura brasileira. Além de absorver o maior percentual da dívida privada do setor, estimada em R$ 3,50 bilhões, encerrou o ano com redução das vendas do setor, ou seja, queda de 16,7% em relação a 2005, atingindo o valor de R$ 8,3 bilhões.

Redução da demanda - O presidente da Fecoagro Luiz Vicente Suzin, por sua vez, manifesta preocupação quanto a eventual redução de demanda dos fertilizantes neste ano, motivado pelo aumento dos preços. Ele disse que não acredita em redução de preços, haja vista que os fornecedores internacionais de matéria prima estão trabalhando com a tendência de aumento de demanda mundial de fertilizantes, por isso os preços subiram tanto. O dólar baixo não tem compensado as elevações da matéria prima no exterior. A preocupação é de que acabe faltando fertilizantes, pois os agricultores estão esperando baixar os preços e se eles não ocorrem, pode acabar ficando sem o fertilizante, pois está comprovado que a procura será maior e a produção dos adubos não tem crescido na mesma proporção, explicou Suzin, após participar de reunião com representantes de fornecedores internacionais de matéria prima. A Fecoagro, que mantém uma unidade misturadora de fertilizantes em São Francisco do Sul, está encontrando dificuldades de conseguir as matérias primas para processar as fórmulas das cooperativas, e isso é um sinal de que os preços podem subir mais, esclareceu o dirigente da entidade.

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