FERTILIZANTES: Importação despenca e melhora a balança

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A expressiva queda nas importações de adubos deverá diminuir o impacto da retração do agronegócio na balança comercial em 2009. A redução na aquisição de fertilizantes intermediários de outros países foi da ordem de 83,8% em fevereiro e no ano acumula queda de 87,6%, segundo dados divulgados pela Associação Nacional Para Difusão de Adubos (Anda). No primeiro bimestre do ano, as compras do produto recuaram de mais de 2,66 milhões de toneladas para os atuais 331,74 mil toneladas. 

Janeiro e fevereiro - De acordo com Eduardo Daher, diretor executivo da Anda, no mês de janeiro chegaram ao País apenas dois navios carregados de fertilizantes e em fevereiro mais quatro navios, um cenário bem diferente do ano passado em que em alguns períodos dois carregamentos de fertilizantes chegavam a atracar por dia no Porto de Paranaguá. Apesar da queda nas importações refletir um erro estratégico das empresas do setor, que formaram altos estoques a preços altos e viram a demanda se encolher, o cenário revela uma indústria doméstica com maior presença no mercado. "O câmbio protegeu um pouco a indústria nacional que está mais competitiva. Hoje temos uma Petrobras mais agressiva, que entrega caminhão por caminhão enquanto a Rússia realiza as entregas por navio, o que tem impacto muito grande nos custos, especialmente em um momento em que as compras estão sendo feitas de mão para boca", avalia Daher.

Retomada das importações - Para o executivo, o line up de navio para março deve aumentar muito pouco e uma e retomada das importações é prevista apenas para o segundo semestre. "A demanda deve começar a aquecer entre maio e junho, e os carregamentos chegam entre julho e agosto. Este ano o primeiro semestre de representar de 32% a 35% das compras de fertilizantes", disse. O volume de adubo entregue ao consumidor continua bastante inferior a quantidade entregue no mesmo período do ano passado. No entanto, Daher se diz satisfeito com o resultado de 2,73 milhões de toneladas vendidas até fevereiro porque isso significa que o setor deverá encerrar o trimestre superando em cerca de 1 milhão de toneladas a expectativa de vendas para o período.

Menos otimista - Menos otimista, José Sidney Gonçalves, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), não acredita num reaquecimento para o mercado de fertilizantes ao longo de 2009. "Dada a recessão de crédito, o produtor continua sem capital para fazer a safra seguinte", avalia. Para o pesquisador, o ritmo lento de compras deve continuar no longo prazo. "O padrão de financiamento que sustentou o boom das commodities no ano passado era baseado em um modelo no qual os exportadores vendiam e traziam crédito através de ACC - Adiantamentos de Contratos de Câmbio - e emprestavam internamente", diz Gonçalves. "Agora essas indústrias saíram do processo, prova de que elas mesmas têm a perspectiva que não terão condições de financiar seus clientes e já apostam numa safra menor".

Tempo - Para o pesquisador do IAC, levará um certo tempo para que exista um equilíbrio entre oferta de fertilizante e produtor capitalizado. "Esse ajuste será doloroso e demorado, vamos discutir isso até 2011", acredita. Fábio Silveira, da RC Consultores também aposta numa safra menor em razão da queda no saldo da balança comercial do agronegócio, prevista pela empresa de consultoria em 26%, para US$ 39 bilhões em 2009. "Isso vai enfraquecer o resultado do produtor e gerar uma demanda criteriosa por insumos e pode inibir o crescimento da próxima safra", disse. ( Diário do Comércio & Indústria)

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