FERTILIZANTES: Custo mais alto dos insumos pode reduzir área plantada

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A expectativa de que a tonelada dos fertilizantes na safra 2008/09 fique até 50% mais cara pode reduzir a área plantada e a produção de algumas culturas no País. Se valorização deste insumo chegar a estes patamares, o produtor de soja em Rondonópolis (MT), por exemplo, deverá ficar com um custo de produção em torno de 20% maior. De acordo com a AgraFnp, na safra 2007/08, em Rondonópolis, o produtor gastou R$ 1.100 por hectare só com o desembolso de capital, sem levar em conta a parte contábil e outros fatores como o índice de depreciação das máquinas utilizadas. Com esse cenário, Seneri Paludo, superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (Imea), afirma que a produção poderá ser prejudicada, principalmente se a logística for desfavorável, como é o caso de Mato Grosso. "Atualmente, os preços pagos ao produtor estão em um bom patamar. Mas se ocorrer uma inversão de custo, com preços pagos em baixa e custos em alta, a produção será prejudicada".

Custo de produção - Fábio Turquino Barros, analista da AgraFnp, diz que o fertilizante corresponde entre 35% e 40% no custo de produção da oleaginosa. Segundo ele, os preços desse insumo acompanham relativamente a evolução das cotações das commodities, que são impulsionadas pelo aumento da demanda mundial por alimentos. "Isso pode significar um aumento de custo significativo para a próxima safra no País", avalia. Entretanto, ele lembra que deve ser levado em consideração que outros produtos como fungicidas e herbicidas para agricultura convencional tiveram uma queda nos preços, o que pode amenizar os gastos.Em Goiás, onde o custo da produção da soja é de R$ 1.230 por hectare, na cidade de Rio Verde, de acordo com a AgraFnp, registrou-se um aumento de 23% da safra passada para a atual.

Aumento - De acordo com Alécio Maróstuca, presidente da Comissão de Grãos da Federação de Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), o custo da saca passou de R$ 26,00 na safra 2006/07 para R$ 32,00 na atual. "Na média, os produtores que venderam parte da safra antecipada para poder plantar, receberam R$ 27,00. Isso não cobre nem os custos", lamenta. Ele revela que o produtor está receoso e se o preço cair muito, pode haver uma redução de soja na próxima colheita no estado. Ele acrescenta que para o feijão irrigado, os fertilizantes subiram até 120%.

Gastos - Flávio Turra, gerente técnico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), revela que o custo médio de fertilizantes para a soja é de 12% no valor de cada saca. Somado aos defensivos, o custo sobe para 25,5%. "Isso sem contar os custos operacionais", avisa. Segundo a AgraFnp, o produtor de Cascavel gasta cerca de R$ 1.200,00 por hectare de soja plantado. Ele diz que a dependência externa em torno dos fertilizantes deve favorecer o aumento dos preços na próxima safra. "Em 2007, o País importou 67% da matéria prima utilizada. Para 2010, a expectativa é de 89%". Ontem (14/04), o indicador diário do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) para a soja, apontava o valor de R$ 44,70 para a saca (60 quilos), uma valorização de 4,49% em relação a março. (Gazeta Mercantil)

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