FERTILIZANTES: Agricultura não suporta elevação de preços

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“A agricultura paranaense deve mais de R$ 4,0 bilhões, incluindo o custeio da safra 2006/2007 e não suporta os reajustes de fertilizantes que estão sendo anunciados. Além de dívidas de Securitização, Pesa e Recoop que terão que ser pagas até 2025, os agricultores tiveram duas safras ruins e renegociaram diversas pendências, algumas com parcelas vencendo neste ano”. Essa afirmação foi feita hoje (30/03) pelo presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, em função dos reajustes dos preços de fertilizantes, que variam de 10 a 30%. Na avaliação da Ocepar, se o reajuste se concretizar, “não há condições para o produtor usar tecnologias de forma adequada, pois há muitas dívidas a serem pagas”, frisou Koslovski.

Só em custeio da safra 2006/2007 os produtores devem mais de R$ 1,8 bilhão de custeio ao Banco do Brasil. E até o final deste ano vence a primeira das cinco parcelas das dívidas renegociadas referentes à safra 2005/2006. Ainda há parcelas a serem pagas dos programas Pesa, Securitização e Recoop, além de dívidas fora do crédito rural renegociadas diretamente com fornecedores ou outros agentes financeiros nos anos 2005 e 2006. O presidente da Ocepar afirmou que num ano de safra regular e preços razoáveis o produtor prioriza o pagamento das dívidas.

Tabela 1 – Resumo dos compromissos dos produtores rurais em 2007

Origem do débitoCompromissos para cumprir em 2007

1. Dívidas antigas:  Pesa, Securitização e Recoop
Parcela de 2007

2. Financiamentos com recursos de crédito rural:
·             Investimentos...................................................
·             Custeio da safra 2004/05 Prorrogado............
·             Custeio da safra 2005/06 Renegociado..........
Parcela de 2007
Parcela de 2007
Parcela de 2007

3. FAT Giro Rural  safra 2004/05Parcela de 2007

4. Custeio da Safra 06/07Totalidade dos débitos

Fonte: Ocepar

Redução no uso de tecnologias
A redução no uso de tecnologias é uma opção de muitos agricultores diante da elevação entre 15 a 30% nos atuais preços dos fertilizantes em relação a janeiro e fevereiro. O fato de essa decisão representar uma menor produtividade não preocupa os agricultores que não se conformam em pagar esse reajuste considerado exagerado nos formulados. “É pura especulação. A paridade do dólar em relação ao real não justifica isso”, afirma o gerente de fertilizantes da cooperativa Integrada, com sede em Londrina, Massame Ozawa. Enquanto que os representantes das indústrias argumentam que o agricultor está tendo uma boa safra e que por isso pode pagar mais pelos fertilizantes, Ozawa lembra que “eles vêm arrastando dívidas há três anos” e que, por isso, a redução no uso de fertilizantes será uma realidade.

Argumentos da indústria
A inundação de minas de fertilizantes na Rússia, o aumento da demanda principalmente na China e Índia e a perspectiva de aumento da área de milho nos EUA para a produção de etanol são alguns dos principais argumentos das indústrias. Outra explicação para o aumento nos preços foi a safrinha de milho, que deve ter uma colheita até 20% maior neste ano em relação ao passado, podendo chegar a 4,5 milhões de toneladas. O aumento da procura por fertilizantes para o milho num momento de otimismo teria contribuído para o reajuste dos preços dos fertilizantes.

O diretor executivo da Fecoagro – Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado de Santa Catarina, Ivan Ramos, o momento não é bom para o setor. Com uma indústria de Fertilizantes em São Francisco com capacidade de fornecer até 50% do fertilizante consumido pelas cooperativas associadas, a Fecoagro acompanha com preocupação os reajustes dos preços que, em algumas matérias primas, chegou a 100%. “Historicamente os preços dos fertilizantes acompanharam os grãos, há uma indexação”, observa Ivan Ramos.

As alterações nos preços dos fertilizantes foram notadas a partir de outubro. Isso fez algumas cooperativas arriscarem na compra antecipada de parte dos fertilizantes necessários para a safra que só será plantada após o inverno, entre as quais a Lar, de Medianeira. O responsável pelo setor, Omilson dos Reis, disse que as novas compras são feitas com o compromisso dos associados e amparadas pelos fornecedores. “Vai ser um ano complicado”, afirma Omilson. Apenas na cooperativa Lar deve fornecer cerca de 100 mil toneladas de fertilizantes aos seus associados neste ano, contra 96 mil toneladas em 2006.

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