FATURAMENTO DO SETOR NO PARANÁ CHEGA A R$ 7,8 BILHÕES EM 2001

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04 de Janeiro de 2002 - O crescimento de 17% do setor cooperativo paranaense se deve principalmente a três fatores: a vantagem cambial conseguida com o real desvalorizado em relação ao dólar (favorecendo as exportações), ao desempenho da agricultura paranaense (que deve fechar o ano com 23,9 milhões de toneladas, 45,7% a mais que na safra passada), e a maturação dos investimentos em infra-estrutura e em agroindustrialização, em especial no segmento de carnes.

?Foi um bom ano?, comemora José Roberto Ricken, diretor-executivo da Ocepar, prevendo para 2002 mais um período de expansão para o setor. ?Os investimentos que as cooperativas fizeram para agregar valor aos produtos se mostraram certeiros?, declara, contente com o crescimento do mercado, principalmente o externo. ?As commodities ainda continuarão sendo o nosso forte, mas está muito claro para todos que a agroindustrialização não só garante mais valor ao produto como faz a renda no campo aumentar, porque os investimentos retornam ao produtor?, explica.

Ele lembra que, no final do ano passado, muitas cooperativas já tinham antecipado as sobras de seus resultados. Em dezembro, a Cooperativa Agropecuária Mourãoense (Coamo), de Campo Mourão, Centro-Oeste do Paraná, distribuiu R$ 10 milhões a seus associados.

Segundo Ricken, as cooperativas vão prosseguir nos investimentos em infra-estrutura e na agroindústria. Levantamento da Ocepar realizado no final do ano passado informa que elas vão investir R$ 480 milhões a partir deste exercício, boa parte (R$ 180 milhões) no segmento de carnes, majoritariamente em unidades de aves e suínos. ?Transformar grãos, de menor valor agregado, em proteínas, é uma das melhores formas de aumentar o valor da produção primária?, afirma Koslovski.

Por conta da vantagem cambial, não só as exportações de produtos agroindustrializados cresceram. O Paraná exportou no ano passado 6 milhões de toneladas das 7 milhões de toneladas colocadas no mercado externo pelo Brasil. Ajudou muito neste resultado o desempenho da safra paranaense, que chegou a 23,9 milhões de toneladas de grãos (45,7% maior que em 2000 e 23,2% superior à safra recorde de 19,4 milhões de toneladas obtida no exercício 98/99), um quinto da produção brasileira de 97,8 milhões de toneladas.

Com 95 mil integrantes, as cooperativas de crédito existentes no Estado contribuíram para o setor cooperativista ganhar novo impulso. Segundo Koslovski, elas fecharam o ano com um crescimento histórico de 80% no volume de recursos administrados. Em novembro último, as 29 cooperativas integrantes do Sicredi geriram R$ 324 milhões - R$ 400 milhões, se somados os recursos das instituições de crédito independentes.

A expansão do setor agropecuário pode ser medida pela performance das cooperativas espalhadas por todas as regiões do Estado. A Cooperativa Agroindustrial Lar, de Medianeira, Oeste paranaense, encerra 2001 com crescimento de 31% no faturamento, saltando de R$ 256 milhões no exercício passado para R$ 335 milhões em 2001. E a previsão é superar esta marca este ano, quando estima chegar a uma receita de R$ 410 milhões, segundo informa seu presidente, Irineu da Costa Rodrigues.

Os resultados foram tão bons que a cooperativa suspendeu a cobrança da taxa de recepção de 1% a partir de dezembro e de todo o ano de 2002. A decisão pode ser definitiva, dependendo da resposta do cooperado. O Conselho de Administração também resolveu devolver a taxa descontada de janeiro a novembro de 2001, numa maneira que a cooperativa encontrou para premiar a fidelidade dos associados.

Apostando na agregação de valor dos produtos primários, a Lar pretende investir R$ 31 milhões este ano, parte significativa dos recursos em infra-estrutura. Está erguendo obras em quatro locais: um novo conjunto de moegas na planta industrial de soja em Céu Azul, uma outra unidade de recebimento de cereais em Itaipulândia, a implantação de novos equipamentos no complexo mandioqueiro de Missal, e ainda começará as instalações da área de rações em Santa Helena. A cooperativa também vai implantar suas unidades matrizeira e incubatória de pintainhos e de produção de leitões - esta última em Itaipulândia, com capacidade para 2,5 mil matrizes.

No noroeste do estado, a Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá (Cocamar) prevê faturar R$ 500 milhões em 2001, 27% a mais que a receita de R$ 394 milhões obtida no ano anterior. Pioneira na introdução de projetos de diversificação agrícola no Paraná, a Cocamar começa o atual exercício com investimentos consolidados de R$ 8,2 milhões, feitos no último semestre para implantar novas unidades industriais e de armazenamento.

A expansão dará condições para aumentar o faturamento de R$ 80 milhões conseguido no varejo para R$ 120 milhões, segundo informa Celso Carlos dos Santos Júnior, superintendente comercial e industrial da Cocamar. Assim como as demais, a cooperativa investe na agroindústria e no varejo, que já responde por 16% de sua receita. A Cocamar ampliou sua unidade de refino de óleos vegetais. A refinaria tem agora uma capacidade para processar 420 toneladas, 220 toneladas a mais que a produção anterior. Neste semestre, a cooperativa lança sua planta produtora de maionese de canola, que já vinha sendo vendida no mercado com sua marca mas ainda processada por terceiros.

Em Cascavel, a Cooperativa Agropecuária Cascavel (Coopavel) deve fechar seu balanço anual neste trimestre com previsão de faturar R$ 390 milhões - 20% a mais que os R$ 327,4 milhões registrados no último exercício. A Coopavel deverá também alcançar um aumento de 100% nas exportações de carnes de frango e derivados de soja, e movimentar 550 mil toneladas de grãos, 52% a mais que as 362 mil toneladas da safra passada, segundo revela seu presidente, Dilvo Grolli.

O crescimento é resultado principalmente dos negócios feitos com produtos de valor agregado. Na segunda metade dos anos 90, a cooperativa investiu US$ 15 milhões em um frigorífico de carne de aves. A planta, que inicialmente abatia 50 mil frangos, está operando atualmente com 150 mil cabeças diárias, sua capacidade máxima, depois de ter passado o último ano com uma média de 135 mil unidades/dia.

Quarenta por cento da produção de frangos estão sendo destinados para o exterior. Aproveitando a vantagem cambial, a Coopavel aumentou suas exportações no complexo soja (farelo e óleo), e insistirá nos projetos agroindustriais: este ano, inaugura seu segundo frigorífico para carne suína, um investimento de US$ 25 milhões dirigido principalmente para as exportações. A unidade terá capacidade para 1,5 mil cabeças por dia. A Coopavel ainda aumentou as exportações de milho, vendendo 40 mil toneladas das 250 mil toneladas movimentadas este ano em seus armazéns. (Fonte: Gazeta Mercantil/ Edição Sul ? Jornalista Newton Chagas)

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