EXPEDIÇÃO SAFRA: Tecnologia e diversificação

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Uma cooperativa de cana que ganha dinheiro plantando amendoim. São mais de 13 mil hectares e um faturamento de R$ 85 milhões, resultado que supera inclusive o da soja e do milho, que, juntos, rendem R$ 30 milhões. O que dizer então do produtor que contraria a vocação de grãos da sua região e planta 300 hectares de abóbora. São 4,8 mil toneladas e uma receita superior a R$ 1,5 milhão por safra. Os dois exemplos, da Coplana, cooperativa de plantadores de cana com sede em Guariba, interior de São Paulo, e o do produtor João Alves da Fonseca, o João Abóbora, de Paracatu, Minas Gerais, ilustram a diversificação e as peculiaridades do agronegócio nas regiões Sudoeste e Central do Brasil, percorridas pela Expedição Safra RPC na última etapa do trabalho de campo no ciclo 2008/09.

Tecnologia - Mas São Paulo, Minas Gerais e Goiás ainda guardam outra importante referência, a da tecnologia. São estados que concentram uma das maiores infraestruturas de irrigação do país. Não por acaso, mas para garantir qualidade e eficiência às lavouras de café e, principalmente, à produção de sementes de milho. A utilização dos pivôs, no entanto, vai muito além dessas duas culturas. Para produzir o ano todo numa região em que não chove de abril a agosto, a irrigação é indispensável. Controlando a "chuva", os agricultores também conseguem cultivar cebola, batata, laranja, tomate, milho para conserva e alho, sem falar dos grãos tradicionais, como milho, soja e trigo, diz o agrônomo Alécio Maróstica, paranaense que mora e trabalha em Cristalina, Norte de Goiás.

Processo em cadeia - A diversificação é um processo em cadeia. No Sudoeste de Goiás, no entorno de Rio Verde, a transformação de grãos em carne de aves e suínos amplia a estrutura do agronegócio e resolve em parte os problemas de escoamento, na medida em que reduz o volume a ser transportado. Nessa região, assim como no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba, outra vantagem é a logística. São áreas que estão a menos de mil quilômetros de grandes centros consumidores, como São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Mas a tecnologia, que aumenta o custo de produção, é mais do que opção, é uma necessidade desses produtores. Numa região de solo com estrutura frágil e baixa fertilidade, sem irrigação, adubação pesada e informação, a aventura de plantar torna-se ainda mais arriscada.

Na reta final - Depois de rodar 16,5 mil quilômetros pelo Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e nos Estados Unidos, a Expedição Safra encerra a segunda fase do trabalho de campo. Na primeira etapa, no início do ciclo, foram 9,4 mil quilômetros. Do início ao final da safra 2008/09, de setembro a março, são quase 26 mil quilômetros. Os técnicos e jornalistas fazem agora a tabulação dos dados, para apontar o tamanho da safra no Paraná. O objetivo principal é dimensionar o estrago feito pela estiagem. Os dados finais serão apresentados em um seminário técnico, que ocorre em 4 de abril, na Exposição Agropecuária de Londrina, Norte do Paraná. Em janeiro, a Secretaria da Agricultura (Seab) e as cooperativas divulgaram dados de quebra entre 24% e 29%. O número da Expedição deve ficar entre 20% e 25%. (Expedição Safra / Gazeta do Povo)

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