EXPEDIÇÃO SAFRA III: Soja deve determinar a renda

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A soja foi a principal aposta e não decepcionou o produtor de grãos tanto quanto o milho ou o feijão, mesmo nas áreas mais atingidas pela seca. Em dezembro, muitas lavouras pareciam perdidas. Mas a chuva que chegou a partir do Natal permitiu a recuperação de grande parte das lavouras. No final das contas, a produção foi 20% menor que o esperado e 15% abaixo da registrada no ano passado, conforme a avaliação dos técnicos da Expedição Safra RPC.

Mais espaço - Ao contrário do milho, que teve a área reduzida em 300 mil hectares (2,2%), a soja ganhou espaço. Foram plantados 100 mil hectares (2,5%) a mais que na safra 2007/08, fechando 4,1 milhões de hectares. Mas a produtividade média caiu de 2,97 mil para 2,45 mil quilos por hectare. A previsão inicial era de 3,05 toneladas por hectare, daí o rendimento 20% menor.

Cafeara - A seca começou em 12 de novembro e foi até 31 de dezembro (50 dias) na propriedade de Paulo Roberto de Guerra Carvalho, em Cafeara (Norte), que plantou 265 hectares de soja. O ano novo, no entanto, trouxe chuvas isoladas, que aos poucos foram matando a sede da plantação. Em relação à expectativa inicial, a produção apresentou queda de 30%, segundo o produtor. No entanto, sua média não foi nada ruim: 3 toneladas por hectare. A adoção da integração lavoura-pecuária ajudou a compensar a falta de água, concluiu. Ele faz rodízio entre áreas de pastagem e de soja, num sistema que desenvolveu especialmente para as características de sua propriedade.

Insumos - Os 20% de quebra na propriedade de Mylton Casaroli pesaram mais por causa do custo elevado dos insumos, relata. A produção em si foi boa. Com 2,7 toneladas por hectare em média, tenta vender nas melhores cotações para elevar sua renda. As oscilações têm sido pequenas nos últimos três meses, com a saca a R$ 44,50 na média estadual. Quem vende a R$ 40, tem margem de 30% se considerar apenas o custo variável, mas apenas empata o investimento se levar em conta o custo total - que inclui depreciação e manutenção de máquinas. Assim, nem sempre se consegue compensar as perdas no milho ou no feijão. "Plantei apenas soja no verão e, por isso, estou mais tranquilo", diz Casaroli.

Recuperação - A soja se recuperou bem graças às chuvas tardias e as perdas foram menores do que os próprios produtores esperavam, avalia o secretário estadual da Agricultura, Valter Bianchini. O Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná prevê quebra de 17% na produtividade e 16% na produção, na comparação com a safra passada. Para Bianchini, as lavouras que ainda serão colhidas - um terço da soja e do milho ainda está no campo - não vão alterar as estatísticas. "Devem manter o índice de quebra entre 15% e 17% na soja e de até 37% no milho. Estão na média desta safra."

Enchimento dos grãos - O fato é que a seca do fim do ano passado bagunçou o plantio, atrasou o desenvolvimento das plantas, prejudicou o enchimento dos grãos, principalmente das variedades precoces, e deixou o setor com uma série de dúvidas, que só se desfizeram com o avanço da colheita. Segundo o Deral, 55% do milho e 60% da soja que ainda serão colhidos apresentam bom estado. (Caminhos do Campo/Gazeta do Povo)

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